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Para analisar os dados coletados, o método considerado mais adequado foi a Análise Textual Discursiva – ATD. De acordo com Moraes e Galiazzi (2011, p.191), a ATD “[...] é um procedimento auto-organizado de construção e captação do emergente em que novas concordâncias vão emergindo a partir de uma sequência de procedimentos” (p.12). Para os autores, esse tipo de análise visa “[...] aprofundar a compreensão dos fenômenos que investiga a partir de uma análise rigorosa e criteriosa” (ibid., p. 12).

A ATD é organizada em uma sequência formada por quatro componentes, que segundo Moraes e Galiazzi (ibid.) são: desmontagem dos textos, estabelecimento de relações, captura de um novo emergente e recolocação dos achados em um processo auto-organizado determinado pelos três primeiros procedimentos. Esse tipo análise será realizada especificamente no quarto capítulo, ao analisar a percepção das professoras participantes da pesquisa, pois a análise textual propõe-se a “[...] descrever e interpretar alguns dos sentidos que a leitura de um conjunto de textos pode suscitar” (p.14), que neste caso, são os instrumentos de coleta de dados.

As quatro etapas da Análise Textual Discursiva estão organizadas do seguinte modo: A etapa de desmontagem dos textos, diz respeito ao processo de unitarização, ou seja, examinar os textos em seus detalhes, formando enunciados referente ao que foi estudado nos documentos. Segundo Moraes (2003, p.193),

[...] os materiais analisados constituem um conjunto de significantes, sendo que o pesquisador atribui a eles significados sobre seus conhecimentos e teorias, ou seja, a emergência e comunicação desses novos sentidos e significados é o objetivo principal da análise.

Toda análise textual concretiza-se a partir de um conjunto de documentos denominado corpus, que para Moraes e Galiazzi (2011, p.16) é “[...] considerado como matéria-prima, sendo constituído essencialmente de produções textuais”. No caso dessa pesquisa, os questionários respondidos pelas professoras, as observações e o resultados dos estudantes na Provinha Brasil e no Teste piloto de Matemática constituíram o corpus dessa análise. Após a impregnação do corpus, inicia-se o processo de análise. Dessa forma, o próximo passo é a desconstrução dos textos e sua unitarização.

O estabelecimento de relações é o processo de categorização que “[...] constitui em construir relações entre as unidades de base”, segundo Moraes e Galiazzi (2011, p.12), formando conjuntos de elementos próximos. Para os autores, “[...] a desconstrução e unitarização do corpus consiste num processo de desmontagem ou desintegração dos textos, destacando seus elementos constituintes” (2011, p. 18), “[...] é um processo que produz desordem a partir de um conjunto de textos ordenados” (p.21).

No processo de categorização, podem ser construídos diferentes níveis de categorias. Em alguns casos, “[...] as categorias assumem as denominações de iniciais, intermediárias e finais, constituindo, cada um dos grupos, categorias mais abrangentes e em menor número” (ibid., p.23). Essas categorias são expressas por meio de um título que deve representar a ideia central da unidade.

O método escolhido para realizar a análise textual, foi o que os autores chamam de método dedutivo. Esse método implica um movimento “[...] do geral para o particular, construindo categorias antes de examinar o corpus” (ibid., p.23). Para Bardin (1977 apud MORAES; GALIAZZI, 2011, p.23) esse movimento se chama “caixas”, “[...] nas quais as unidades de análise serão colocadas ou organizadas”, esse processo representa as categorias “a priori”, que nessa pesquisa se deu origem pelo fato da pesquisadora já ter pré estabelecido os aspectos a serem investigados nos corpus.

Dessa forma, segundo Moraes e Galiazzi (2011, p.28) “[...] quando as teorias são definidas e assumidas “a priori”, classificando-se os materiais textuais com base em teorias escolhidas com antecedência, as categorias construídas são denominadas “a priori”. São “caixas”, em que os dados são colocados”.

Na captação do novo emergente, terceira etapa, tem-se o metatexto como o resultado do processo das duas etapas anteriores. Ao se impregnar com os materiais, o pesquisador elabora argumentos como forma de “explicar a compreensão que se apresenta como produto de uma nova combinação dos elementos construídos ao longo dos passos anteriores” (ibid., p.12).

Para Moraes (2003, p.202) os metatextos

[...] são constituídos de descrição e interpretação, representando o conjunto um modo de compreensão e teorização dos fenômenos investigados. A qualidade dos textos resultantes das análises não depende apenas de sua validade e confiabilidade, mas é, também, 43consequência de o pesquisador assumir-se como autor de seus argumentos.

Por fim, o processo auto-organizado, é considerado pelos autores como o “movimento da desordem em direção a uma nova ordem, a emergência do novo a partir do caos, ou seja, um processo auto-organizado e intuitivo” (MORAES; GALIAZZI, 2011, p. 42), culminando numa produção de metatextos.

É importante ressaltar que durantes as etapas, são os objetivos do pesquisador que indicarão o equilíbrio a ser atingido, captando esse movimento e expressando-os. Essa etapa é considerada um permanente desafio para os autores (ibid.). Dessa forma, segundo Assmann (1998 apud MORAES, 2003, p. 209)

[...] a análise textual qualitativa pode ser compreendida como um processo auto-organizado de construção de novos significados em relação a determinados objetos de estudo, a partir de materiais textuais referentes a esses fenômenos. Nesse sentido é um efetivo aprender, aprender auto- organizado, resultando sempre num conhecimento novo.

Assim, conforme Moraes e Galiazzi (2011), a ATD permite que o pesquisador compreenda o processo e as transformações das ideias e da escrita por meio dessas etapas, criando novos conhecimentos a partir dos fenômenos investigativos.

4 UMA ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DAS PROFESSORAS DO 1ºANO ACERCA

DO ENSINO, DA APRENDIZAGEM E DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO

A formação do professor dos anos iniciais ocorre, geralmente, por meio do curso de Licenciatura em Pedagogia. No entanto, alguns realizam formações continuadas, como cursos de extensão ou especializações que possibilitam diferentes modos de perceber o ensino, a aprendizagem e o conhecimento matemático.

Com o intuito de verificar de que modo tais percepções se constituíram nos professores colaboradores dessa pesquisa, neste capítulo será apresentado uma análise das respostas dadas por eles ao questionário e das observações realizadas pela pesquisadora das aulas em que os conteúdos desenvolvidos eram de Matemática. Além dessas percepções, pretende-se identificar o modo que essas professoras utilizam recursos que podem, de certa forma, contribuir, para que alguns conceitos e habilidades necessárias aos estudantes sejam desenvolvidos desde o primeiro ano.

Em relação à análise realizada, vale ressaltar, que de acordo com Moraes e Galiazzi (2011): “Todo texto possibilita uma multiplicidade de leituras; leituras essas relacionadas com as intenções dos autores, com os referencias teóricos dos leitores e com os campos semânticos em que se inserem.” (p.13). Desse modo, essa análise poderia ter sido outra se outras questões fossem feitas ou analisadas.

Em particular, para dar conta do objetivo proposto, as perguntas foram separadas em quatro categorias, que de acordo com Moraes e Galiazzi (2011) são chamadas de categorias definidas a priori. Desse modo, as categorias de análise escolhidas estavam relacionadas: aos conceitos matemáticos; ao ensino; às dificuldades de aprendizagem; à discalculia.