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2.2 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

2.3.2 Lucro real

Para Neves e V. Viceconti (2005, p. 3) “O Lucro Real é o Resultado (Lucro ou Prejuízo) do período de apuração(antes de computar a provisão para o imposto de renda), ajustado pelas adições, exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do imposto sobre a renda”.

O art. 247 do Decreto 3.000/1999 do RIR, define lucro real como sendo:

O lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º).

§ 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 37, § 1º).

§ 2º Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito de determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido do período de apuração, ou dele excluídos, serão, na determinação do lucro real do período de apuração competente, excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente, observado o disposto no parágrafo seguinte (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 4º).

§ 3º Os valores controlados na parte "B" do Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR, existentes em 31 de dezembro de 1995, somente serão atualizados monetariamente até essa data, observada a legislação então vigente, ainda que venham a ser adicionados, excluídos ou compensados em períodos de apuração posteriores (Lei nº 9.249, de 1995, art. 6º).

O art. 248 do RIR/1999 expressa o conceito de lucro líquido do período de apuração como a “soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais, e das participações, e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial”.

O lucro real envolve maior complexidade na execução das rotinas contábeis e tributárias para a completa escrituração das atividades e apuração do mesmo. Para que uma empresa possa ser regida pelo lucro real, ela deverá elaborar suas Demonstrações Financeiras, especialmente a Demonstração de Resultado do Exercício de acordo com as exigências contidas no art. 187, inciso V da Lei 6.404/76. Onde parte-se do “resultado do exercício antes do IR”, ajustando-se as adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas no RIR, apurando dessa forma o lucro real.

De acordo com a Lei nº 9.718/1988, art. 14, com as alterações promovidas pela Lei nº 10.627/2002, art. 46, e pela Lei nº 12.249/2010, art. 22, ficam obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas:

a) cuja receita total, no ano calendário anterior, tenha sido superior ao limite de R$ 48.000.000,00 ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a doze meses;

b) cujas atividades sejam de bancos comerciais, de bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, coorporativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

c) que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

d) que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto;

e) que no decorrer do ano-calendário, efetuem pagamento mensal do Imposto de Renda regime de estimativa;

f) que explorem atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de acessória creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);

g) que explorem atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio.

A pessoa jurídica mesmo que não esteja obrigada ao lucro real, poderá optar por este sistema de tributação, mas, dado sua relativa onerosidade, pois os controles contábeis exigidos são mais amplos que os demais sistemas de tributação é mais comum ser apurado por médios e grandes contribuintes. Á opção do contribuinte, a adoção do lucro real pode ser mediante estimativa (recolhimento mensal) ou por trimestre, observando sempre que a adoção de uma das formas é irretratável para todo o ano-calendário.

Segundo Oliveira et al. (2009, p.219), “Se a opção for pela apuração do lucro real trimestral, este deve ser determinado em períodos de apuração encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, com base no resultado líquido de cada trimestre”.

Esse resultado será ajustado mediante escrituração do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), com observância das normas estabelecidas na legislação comercial e fiscal, o qual será ajustado por todas as adições, exclusões e compensações determinadas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda.

O LALUR é um livro de escrituração de natureza fiscal, criado pelo decreto lei nº 1.598 de 1977, em obediência ao §2º do art. 177 da Lei nº 6.404, de 1976, é destinado à apuração extra contábil do lucro real sujeito à tributação para o imposto de renda em cada período de apuração, contendo ainda, elementos que poderão comprometer o resultado de períodos de apuração futuros (RIR/1999, art. 262).

De acordo com Oliveira et al.(2009, p.63):

Destina-se a controlar os registros que influenciarem a determinação do lucro real, que pode ser diferente do lucro contábil, devido às exclusões e inclusões permitidas por lei.

Deve ser encadernado e ter duas folhas tipograficamente numeradas em seqüência, sem interrupção. Deve conter termos de abertura e de encerramento, com a assinatura do contabilista e de um sócio ou administrador. Não precisa ser registrado ou autenticado na Junta Comercial ou qualquer órgão fazendário.

No que se menciona o RIR/99 as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real podem optar pela apuração do lucro real anual, alternativamente à apuração em cada trimestre. No entanto, os recolhimentos dos tributos devem ser efetuados todos os meses.

A base de cálculo do imposto por estimativa corresponderá ao resultado da multiplicação de percentuais, que variam de acordo com a atividade desenvolvida pela pessoa jurídica sobre a receita bruta mensal da pessoa jurídica. Os percentuais mais comuns são de 8% sobre a revenda de mercadorias, e 32% sobre a prestação de serviços em geral. Ao resultado dessa multiplicação, devem ser adicionados para se obter a base de calculo do imposto por estimativa.

Segundo o art. 279 do decreto 3.000/1999 do RIR:

Art. 279. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia (Lei nº 4.506, de 1964, art. 44, e Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 12).

Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem os impostos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário.

Em outras palavras, podemos afirmar que a Receita Bruta é a receita total decorrente das atividades para as quais a empresa foi constituída, segundo seu estatuto ou contrato social.

O ajuste final para o calculo do Imposto de Renda é feito em 31 de dezembro de cada ano, ou na data de encerramento das atividades ou eventos de incorporação, fusão ou cisão, mediante apuração do lucro real. A opção é efetuada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro do ano-calendário (até o último dia útil de fevereiro) ou com o levantamento do respectivo balanço ou balancete de suspensão do referido mês.

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