• Nenhum resultado encontrado

Portugal, desenvolveu um estudo no qual patenteia toda a sua bibliofilia, enveredando por um esforço descritivo, de caráter erudito, intitulado A emprensa em Portugal nos séculos XV e XVI: as colecções de el-rei D. Manuel. No ano de 1921, António Baião debruçou-se sobre a Inquisição em Portugal e no Brasil: subsídios para a sua História. Em 1924, Francisco de Sousa Viterbo também apresentou um estudo essencialmente informativo, eximindo-se a evidenciar um aparato crítico minimamente sustentado. O seu trabalho intitula-se O movimento tipográfico em Portugal no século XVI: apontamentos para a sua História e pode ter imensa relevância se for concretizado futuramente um itinerário que conduza a um ainda mais alargado e aturado estudo sobre o catálogo da Tipografia portuguesa do séc. XVI nas colecções da Biblioteca Pública Municipal do Porto. Tanto o investimento intelectual de Brito Aranha como o labor afim de Francisco de Sousa Viterbo e ainda de António Baião parecem inscrever-se numa fase pré ou proto-científica da historiografia incidente sobre o livro antigo. A partir da segunda metade do século XX, a exemplo do que acontecera relativamente aos catálogos e bibliografias anteriormente inventariados, os estudos académicos que escolheram impressos quinhentistas como objeto patenteiam um profissionalismo mais vincado e uma rigorosa crítica de fontes. Os trabalhos de Justino Mendes de Almeida, José Vitorino de Pina Martins (brevemente referido no subcapítulo 3.2 deste trabalho, a propósito de catálogos e bibliografias) e Artur Anselmo exibem uma cuidada exegese de teor filológico, aprofundando temáticas de cariz literário e cunho humanístico. No mesmo sentido, são relevantes os estudos de Jorge Alves Osório, importantes para a História da Literatura e da Cultura.

No âmbito da história tout court cumpre destacar os estudos muito diferentes de Jorge Borges de Macedo, Manuel Cadafaz de Matos e João José Alves Dias. Enquanto o primeiro se debruça sobre os Livros impressos em Portugal no século XVI, procurando salvaguardar os respetivos interesses e formas de mentalidade, numa perspetiva essencialmente panorâmica, pedagógico-didática e patrimonial, o segundo e o terceiro historiadores parecem mais preocupados em pôr em prática um rigor crítico, exegético-filológico, incidente essencialmente sobre fontes primárias, cujas proveniências e autenticidade são averiguadas exaustivamente. Este perfil maioritário não desviou Alves Dias de intuitos relacionados com a preservação do livro antigo e a História da Cultura, detendo-se, numa das suas obras, sobre a Iniciação à bibliofilia, incentivando-a e promovendo-a. No que respeita à História da Espiritualidade, convém evidenciar o pioneirismo e o extenso labor de José Adriano Freitas

de Carvalho, que alia o rigor histórico-crítico a uma hermenêutica dos textos literários, patenteando aprofundados conhecimentos de caráter teológico.

O trabalho de João Francisco Marques possui caraterísticas semelhantes, detendo-se sobre a parenética e a hagiologia. No que tange às dissertações de mestrado, convém sublinhar, entre outras, a investigação de Paula Pereira, sugestivamente intitulada O Livro antigo: aspectos materiais e artísticos, obra publicada em 2004 e que parece constituir um esforço pioneiro, incidente sobre a temática escolhida, ao nível das teses académicas. No mesmo ano, surgiu a tese de mestrado de José Jorge David de Freitas Gonçalves intitulado: Em torno dos impressores de nome de Manuel de Carvalho: notas para o estudo da tipografia no século XVII . Em 2006, Ana Catarina Fonseca concluiu a sua dissertação de mestrado, intitulada O censor literário na Época Moderna: o perfil do revedor de livros ao serviço do Santo Ofício (1580-1640). No que respeita a obras de referência é impossível ignorar o trabalho inovador, minucioso e exaustivo de Maria da Graça Pericão e Isabel Faria, que desenvolveram um instrumento de consulta erudito, bem organizado e prenhe de uma orientação teórico-crítica. Trata-se do Novo dicionário do livro da escrita ao multimédia, obra que colmata uma lacuna verificada em trabalhos afins.

Fora do âmbito estritamente académico, cumpre sublinhar a dedicação e labor de editor Fernando Guedes, que publicou em 1968 a obra intitulada O livro como Tema: História Cultura e Indústria, aproveitando a sua experiência profissional e os conhecimentos nela adquiridos, não se limitando a tratar tematicamente a edição de livros, relacionado-a com a respetiva História e cultura.

Em seguida, apresenta-se uma listagem dos estudos acerca do livro antigo incidentes sobre o século XVI

ALMEIDA, Justino Mendes de – Fidelino de Figueiredo: a épica portuguesa no século XVI. Coimbra: [Coimbra Ed.], 1950.

ANSELMO, Artur – Camões e a censura editorial: Braga: Barbosa & Xavier, Lda Editores, 1982. Idem – História da edição em Portugal. Porto: Lello &Irmão, 1991.

Idem – Origens da imprensa em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1981. ARANHA, Pedro Venceslau de Brito – A imprensa em Portugal nos séculos XV e XVI: as Ordenações d’el-Rei D. Manuel. Lisboa: Imprensa Nacional, 1898.

BAIÃO, António – A Inquisição em Portugal e no Brasil: subsídios para a sua História, Lisboa: Arquivo Histórico Português, 1921.

BLUTEAU, Rafael – Vocabulario portuguez e latin. Lisboa, 1712-1728.

CARVALHO, José Adriano de Freitas – Das edições de S. Boaventura em Portugal nos séculos XVI, XVII e XVIII: semântica de uma influência na História da Espiritualidade portuguesa. In separata de Archivo Ibero-Americano, t.XLVII, 1987, nº 185-188, pp. 131-159. [s.l.:s.n.], 1987. Idem – Erudição e espiritualidade no século XVI em Portugal: nótula da imagem da vida Cristã de Fr. Heitor Pinto. In separata do volume O Humanismo Português (1500-1600) – Primeiro Simpósio Nacional, pp. 653-681. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa, 1988. Idem – Gertrudes de Helfta e Espanha: contribuição para o estudo da História da Espiritualidade peninsular nos séculos XVI e XVII. Porto: Instituto Nacional de Investigação Científica. Tese de Doutoramento em História (Policopiada).

Idem – Lectura espiritual en la Península Ibérica (siglos XVI-XVII): programas, recomendaciones, lectores, tiempos y lugares. Salamanca: Semyr, 2007.

Idem – Os Estudos bibliográficos sobre a Literatura e a História da Espiritualidade em Portugal. Porto, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1989. CRUZ, Manuel Braga da – Um “Camões” em Braga no século XVI. [Braga]: Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural, [1981].

CUNHA, Margarida – Como se vestem os livros: as encadernações portuguesas. Lisboa: BN, 1999 DESLANDES, Venâncio – Documentos para a História da typografia portugueza nos séculos XVI e XVII. Lisboa, 1898.

DIAS, João José Alves – Iniciação à bibliofilia. Lisboa: Associação de Portuguesa de Livreiros Alfarrabistas.

Idem – Craesbeeck: uma dinastia de impressores: elementos para o seu estudo. Lisboa: Associação de Portuguesa de Livreiros Alfarrabistas, 1996.

Idem – A primeira impressão das Ordenações Manuelinas, por Valentim Fernandes. Lisboa: Colibri, 1995.

FARIA, Isabel; PERICÃO, Maria da Graça; SANTOS, Maria Lucinda Tavares dos – Livro antigo: Museu de Aveiro. Aveiro: Museu, 1999.

FEIO, Alberto – Obras desconhecidas ou imperfeitamente descritas, impressas em Portugal no éculo XVI. Braga: Biblioteca Pública, 1995.

FONSECA, Ana Catarina Lopes da – O censor literário na Época Moderna: o perfil do revedor de livros ao serviço do Santo Ofício (1580-1640). Lisboa: [s.n.], 2006. Tese de Mestrado (Policopiada).

GONÇALVES, José Jorge David de Freitas – Em torno dos impressores de nome de Manuel de Carvalho: notas para o estudo da Tipografia no século XVII. Lisboa: [s.n.], 2004. Tese de Mestrado (Policopiada).

GUEDES, Fernando – O livro como tema; história, cultura, indústria. Lisboa: Verbo, 1968. LIMA, Matias – A encadernação em Portugal: subsídios para a sua história. Gaia: Edições Pátria, 1933.

MARQUES, João – O livro religioso, em particular do âmbito da parenética e hagiologia do século XVI da Biblioteca Pública do Porto. In separata de Revista de História, 3.ª série, vol. 11, 2010, pp. 293-303. Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras, 2010.

Idem – A palavra e o livro: o livro religioso. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000.

MARTINS, José Vitorino de Pina – O livro português no reinado de D. Manuel I. Lisboa: [s.n.], 1970. Idem – Catálogo da exposição bibliográfica, econográfica e medalhística de Camões. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1972.

MACEDO, Jorge Borges de – Livros impressos em Portugal no século XVI: interesse e formas de mentalidade. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian, 1975.

MADAHIL, António Gomes da Rocha – Subsídios para mais completa investigação da bibliografia do século XVI. In Boletim Internacional Luso-Brasileira. Lisboa: [s.n.], 1961. MARQUES, Armando de Jesus – Livros do século XVI de autores ou prelos portugueses existentes na Real Biblioteca de el Escorial. [s.l.: s.n., s.d.].

MARQUES, José – Bibliografia mariana portuguesa do século XVI. Saragoça: [s.n.], 1979. MARTINS, Isaltina das Dores Figueiredo – Bibliografia do humanismo em Portugal no século XVI. 1.ª ed. Coimbra: Inst. Nacional de Investigação Científica, 1986.

O Livro impresso e o manuscrito coexistem: o surto do livro impresso. Lisboa: Inapa, 1992. MARTINS, Maria Teresa Esteves Payan – A censura literária em Portugal nos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2005. Idem – Livros clandestinos e contrafacções em Portugal no século XVIII. Lisboa: [s.n.], 1995. Tese de Mestrado (Policopiada).

MARTINS, Maria Teresa Esteves Payan; VALENTE, Manuel Monteiro Guedes (ed. lit.) – Estudos de Homenagem ao Professor Doutor Artur Anselmo. Coimbra: Almedina, 2008. MATOS, Manuel Cadafaz – A tipografia portuguesa e a iconografia do livro europeu na fase áurea da Expansão: 1480-1563. In separata do Colóquio Comemorativo do IV Centenário da Morte de Dom Frei Bartolomeu dos Mártires, pp. 63-98. [Coimbra: s.n.], 1992.

Idem – A obra de Frei Bartolomeu dos Mártires numa óptica bibliográfica, no Portugal europeu e no Oriente: 1564-1596. [Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 1991?].

Idem – O caixotim, o carater móvel e a prensa ao serviço da Bíblia: um século áureo da cultura tipográfica de Lisboa ao padroado português do Oriente: 1495-1595. In separata da Revista da Faculdade de Letras, n.º 13-14, 5.ª série, 1990, pp. 280-302. Lisboa: Universidade, 1990, Idem – A tipografia de expressão cultural portuguesa no Oriente nos séculos XVII e XVIII: Índia, China e Japão. Lisboa: [s.n.], 1990. Tese de Mestrado (Policopiado).

Idem – Para uma história da imprensa e da censura em Portugal nos séculos XIV e XVI. In separata do boletim do arquivo da Universidade de Coimbra, vol. VIII, 1.ª parte, pp. 259-285 Coimbra: Arquivo da Universidade, 1986.

OSÓRIO, Jorge Alves – Sobre a organização do livro I da compilação das obras de Gil Vicente: 1562. In separata de Máthesis, 4, 1995, pp. 35-48. Viseu: Universidade Católica, Faculdade de Letras, 1995.

Idem – Algumas considerações sobre a Crónica do Imperador Clarimundo. In separata da Faculdade de Letras, n.ºs 13-14, 5.ª série, 1990, pp. 145-155. Porto: Faculdade de Letras, 1990. Idem – Os primeiros textos em latim de propaganda da expansão portuguesa: séculos XV- XVI. In separata do 4.º vol. das Actas do Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua época, Porto, 1989, pp. 533-545. Porto: Comissão Nacional para os Descobrimentos Portugueses, 1989.

Idem – Anotações sobre o Cancioneiro Geral de Resende. In separata de Máthesis, vol. 15, 2006, pp. 169-195. Viseu: Universidade Católica Portuguesa, Departamento de Letras, 2006. Idem – A compilação de 1562 e a fase manuelina de Gil Vicente. In separata da Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, II série, vol. XIX, pp. 211-233. Porto, 2002. PEREIRA, João Figueiredo; FERREIRA, José Vicente – O valor do livro antigo em Portugal; pref. José João Alves Dias. Lisboa: Suporgest, 2006.

PEREIRA, Paula Alexandra Costa Leite Pinto – O livro antigo: aspectos materiais e artísticos . Lisboa: [s.n.], 2004. Tese de Mestrado (Policopiada).

PORTUGAL. Biblioteca Nacional – A propósito do V centenário do livro impresso em Portugal: 1487-1987: actas: colóquio sobre o livro antigo; org. Comissão Executiva das Comemorações do V Centenário do Livro Impresso em Portugal. Lisboa: BN, 1992.

Idem – Timor do século XVI ao século XX: no Ano do IV centenário de Camões de 10 a 30 de Maio. Lisboa: BN, 1980.

Idem – Macau: letras e artes do século XVI ao século XX. Lisboa: BN, 1979.

PORTUGAL. Rei, 1495-1521 – Ordenações Manuelinas; pref. João José Alves Dias. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova, 2002.

SAMPAIO, Albino Forjaz de – A tipografia portuguesa do século XVI. Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, 1932.

UNIVERSIDADE AUTÓNOMA. Departamento de línguas, literaturas e tradução – Catálogo da exposição de trabalhos de estudos camonianos; pref. Justino Mendes de Almeida. Lisboa: Universidade Autónoma de Lisboa, 2000.

UNIVERSIDADE DO PORTO. Centro Inter-Universitário de História da Espiritualidade – Da memória dos livros às bibliotecas da memória; dir. José Adriano de Carvalho. Porto: C.I.H.E; Instituto de Cultura Portuguesa, 1998.

De imediato apresenta-se algumas definições, mormente as de Património Bibliográfico e fundo antigo, fundamentais para entender os catálogos inventariados e, no caso vertente, o instrumento heurístico intitulado Tipografia Portuguesa do Séc. XVI nas Colecções da Biblioteca Pública Municipal do Porto.

3.5. Definições biblioteconómicas indispensáveis para a construção de Catálogos sobre