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2 OBJETO DO ESTUDO – O ARTISTA E SUA

2.4 O LOCAL DE GUARDA DA OBRA

Após sua aposentadoria como professor, por meio de convênio estabelecido em 1974 entre a Prefeitura Municipal de Florianópolis e a Universidade Federal de Santa Catarina, Cascaes passou a trabalhar no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, quando se inicia o processo de institucionalização de sua obra e a concretização de seu desejo perseguido por muitos anos. A doação de sua obra aconteceu em 1981, e a transferência total de seu acervo ao museu, com sua morte em 1983.

A armazenagem em seu ateliê e no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, mesmo após sua vinda para a UFSC, era realizada de forma precária, em prateleiras de madeira; as esculturas permaneciam na vertical (Figuras 14 e 15). Essa posição era inadequada, resultando numa série de danos e fraturas de maior ou menor proporção, causados pelo manuseio inadequado realizado por profissional não especializado, e por acidentes; algumas obras, inclusive, com perda expressiva de material original e de forma irreversível

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Figura 14 - Fotografia datada no verso, 1978, ilustrando a forma de armazenagem das esculturas no ateliê do artista, localizado em sua casa na Rua Júlio Moura, 31 – Centro de Florianópolis – SC

Fonte: Acervo do Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral da UFSC.

Figura 15 - Fotografia de Cascaes e o artista Hassis; no fundo da imagem é possível observar a forma como eram armazenadas as esculturas antes da construção da reserva técnica no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral da UFSC, 1978

Fonte: Acervo do Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral da UFSC.

Com a construção da Reserva Técnica em 1995/1996, a Instituição inicia sua política visando à preservação dos acervos, implementando sucessivas ações de conservação e melhoria em relação às condições de guarda. No início as esculturas foram mantidas nas mesmas estantes de madeira. Posteriormente foram, então, colocadas em estantes de metal, com prateleiras levemente inclinadas, com abas na parte inferior, acomodadas na horizontal e sobre uma camada de proteção em isopor. Entretanto, essa maneira de acondicionamento ainda não era a mais adequada, pois as peças estavam sujeitas ao impacto com o metal da parte inferior durante o manuseio, exigindo mais cuidados ainda na sua manipulação (Figura 16, A, B).

Figura 16 (A, B): Fotografias da armazenagem das esculturas na reserva técnica (1999) e após substituição por mobiliário de metal Fonte: Gelci José Coelho e Acervo do Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral da UFSC.

A reserva técnica em que se encontra armazenado o acervo objeto desta pesquisa está localizada na lateral esquerda e aos fundos do novo pavilhão de exposição, atualmente em construção. Trata-se de um espaço de segurança, destinado à guarda do acervo que não se encontra disponível em exposição, com acesso restrito aos profissionais da divisão de museologia, principalmente aos profissionais responsáveis pela conservação do acervo e que também disponibilizam o acervo para pesquisa. A reserva técnica foi construída para abrigar o acervo do Museu, pois as áreas expositivas e demais dependências seriam demolidas para dar lugar ao novo pavilhão expositivo (Figura 17).

Figura 17 - Fotografia do processo de demolição dos antigos espaços de exposição do Museu, hoje ocupado pelo novo Pavilhão

Fonte: Acervo do Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral da UFSC.

A reserva técnica é constituída de edifício térreo e independente. Possui uma área total de aproximadamente 180 m2, com pé direito de 2,90 m. Devido à proximidade com a edificação do novo pavilhão de exposição, todo o edifício da reserva técnica passou a não receber incidência de luz direta, limitado a poucas horas no período da manhã (Figuras 18 e 19, A, B).

Figura 18 - Planta baixa da reserva técnica Fonte: Engenheira Silvana Guizoni Tavares.

Figura 19 (A, B) - Fotografia da área interna, da esquerda para direita, reserva técnica, com área de ligação entre os espaços e novo pavilhão de exposição e vista externa

Fonte: Acervo da autora da pesquisa, 2010.

A área da reserva técnica está subdividida em três ambientes, sala de acesso, sala de conservação e espaço de armazenagem. O espaço de armazenagem está constituído por seis mapotecas que abrigam as

obras em papel, objetos pessoais de Franklin Joaquim Cascaes e coleções de Rendas; três armários deslizantes, que armazenam as esculturas de Franklin Joaquim Cascaes, arqueologia, etnologia indígena e cultura popular, além da documentação museológica do acervo (Figura 20).

Figura 20 - Fotografia da área interna da reserva técnica e mobiliário de armazenagem das esculturas Fonte: Acervo da autora da pesquisa, 2010.

As aberturas estão localizadas na parte superior da parede e em toda a extensão. Nas salas onde os acervos se encontram armazenados, para impedir a entrada de partículas e poluentes atmosféricos, permanecem sempre fechadas. Para vedar a entrada de luminosidade pelas portas e janelas, estas estão protegidas por cortinas tipo black-out. Para movimentação do ar encontram-se instalados ventiladores de teto.

O sistema de segurança é constituído por grades de ferro, fixadas na parte externa das janelas, pantográficas instaladas nas duas portas de acesso, alarmes com sensor de presença, detectores de fumaça e extintores de incêndio.

Em 2004, com a execução do Projeto de Conservação- Restauração das Esculturas, adotaram-se novas medidas; as prateleiras das estantes passaram a ser colocadas totalmente na horizontal; as abas de metal, removidas; e o revestimento de proteção foi substituído por

ethafoan29. Num outro momento, as esculturas foram transferidas para um armário fechado do tipo deslizante, mantidas na horizontal sobre proteção e com apoio nas partes mais frágeis e delicadas (Figura 21).

Figura 21 - Fotografia da armazenagem atual das esculturas na reserva técnica

Fonte: Acervo da autora da pesquisa, 2010.

O monitoramento e controle ambiental das condições do ambiente são realizados por meio do Sistema Climus. Trata-se de método de medição e aquisição de sinais montados sobre uma base PC, que registra os dados continuamente - 24 horas/dia de temperatura e umidade relativa do ar (CORRÊA, 2003, p. 39). Isso possibilita definir parâmetros para temperatura e umidade relativa, permitindo que sejam avaliadas as características da edificação, de seus equipamentos e do funcionamento da reserva técnica. Esse sistema foi implantado em dezembro de 2010, mas somente em fevereiro de 2011 os técnicos responsáveis estabilizaram a temperatura em 23o C, variando até 24o C e a umidade relativa estabelecida em 60%, com variação de 50 a 70%. Esses valores estão sendo indicados com base nos parâmetros estabelecidos para materiais orgânicos. Estes foram os primeiros índices definidos para o início da estabilização do acervo e a sua climatização. Os índices de umidade relativa deverão ser reduzidos um pouco mais.

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Ethafoan: Polietileno expandido ou espuma de polietileno. Possui propriedade básica de isolamento térmico, acústico e hidráulico, leveza, maleabilidade, flutuação, durabilidade, alta proteção contra impactos, facilidade de manuseio e corte, além de não soltar partículas e não absorver umidade e fungos.