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A logística de suprimentos desempenha papel estratégico na construção civil porque atua na ligação entre fornecedores e a produção, e tem significativa participação nos custos totais do empreendimento.

De acordo com Ballou (2006) foi na década de 50, após a 2ª guerra mundial, que a logística começou a ganhar força e importância no ambiente empresarial.

A primeira definição dada sobre logística de acordo com National Council of Physical

Termo empregado na indústria e no comércio para descrever o vasto espectro de atividades necessárias para obter uma movimentação eficiente de produtos acabados, depois de sair da cadeia de fabricação até chegar ao consumidor e que, em cada caso, inclui o movimento de matérias primas desde os fornecedores até o início da cadeia de fabricação.

Tixier (1981 apud NUNES, 2001, p.52) propôs a seguinte definição: ´A logística é o processo estratégico pelo qual as empresas se organizam e sustentam suas atividades`.

Lambert e Stock (1993 apud NUNES 2001, p.52) adotam a definição do Council of Logistics

Management, de 1986: ´Logística é o processo de planejar, implementar e controlar, com

eficiência e a custos mínimos, o fluxo e a estocagem das matérias-primas, materiais em processo, produtos acabados e informações relacionadas, do ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de se adequar aos requisitos dos clientes`.

Com a publicação da obra “Gestão logística de cadeias de suprimentos”, Bowersox, Closs e Cooper (2006) afirmam em seu prefácio que “a logística inclui todas as atividades de movimentação de produtos e informação para, de e entre os membros da cadeia de suprimentos”.

Com o advento dos Programas Setoriais da Qualidade e da Produtividade ganham destaque os esforços empreendidos na Construção Civil, consubstanciados no Manual nº 4 da Série Sebrae (SANTOS et al, 1996), cujos resultados são originários da dissertação de mestrado do primeiro autor (SANTOS, 1995). Em ambos os trabalhos, a discussão sobre métodos passíveis de serem aplicados, as vantagens em termos de redução de desperdícios e a elaboração de checklists para verificar a adequação do sistema de transporte em obra são as maiores contribuições.

Um trabalho bem mais específico é apresentado por Guedert (1993), já racionalizando a produção de alvenarias e o transporte de sua argamassa, dentro do ambiente de um canteiro de obras.

A virada do século assiste um grande número de trabalhos sobre fluxos físicos em obra, influenciados pelos conceitos de Logística, Produção Enxuta e Qualidade. É o caso dos trabalhos de Alves (2000), Linard (2000, 2005 e 2006) e Cruz (2004). A tônica dos trabalhos é a discussão conceitual, ainda que o terceiro autor e os dois últimos trabalhos do segundo apresentem dados sobre produtividade e racionalidade em obra em serviços que envolvem argamassas.

Trabalhos mais abrangentes são apresentados por Gehbauer (2003, 2004), onde além dos aspectos conceituais são descritas aplicações em canteiros de obras tanto do Brasil como da Alemanha.

Souza e Tamaki (2004), em sua obra Gestão de materiais de construção, afirmam que “o requisito essencial para o bom desempenho da obra é a disponibilidade do material, dentro do prazo, para alimentar adequadamente a produção”(SOUZA e TAMAKI, 2004, p.19). Nesta obra é reforçada a idéia de que, além de estar disponível, o material deve ter a capacidade de atender aos padrões de qualidade aceitável. Ganham força, portanto, os necessários cuidados com: a adequada especificação no momento da aquisição, a implementação de inspeções no momento do recebimento, seu manuseio e as formas de estocagem.

Sobre a adequada disponibilidade dos materiais em obra, Vieira (2006) foca a logística na construção civil e afirma que “a administração de materiais ou suprimentos corresponde ao conjunto das operações relativas ao fluxo de materiais e informações associadas, desde a fonte das matérias-primas até a entrada no local de produção” (VIEIRA, 2006, p.22).

Segundo Heineck (1990 apud ROCHA et al, 2004, p.125):

Em um empreendimento, o custo da construção (custo da mão-de-obra, dos materiais, equipamentos e da administração) representa cerca de 60% do faturamento total. Os 40% restantes se dividem entre as despesas com projetos, com o terreno, a comercialização, os impostos, as taxas e o lucro. No custo da construção, os materiais respondem por 60% do valor total.

Segundo Alvarenga e Novaes (2000) a logística de materiais, também chamada de suprimento, abastecimento e, no caso das empresas construtoras, de setor de compras, envolve atividades ligadas à aquisição, transporte, armazenagem e controle de matérias-primas.

A gestão de suprimentos em uma empresa construtora é realizada por diversos setores e profissionais, possuindo caráter multifuncional. O trabalho coordenado e integrado desses setores e profissionais é de fundamental importância para garantir que o insumo material correto, com a qualidade esperada, esteja no momento oportuno disponibilizado às equipes de produção. A consecução deste processo é composto, assim, pelos seguintes elementos:

• Especificações para a compra de insumos materiais;

• Aquisição dos insumos especificados através de fornecedores que foram adequada e previamente selecionados;

• Recebimento, mediante inspeção, manuseio e armazenamento, em obra, dos insumos materiais de forma a manter as adequadas características dos materiais;

• Adequado manuseio na distribuição destes insumos aos locais de produção.

A figura 3 ilustra os principais setores envolvidos, e suas responsabilidades, no processo necessário para aquisição de insumos materiais para as obras.

PLANEJAMENTO SUPRIMENTOS OBRA

Seleção e Avaliação de Fornecedores Recebimento e controle de qualidade: Inspeção de recebimento, manuseio e armazenamento adequados Especificação para Aquisição de insumos materiais

Aquisição Manuseio para disponibilização à produção

RETROALIMENTAÇÃO

Figura 3 - Fluxograma de Setores e Processos (Fonte: Adaptada de MOURÃO, 2008, p. 27).

Observa-se que boa parte do processo, assim como a grande responsável por iniciar o fornecimento de qualidade às obras, ocorre sob a ótica da função compras.

Conforme Dias (2008, p. 259):

A função compras é um segmento essencial do Departamento de Materiais ou Suprimentos, que tem por finalidade suprir as necessidades de materiais ou serviços, planejá-las quantitativamente e satisfazê-las no momento certo com as quantidades corretas, verificar se recebeu efetivamente o que foi comprado e providenciar armazenamento.

Picchi (1993), já considerava que o processo de compra, desde o pedido até a entrega (ciclo de pedido), ocorre ao longo de meses, em alguns casos. Atrasos são freqüentes (uma das principais causas de baixa produtividade está ligada a atrasos na entrega de materiais) e ocorrem por diferentes problemas: atrasos ou erros no detalhamento de projetos e especificações, retardos nos pedidos feitos do canteiro (falhas de programação), burocracia no processo de compra e atrasos de fornecedores.

A função compras é muitas vezes apontada como causadora de atrasos e paradas no processo de produção, pois a falta de material pode impedir a realização de uma atividade, provocando paradas nas frentes de serviço e perda de produtividade.

Por outro lado, o movimento pela qualidade desencadeado no setor da construção e de certa maneira, a difusão do JIT (just in time), influencia positivamente a gestão logística de suprimentos nas empresas construtoras por pregar a manutenção de estoques mínimos.

“Sabendo-se que a manutenção do estoque custa dinheiro, as empresas procuram reduzir seus níveis ao máximo, sem, contudo, prejudicar o nível de serviço do sistema” (ALVARENGA e NOVAES, 2000, p. 144).

Considerando que, “para a maioria das empresas, os investimentos em materiais significam grande parte de seus ativos, uma atenção cada vez maior vem sendo dada aos métodos de controle para essa área” (DIAS, 2008, p.17). Neste cenário, a maior integração com fornecedores mostra-se como uma boa alternativa.

Segundo Ching (2006), alguns benefícios resultantes da integração com fornecedores podem ser:

• Parceiros mais fortes; • Foco comum na qualidade;

• Confiabilidade de entregas mais estáveis; • Baixos níveis de estoque;

• Melhor controle de processo;

• Dependência mútua e coincidência de objetivos; • Custos da cadeia logística reduzidos.

Através de uma boa parceria com fornecedores, pode-se ter um bom nível da gestão de estoques. Tal gestão tem por finalidade controlar da melhor forma possível, com o mínimo necessário, sem atrapalhar a demanda, buscando encontrar um ponto ótimo.

Albuquerque (2003) entende que com uma programação para aquisição de materiais melhorada poderá obter-se um menor desperdício. Além de gerar economia às construtoras, ocorrerá menor geração de entulho contribuindo assim também para a questão ambiental.

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