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A ludicidade nos materiais didáticos: o diálogo significativo e a comunicação com o público alvo

No documento PDF completo (páginas 126-130)

Ensino de língua estrangeira e inclusão social: o espanhol em Florianópolis

2. Projeto Incluir – NUSPPLE/UFSC

2.1 A ludicidade nos materiais didáticos: o diálogo significativo e a comunicação com o público alvo

A infância é uma fase em que ocorrem muitos desenvolvimentos físicos, psicológicos e sociais; daí, a importância de que a prática pedagógica seja adequada a essa faixa etária. Por esse motivo, o planejamento das aulas bem como a elaboração do material didático para os alunos da Casa São José visa a contemplar situações de aprendizagem lúdicas. Dentro dessa perspectiva, o professor é um dos principais responsáveis pela melhoria da qualidade do processo de ensino/aprendizagem, cabendo a ele desenvolver novas práticas didáticas voltadas ao perfil de seus alunos, que lhes permitam um aprendizado mais significativo e motivador.

Consoante a essa preocupação, a utilização do lúdico como uma ferramenta pedagógica para a elaboração das atividades desenvolvidas no projeto contribui, através de uma série de recursos, para o desenvolvimento das potencialidades dos alunos e na superação de dificuldades. Em direção

ao que afirma Irandé Antunes (2009, p.38):

um ensino de línguas que, em última instância, esteja preocupado com a formação integral do cidadão, tem como eixo essa língua em uso, orientada para a interação interpessoal, longe, portanto, daquela língua abstrata, sem sujeito e sem propósito – língua da lista de palavras e das frases soltas.

Partindo do pressuposto de que os sujeitos desse projeto são crianças, e de que um dos objetivos é a aproximação e inserção desses indivíduos na sociedade, os temas e a maneira como são abordados estão adaptados ao contexto do público alvo. Durante as aulas, os alunos passam a ser preparados para lidar com situações comunicativas da vida cotidiana, através da valorização de suas próprias experiências.

Para atingir esse objetivo, fazemos uso de jogos, textos voltados à faixa etária, material audiovisual, entre outros recursos. Percebemos que assim as crianças interagem com a língua espanhola de forma descontraída, adquirindo mais autoconfiança ao desenvolverem atividades em outras áreas do conhecimento. Assim, seguimos em direção ao pressuposto de Helenise (2005, p. 75):

A atividade lúdica auxilia principalmente no desenvolvimento afetivo-emocional. A brincadeira favorece a aceitação do indivíduo e sua relação com os demais, proporciona uma interação entre os alunos, reduz a ansiedade e estimula a vontade de prosseguir em busca da auto-realização. Também cria experiências favoráveis em sala de aula que desenvolvem um auto-conceito positivo e motivam o aluno a buscar em si mesmo novas possibilidades.

Remetendo-se a Vygotsky, Rego (1999, p. 62) afirma que o desenvolvimento das funções intelectuais especificamente humanas é mediado socialmente pelos signos e pelo outro, pois “ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura, a criança reconstrói individualmente os modos de ação realizados externamente e aprende a organizar os próprios processos mentais”. Logo, a aprendizagem de uma nova língua deve ser efetivada por meio de atividades que promovam a comunicação e a utilização da língua de maneira significativa para os alunos.

As atividades para as aulas na Casa são preparadas de forma a considerar o elemento lúdico, considerando que sua utilização contextualizada é de fundamental importância, pois desperta no aprendiz um interesse maior sobre determinado tema. Ainda com base na teoria de Vygotsky, o brinquedo – num sentido amplo, como o ato de brincar – é uma importante fonte de promoção do desenvolvimento, exercendo grande influência no desenvolvimento infantil, pois “no brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade” (VYGOTSKY, 1984, p.117)

Considerações finais

O conhecimento de uma língua estrangeira oferece ao indivíduo a oportunidade de confrontar-se com outra cultura e colabora para que ele interaja melhor com o seu meio, uma vez que, apreciando os costumes e valores de outras culturas, poderá compreender melhor a sua. Por essa razão, o projeto aqui apresentado desperta habilidades e potencialidades, contribui para o desenvolvimento do aluno, promovendo sua autonomia, seu entendimento pessoal, cultural e social, e também reconhece e demonstra a importância da ligação entre o recurso lúdico e as aulas de línguas estrangeiras.

Lembrando que o público alvo do projeto são crianças moradoras de um pólo turístico internacional; logo, através da aprendizagem do espanhol, elas passam a construir uma consciência plurilíngue e pluricultural determinante para o desenvolvimento pessoal e profissional desses sujeitos sociais.

Nessa direção, abrir o horizonte para esses alunos é uma maneira de tentar formar sujeitos responsáveis socialmente, capazes de buscar novas oportunidades profissionais e intelectuais para transformarem e melhorarem a realidade em que vivem.

alunos passam a ter mais confiança em si e sentem-se parte de um grupo, ampliando seus conhecimentos e sua inclusão na sociedade. Dessa forma, acreditamos que levar o espanhol para uma comunidade “carente”, além de promover a inclusão social, é uma maneira de contribuir para a ampliação desse idioma na capital catarinense.

Referências

ANTUNES, Helenise S. Trajetória docente: o encontro da teoria com

a prática. Santa Maria: UFSM, 2005.

ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

BRASIL. Lei Nº 11.161, de 5 de agosto de 2005. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11161.htm. Acesso em 12/02/2010.

FERREIRA, Naura S.C. Repensando e Resignificando a gestão

democrática da Educação na “cultura globalizada”. In: Revista

Educação e Sociedade, Campinas v. 25, n. 89, 2004, p.1227-1249.

REGO, Teresa C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da

educação. Petrópolis: Vozes, 1999.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

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