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Localização do PoA.

No documento judsonlimabernardino (páginas 73-78)

Fonte: ArcelorMittal Bioenergia (2010b).

Segundo o programa PoA:

De acordo o Diário do Comércio de 13/05/2008, o estado de Minas Gerais possui déficit de 100.000 ha de florestas plantadas. Metade do carvão vegetal consumido no país ainda é produzida a partir de florestas nativas, muitas delas exploradas de forma ilegal. Esta situação, de falta de biomassa renovável para produção de carvão vegetal, é comum no Brasil. A região do estado de Minas Gerais, onde o Programa de Atividades proposto está localizado, é povoada em sua maioria por pequenos produtores, cuja principal atividade econômica é a produção de leite em pastagens degradadas de baixa produtividade. Este Programa de Atividades prevê uma solução que estabelece

plantios renováveis em terras degradadas. Isso resulta em garantia de fornecimento de biomassa renovável para as necessidades industriais da Entidade Executora26 e uma atividade econômica alternativa, com receitas adicionais, para os pequenos agricultores locais. (FRONDIZI, 2009).

Na “entidade executora”, a empresa ArcelorMittal Bioenergia, até 2004, vinha produzindo aço a partir de sucata e de ferro-gusa de mercado, dados da própria empresa, e produz ferro-gusa, basicamente, utilizando nas suas operações o carvão mineral como agente redutor.

A partir de então, a empresa tomou uma ação e transformou a sua unidade de Juiz de Fora em uma instalação de produção integrada de aço e ferro-gusa, a partir de carvão vegetal renovável.

Os produtores locais da unidade de Juiz de Fora da empresa ArcelorMittal BioFloresta estão estabelecidos em áreas próximas da usina de produção da empresa, na região da Zona da Mata, Minas Gerais. E, para garantir a demanda de carvão vegetal, no processo produtivo de aço da empresa, ela mantém contrato de fornecimento de madeira com os referidos fazendeiros que, por questões de Compliance (cumprimento das normas internas da empresa, eliminando-se anglicanismos), não pôde ser divulgado. (ARCELORMITTAL, 2013).

As exigências e características para que um fazendeiro se associe à cooperativa para atuar como produtor florestal estão definidas pelas cláusulas contidas no Estatuto da Coopflos da Zona da Mata, do estado de Minas Gerais, de julho/2009.

Vale ressaltar que, uma vez feita a adesão contratual pelo fazendeiro à Coopflos, subentende-se estar sua respectiva área (CPA) totalmente legalizada perante as condições estabelecidas para a sua contratação, legalização esta proporcionada pela entidade executora (ArcelorMittal BioFloresta) do programa.

26 Entendemos como ArcelorMittal.

Imagem 4: Plantio de eucalipto, financiado pela ArcelorMittal (antiga Belgo mineira) no município de Piau/MG.

A madeira no Brasil costuma ser comercializada com base em seu volume, em geral em volume empilhado e um metro cúbico de madeira empilhada é chamado de estéreo, como está representado na imagem a seguir.

Imagem 5: Representação do um estéreo de madeira

Segundo Soares et al. (2003, p. 1), a maneira mais comum de estimar o volume sólido de uma pilha de madeira é “através da medição das suas dimensões, com as quais se obtém o volume em estéreo, que multiplicado por um fator de conversão médio, denominado de fator de empilhamento, fornece o volume sólido de madeira”. No entanto:

Características como os diâmetros e o comprimento dos toros de madeira, a presença ou não de casca, a maneira de empilhar a madeira, a espécie e a idade das árvores afetam o empilhamento de tal forma que a utilização de um fator médio, obtido em uma condição

diferente daquela que se trabalha, pode acarretar erro na estimação do volume sólido da pilha (SOARES et al. 2003, p. 1).

Neste estudo, 1,5 estéreo de madeira equivale aproximadamente a 1,0 m³ sólido de madeira, visto que o volume de empilhado unidade estéreo) não é totalmente sólido. Da mesma forma, 1,0 estéreo de madeira equivale a aproximadamente 0,67 m³ sólido de madeira (ARCELORMITTAL BIOENERGIA, 2010b).

Mesmo diante de todas as barreiras enfrentadas na sua implantação, o programa apresenta retorno financeiro para os fazendeiros de cerca de R$ 8.500/6 anos/ha, conforme informado pela ArcelorMittal Bioenergia (2010b).

Apesar de não divulgadas no presente estudo as cláusulas e condições do “Contrato de Fornecimento de Madeira” firmado entre fazendeiros locais da Zona da Mata e a ArcelorMittal BioFloresta, o “Departamento de Gestão Ambiental” da empresa oficializou que, entre as condições, estão previstas as seguintes garantias:

a) A ArcelorMittal BioFloresta garante, ao fazendeiro produtor florestal, a compra de 95% da produção de eucalipto. Os 5% restantes permanecem de posse do fazendeiro, para necessidades de subsistência da fazenda.

b) Garantia de financiamento para os fazendeiros, de recursos para implantação do programa, por meio do Banco Votorantim, que anteriormente era mantido pelo Banco Itaú. Do valor negociado com os fazendeiros, relativo à compra do eucalipto, a empresa ArcelorMittal BioFloresta garante que parte do dinheiro a ser pago aos fazendeiros pela madeira será destinada ao pagamento junto ao Banco que financiou o programa.

c) Garantia de que 50% das cotas de carbono eventualmente geradas com o PoA poderão ser negociadas no mercado de carbono pela empresa ArcelorMittal BioFloresta (Participantes do Programa 1 - PP1) e a outra metade fica a cargo dos fazendeiros (Participantes do Programa 2 - PP2) negociar por meio da Coopflos. A adesão dos fazendeiros à Coopflos é condição que lhes garante negociar RCEs no mercado de carbono, a partir da verificação e certificação feitas pela EOD (Entidade Operacional Designada). Vale ressaltar que, sem a participação da “entidade gestora” (Coopflos), possivelmente os fazendeiros, de maneira autônoma, não conseguiriam promover a referida negociação de crédito de carbono. A contratação das partes (ArcelorMittal BioFloresta versus fazendeiros locais da Zona da Mata) é feita independentemente da adesão dos fazendeiros à Coopflos. As atividades previstas pelo PoA são implantadas em comunidades de baixa renda e, tratando-se de ganhos gerados a partir de áreas improdutivas e degradadas de suas propriedades, o resultado pode ser considerado relevante para os fazendeiros.

3.3.3. Laticínios

Atualmente a produção de leite configura-se como um dos mais importantes negócios agrícolas no país e, em especial, no estado de Minas Gerais. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), o mundo produziu aproximadamente 754 bilhões de litros de leite em 2012, desse montante o Brasil é responsável por aproximadamente 35 bilhões de litros de leite, ocupando assim a 3ª posição no ranking mundial, atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos.

O estado de Minas Gerais é o maior produtor de leite do Brasil, com 27,6% da produção nacional (IBGE, 2012), destacando-se os municípios de Patos de Minas, Ibiá, Unaí, Patrocínio e Coromandel.

Segundo o Censo Agropecuário, em 2006 havia em Minas 223.073 estabelecimentos rurais que produziram leite naquele ano, correspondendo a cerca de 40% do total de estabelecimentos. Destes, 167.153 (75%) foram classificados como agricultores familiares, segundo critério estabelecido na Lei n.º 11.32627; e 55.920 (25%) como não familiares.

A história econômica da Zona da Mata mineira registra o início de um ciclo de desenvolvimento com a expansão das lavouras de café, ainda na primeira década do século XIX e seu apogeu ocorreu entre os anos de 1880 e 1897, quando se instalou a primeira grande crise de preços de café, devido à superprodução.

Nesse momento, a pecuária surgiu como alternativa econômica, ocupando terras com cafezais abandonados ou degradados, onde a pastagem crescia com facilidade. A proximidade com a província e a cidade do Rio também favoreceram o surgimento e desenvolvimento, já a partir de 1900, da pecuária leiteira e de laticínios, assim como outras atividades agropecuárias, que

27 Pela Lei n.º 11.326/2006 são considerados agricultores familiares aqueles que: (i) não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; (ii) utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; (iii) tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; e (iv) dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

diversificaram a economia regional e reduziram a dependência e, ralação ao café.

Segundo dados da FAEMG - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (2010), a Zona da Mata participa atualmente com 10% do volume de leite produzido no estado de Minas Gerais e isso tudo se deve ao tamanho do rebanho de vacas que, em 2008 chegou a maca de 486,5 mil. O Censo Agropecuário 2006 identificou na Zona da Mata 28.448 estabelecimentos que produziram leite - aproximadamente 32,9% do total produzido no estado – e produção de 559 milhões de litros, com média anual de 19.650 litros por propriedade.

Por causa dessa importância produtiva na região da Zona da Mata mineira tem o desenvolvimento de um grande número de indústrias/laticínios que processam o leite, configurando-se como uma das mais importantes cadeias do agronegócio mineiro. Observe o mapa a seguir ilustrando a territorialização dos laticínios na mesorregião da Zona da Mata e Campo das Vertentes.

No documento judsonlimabernardino (páginas 73-78)