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Descrição da bacia de detenção do acesso Covilhã-Norte à A23 e do plano de monitorização

4.1 Localização e descrição da via e zona envolvente

Usualmente designada por Auto-Estrada da Beira Interior, também denominada por A23 segundo a classificação e demarcação da rede nacional de autoestradas, esta via atravessa os distritos de Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Santarém, fazendo a ligação entre Torres Novas e Guarda onde entronca com as autoestradas A1 e A25, respetivamente. Tem uma extensão de 217 km, sendo a 4ª maior auto-estrada do país, e é considerada estruturante na rede rodoviária portuguesa, uma vez que se apresenta como sendo a mais rápida ligação à fronteira de Vilar Formoso a partir de Lisboa. Foi concluída em finais de 2003, tendo a sua construção aproveitados os troços anteriormente construídos em perfil de auto-estrada dos itinerários principais IP 6, entre Torres Novas e Abrantes, e do IP 2 entre Alcains e o Fundão.

A abertura da A23 contribuiu para dar maior dinamismo a um conjunto de cidades por ela atravessada, bem como a oportunidade de desenvolvimentos de atividades socioeconómicas com regiões do Litoral e de Espanha. Este dinamismo traduziu-se não apenas na fixação de residentes numa região, a Beira Interior, mas também a fixação de entidades públicas e privadas essencialmente associadas ao sector terciário. A A23 pretende garantir, não apenas a circulação de pessoas e bens, mas também a especialização funcional de atividades económicas promotoras de maior qualidade e competitividade, quer à escala nacional, quer à escala internacional, dada a proximidade da fronteira. A UBI, localizada na Covilhã, com cerca de 7 000 alunos, constitui o principal polo de Ensino Superior na região, tendo beneficiado das ligações desta via para captar estudantes de todos os pontos do país e cada vez mais do estrangeiro. O mesmo beneficio têm tidos os Institutos Politécnicos da Guarda e de Castelo Branco, também eles promotores da fixação de população nestas duas cidades, que beneficiam igualmente desta estrada (Virtudes A., 2011).

A gestão da A23 está a cargo do Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária (ICERR) e da concessionária SCUTVIAS, por troços com o comprimento de 41 km e 180 km, respetivamente, sendo a última extensão ilustrada na Figura 4.1. A SCUTVIAS faz ainda a manutenção e vigilância de 28 nós de ligação, 8 galerias de túneis, 69 Km de estradas nacionais e municipais em acessos á A23, 118 passagens agrícolas e 100 Km de caminhos paralelos à autoestrada, além de outras infraestruturas de controlo e vigilância ambiental,

bem como o controle das cinco áreas de serviço existentes na concessão. Nas instalações do Centro de Assistência e Manutenção da Lardosa, é coordenada a monitorização e controlo dos equipamentos de contagem e classificação do tráfego, de rede de fibra optica, das telecomunicações SOS, dos painéis de mensagem variável, dos equipamentos de videovigilância, e dos equipamentos dos túneis (Barracão, Ramela e Gardunha I e II).

Figura 4.1 – Zona de intervenção e exploração da A23 por parte da concessionária SCUTVIAS (http://www.scutvias.pt/)

A região onde se localiza a área de estudo atravessa zonas de características topográficas bastante variáveis. Está inserida na área depressionária da Cova da Beira, que se carateriza por ser uma extensa baixa aluviar de morfologia regular com altitudes que variam entre os 425 e os 475 m de altitude, como é possível observar na Figura 4.2 elaborada a partir do

software de georreferenciação ArcGis 10.1, na qual se engloba parte da bacia hidrográfica do

Rio Zêzere sendo a mesma envolvida pelos maciços rochosos da Serra da Estrela a norte, e da Serra da Gardunha a sul desenvolve-se o traçado do acesso à A23 numa zona granítica montanhosa de declive acentuado.

A nível de recursos biológicos, a Figura 4.3 mostra que a área de estudo tem várias áreas com estatuto de proteção ambiental, estando situada na zona “Sítio Serra da Estrela” da Lista Nacional de Sítios da Rede Natura 200. A Rede Natura 2000 resulta da implementação de duas Diretivas comunitárias distintas, a Diretiva 79/409/CEE (Diretiva das Aves) e a Diretiva

Figura 4.2 - Mapa hipsométrico relativo à área em estudo

Figura 4.3 - Rede Natura 2000 em Portugal continental (http://www.icnf.pt/)

Desde 2004, a UBI tem elaborado um Plano de Monitorização Ambiental (PMA) da autoestrada, que inclui campanhas semestrais de medição de ruído e análises da qualidade do ar e da água em pontos que foram definidos como sensíveis à ocorrência de impactes ambientais significativos no Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da estrada. Em alguns dos relatórios

elaborados durante 2005 (Albuquerque e Carvalho, 2005a e 2005b), constatou-se que algumas origens de água localizadas junto à ligação Covilhã-Norte apresentam concentrações de matéria orgânica, azoto, fósforo, hidrocarbonetos e metais pesados mais elevados que nos restantes pontos. Embora os valores fossem abaixo dos requisitos de qualidade para diferentes usos definidos no Decreto-Lei nº 236/98, a SCUTVIAS e a UBI (Albuquerque, 2009), entenderam que seria aconselhado uma monitorização adicional ao acesso Covilhã Norte, onde estão localizadas quatro bacias de detenção e tratamento de AEE.

As quatro bacias de detenção para a A23 foram construídas por imposição do respectivo EIA, tendo sido aproadas pela Comissão de Avaliação e integraram a respectiva Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do projecto da estrada e estão dentro do PMA da A23, estando duas localizadas a montante do viaduto sobre a ribeira de Corges (no sentido Covilhã-A23), que é o meio receptor para os efluentes tratados, e a outras duas localizadas a montante do viaduto sobre o rio Zêzere (no sentido Covilhã-A23), que é o meio receptor para os efluentes tratados destas duas bacias.

Como se pode observar na Figura 4.4 e na Figura 4.5, parte da zona envolvente do acesso Covilhã-Norte à autoestrada, onde estão localizadas as quatro bacias de detenção, é classificada como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e ainda como Reserva Ecológica Nacional (REN), existindo atividade agrícola de pequena escala e ainda pequenos aglomerados urbanos de ambos os lados do viaduto, caraterizados por uma população que subsiste com base na agricultura e prática de pecuária.

Figura 4.5 – Extrato da carta de condicionantes da REN para o local onde estão localizadas as bacias de