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Fonte: Ministério das Cidades, 2013.

Há um intenso fluxo de pessoas e mercadorias entre as cidades de Uberaba e Uberlândia. Com apenas 100 km de distância, habitantes de ambas as cidades circulam diuturnamente pelo trecho da BR-050 que as conecta. Trabalhadores, comerciantes, estudantes, servidores públicos, amigos e familiares animam o fluxo entre as cidades. Uberlândia é atualmente um grande centro urbano regional como destaca Gomes (2016):

A cidade de Uberlândia, no decorrer do século XX, transformou-se no principal centro urbano da região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, ocupando, com suas relações em nível nacional, um papel de destaque na rede urbana do país. Articulada à metrópole nacional, São Paulo, mantém igualmente relações com outros centros urbanos importantes como Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, entre outros [...] (GOMES, 2016, p. 521).

A capacidade de organização da vida regional de Uberlândia a coloca, nos dias atuais, como nó do sistema de circulação de mercadorias com intensa atividade na distribuição atacadista para o Brasil. Função que no passado pertencia, embora parcialmente, a Uberaba dado o momento histórico, no relato de Gomes sobre Uberaba-MG:

[...] convém destacar que no século XIX, sobretudo na primeira metade, a cidade constituía o principal centro urbano da região, chamada Sertão da Farinha Podre. Dada sua localização privilegiada, tornou-se um nó de articulação das vias de transporte terrestre e um dos pontos principais de parada dos viajantes da época, assumindo a posição de ―cidade primaz‖, um entreposto comercial que tanto abastecia São Paulo com produtos primários goianos e mato-grossenses, quanto comercializava com Goiás e Mato Grosso os produtos industrializados provenientes de São Paulo. Além disso, concentrava as atividades comerciais, bem como uma diversidade de profissionais, juristas, médicos, farmacêuticos e cirurgiões, professores, comerciantes e guarda-livros, funcionários públicos etc. (GOMES, 2016, p. 521).

A ocupação pretérita da cidade de Uberaba partiu do chamado fundo de vale do córrego das Lages e estendeu-se em direção às encostas (CARVALHO, 2004). A cidade foi se desenvolvendo sob o relevo denominado pelos antigos habitantes por sete (7) colinas. As colinas foram tomadas pelos bairros adjacentes ao centro da cidade à medida que se afastavam do nível de base dos cursos d‘água.

Segundo Paul Claval (2010), os habitantes de uma dada região definem sua orientação por pontos culminantes, os lugares recebem nomes conforme o desenho da paisagem.

Colocamos uma etiqueta em cada lugar conhecido, de modo que possamos nomeá- lo. A primeira geografia é a da orientação, completada pelos parâmetros linguísticos: ela é necessariamente parte de qualquer cultura. Para designar complexos mais amplos, recorremos a termos que designam toda uma região em função de seu relevo [...] (CLAVAL, 2010, p. 19).

Os moradores mais antigos de Uberaba, tradicionalmente denominavam cada colina da cidade por ―altos‖, são eles: alto das Mercês, Matriz, Barro Preto, Abadia, Estados Unidos, Estação e Fabrício (BOLETIM DO ARQUIVO PÚBLICO, 1997).

Conforme a disponibilidade de informações que pode ser encontrada entre os pesquisadores locais, bem como no Arquivo Público da cidade, Uberaba conheceu sua ascensão e declínio econômico entre os fins do século XVIII quando se consolida as primeiras ocupações nas margens do córrego das Lages, atinge seu auge no último quartel do século XIX e nos fins da década de 1890 entra em crise (REZENDE, 1991; CARVALHO, 2004; BILHARINHO, 2007; ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL, 2011; REIS, 2014). A figura 4 retrata algumas transformações na região central.

Figura 4: Imagens de Uberaba-MG

Fonte: https://www.uberabaemfotos.com.br/search/label/Pra%C3%A7a%20Rui%20Barbosa. Acesso: 21/08/2019.

Fonte: https://cidadesemfotos.blogspot.com/2016/10/fotos-de-uberaba-mg.html. Acesso: 21/08/2019. A procura de uma alternativa econômica que viesse suprir o comércio em decadência, o gado zebu foi introduzido no início do século XX. Assim, uma elite pecuária foi-se formando na cidade. Fato que significou também a consolidação da principal classe política. Reis (2014, p. 43) assevera que ―o desenvolvimento da pecuária e a ascensão política e econômica das classes pecuaristas provocou transformações na estruturação da cidade‖.

Em escala nacional Uberaba se destaca pela feira agropecuária (expozebu) que acontece todo ano no mês de maio. Além dos leilões milionários dos animais de distintas categorias da agropecuária, a feira exibe modernos maquinários agrícolas que também refletem o processo de modernização na região e as novas técnicas no uso da terra. ―Nas últimas décadas, todavia, tem-se disseminado a plantação de cana-de-açúcar nas áreas de cerrado, onde se observa a presença de grupos nordestinos que fizeram grandes investimentos no setor sucroalcooleiro local‖ (GOMES, 2017, p. 526). A autora esclarece as implicações das atividades agroindustriais que culminaram na diversificação do processo produtivo tanto em Uberaba como em toda região do TMAP.

Atualmente destaca-se na cidade uma variedade na oferta de comércio e serviços, em especial nas áreas da saúde e educação, tais como: laboratórios e clínicas especializadas, colégios particulares modernos em coexistência com os colégios tradicionais e distintas instituições de ensino superior. No quesito habitacional destaque para as unidades residenciais periféricas e proliferação de condomínios verticais e horizontais, comércio diversificado também nos bairros e no subcentro do bairro Abadia, caracterizado por Reis (2014) como ―nova centralidade‖ e outros possíveis em formação, bem como a existência de três (3) distritos industriais. Toda essa senda de atividades figura-se como grandes produtores de resíduos sólidos urbanos e faz de Uberaba uma cidade polo da região do Vale do Rio Grande.

Estes predicados fazem de Uberaba uma cidade média com um fluxo, relativamente, intenso de pessoas das regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e do interior de São Paulo (cidades paulistas próximas da divisa com Minas Gerais) atraídas pelos serviços oferecidos na cidade. Tais características demostram por um lado, o grande potencial de se desenvolver a coleta seletiva e, por outro lado, fica claro o relativo atraso da cidade, por parte do poder público em não oferecer ou não haver contribuído com o serviço de coleta seletiva com inserção socioprodutiva dos catadores de forma adequada em conformidade com os preceitos da PNRS ainda nos dias atuais.

Gomes (2015, p. 517) assinalou que cidades médias semelhantes a Uberaba são [...] consideradas lugares de ―possibilidades‖, são ―ganhadoras‖ no processo de desconcentração industrial [...], já que continuam sendo atrativas tanto para população quanto para empresas dos setores da indústria, do comércio e dos serviços, assumindo, assim, a tendência de se transformar em ―novos espaços produtivos‖, com investimentos nacionais e estrangeiros.

Na medida em que a cidade de Uberaba passa a ser receptáculo de múltiplas atividades econômicas, ela conquista importância como cidade pólo e distintos ramos de trabalhos são inaugurados, sobretudo, nas áreas de prestação de serviços como na saúde, educação, segurança, transporte, moradia etc. tanto na cidade como no campo. Visto que desde a década de 1990 ocorrem a aberturas de escolas técnicas para distintos tipos de prestação de serviços.

França (2007) faz uma análise sobre as características das cidades médias

[...] as cidades médias devem ser analisadas sob aspectos relativos à base econômica que possui, o que se refere à produção industrial, ao dinamismo do setor de comércio e prestação de serviços, ao sistema produtivo, à rede de consumo, à infra- estrutura urbana, à qualidade de vida de seus moradores, à relação com a região (metrópole e as pequenas cidades) e ao incremento populacional, dentre outros atributos. (FRANÇA, 2007, p. 71).

Os caracteres apontados pela autora ainda sugerem que as cidades médias possuem bons indicadores econômicos como alto IDH, baixa taxa de analfabetismo, reduzida mortalidade infantil, acesso a bens de consumo, ―satisfatória‖ prestação de serviços públicos etc. Todavia, as cidades médias não são homogêneas em todos os indicadores, de modo que entre elas há índices e/ou taxas desiguais.

Nessa reflexão destaca-se três (3) aspectos: o sistema produtivo; a rede de consumo; e a relação com a região. Como se tem colocado ao longo dessa dissertação, juntamente a análise da dinâmica da cidade e do urbano, esses elementos são essenciais para magnetização da coleta seletiva e do trabalho dos catadores. Os incrementos das múltiplas atividades dentro e fora do perímetro urbano de Uberaba são obrigatoriamente descritas no Plano Diretor (PD) da cidade e, com respaldo discreto para as atividades de coleta seletiva.

O art. 127 do Plano Diretor de Uberaba, item II prevê a ―implementação do programa de coleta seletiva de materiais recicláveis nas Unidades de Planejamento e Gestão Urbana da Cidade de Uberaba‖. Apesar de ser o único item mencionado em todo o Plano ela faz parte de um conjunto de diretriz relativo à gestão de resíduos sólidos no município. Entretanto, o mesmo artigo traz no item VI a ―implementação do treinamento para os catadores de materiais recicláveis, bem como o apoio às cooperativas, associações e organizações não governamentais de catadores de lixo‖.

O Plano Diretor30 disponível no sítio da Prefeitura Municipal de Uberaba é o instrumento de caráter democrático construído, aparentemente com a participação dos cidadãos da cidade que define por meio de normativas com força de lei o conjunto de diretriz que irá nortear as ações públicas para a melhoria da qualidade de vida da população nos âmbitos gerais da existência humana. É por meio do PD que igualmente se pensa a expansão territorial a partir dos vetores de desenvolvimento. O mapa a seguir é uma proposta do desenvolvimento vetorial no âmbito do território uberabense.

O mapa 3, apresenta uma proposta do desenvolvimento vetorial no âmbito do território uberabense e está incorporado ao conjunto de propostas do PD.

30Disponível em:

http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/acervo//plano_diretor/alteracoes_2018/LEI%20DO%20PLANO%20DIRE TOR/LEI%20DO%20PLANO%20DIRETOR%20-%20REVISAO%202018.pdf. Acesso: 27/08/2019.

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