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4.4.1 Custos de Produção

Para determinação dos custos, consideraram-se as despesas relacionadas aos centros de custos apresentados na tabela 3.

TABELA 3. CENTROS DE CUSTOS DE ERVAIS NATURAIS SOMBREADOS COM ADENSAMENTO NA REGIÃO DE ESTUDO

CENTROS DE CUSTOS

Aquisição de insumos e ferramentas Custos de implantação

Custos de poda e colheita Custos de manutenção

Pagamento de impostos e taxas Remuneração do capital fixo

FONTE: A autora (2012).

Esta estrutura é semelhante na composição dos custos fixos, variáveis e totais para os três estratos de tamanho considerados, conforme apresentam-se a seguir.

4.4.1.1 Custos Fixos

Os custos fixos apresentados nesta pesquisa estão inseridos nos centros de custos denominados “Remuneração do capital fixo” e “Depreciação”.

a) Remuneração do capital fixo

Como “remuneração do capital fixo”, entende-se o custo corresponde ao pagamento pelo uso do capital ocupado (SÁ et al., 1998, p.2). Foi considerado como capital fixo a terra disponibilizada como Reserva Legal, a qual representa uma área não passível de utilização ocasionando diminuição da área aproveitável da propriedade. O valor da terra utilizado para embasar sua remuneração foi obtido através de pesquisa em base de dados da SEAB (2011b), a qual dispunha dos preços do mercado de terras do Paraná, considerando-se como taxa de desconto 3% ao ano como preconizado por CONAB (2010, p.19).

b) Depreciação

Silva, Jacovine e Valverde (2008, p.120) definem como “depreciação” o custo proveniente do uso de bens não consumidos no período de um ano, calculada com base na fórmula 02:

sendo: De = Depreciação (R$/ano) V.A. = Valor de aquisição (R$) V.R. = Valor Residual (R$) V.U. = Vida útil (anos)

Nesta pesquisa, os valores utilizados provêm da Instrução Normativa n.162 da SRF (1998), que em seu anexo I apresenta a depreciação percentual de diversos produtos.

4.4.1.2 Custos Variáveis

Os custos variáveis estão compostos nos centros de custos “Aquisição de insumos e ferramentas”, “Custos de implantação”, “Custos de colheita”, “Custos de manutenção” e “Pagamento de impostos e taxas”.

a) Aquisição de insumos e ferramentas

Consideram-se todos os materiais utilizados durante a implantação, exploração e manejo da erva-mate na área. Para os três estratos de tamanho estudados, os componentes deste centro de custos são os apresentados na tabela 4.

TABELA 4. INSUMOS E FERRAMENTAS UTILIZADOS PARA IMPLANTAÇÃO, EXPLORAÇÃO E MANEJO DE ERVAL NATIVO ADENSADO NA REGIÃO DE ESTUDO.

COMPONENTE ESPECIFICAÇÃO

Adubo orgânico Cama de aviário

Muda de erva-mate

Enxada Para limpeza da área ao redor da planta

Foice Para limpeza dos galhos da planta

Facão Para poda

Lima para afiar Para afiar o facão

EPIs colaboradores Luvas, calçados, perneiras, capa de chuva

Poncho Suporte de lona para acolher as folhas no campo durante a poda

Fonte: a autora (2012).

b) Custos de implantação

São os custos de execução de técnicas silviculturais como capina, coveamento, adubação e plantio das mudas de erva-mate, compondo assim a fase inicial de limpeza e adensamento da área.

c) Custos de colheita

Referem-se aos custos despendidos nas podas de formação e produção das erveiras.

No início são realizadas podas de formação das plantas nativas, com frequência anual, além do adensamento. A partir da 2ª poda de formação, inicia-se a

poda de produção, de frequência bienal. As plantas adensadas iniciam sua produção posteriormente, porém em frequência anual. Assim, após o início da produção tanto das plantas nativas quanto das adensadas, a colheita se dá de forma alternada, sendo em um ano unicamente originada das plantas adensadas, e no ano seguinte, originada das plantas nativas adensadas e das nativas locais.

d) Custos de manutenção

São considerados os custos referentes à roçada efetuada na área para evitar competição entre as plantas, além de auxiliar na limpeza da região circundante às erveiras, permitindo sua melhor produção. Estes custos foram diferenciados conforme os tratos necessários às plantas nativas adensadas e as plantas nativas locais.

e) Pagamento de impostos e taxas

Neste grupo, por fim, foi considerado como custo variável o pagamento de encargos trabalhistas, os quais dependem da quantidade de pessoal envolvido na atividade e diferem quanto ao estrato de tamanho de propriedade.

Os donos de propriedades pequenas efetuam o pagamento de diárias de R$ 45,00, preço este praticado na região conforme informações coletadas em campo. Foi observado em campo que há uma relação contratual por tempo determinado entre proprietário de terras e colaboradores, prática legal com base na lei n. 5.889 (BRASIL, 1973). De acordo com a legislação, é necessário que se faça o pagamento dos encargos sociais proporcional ao tempo trabalhado, porém não houve esta constatação durante a coleta de dados primários.

Considerando que a presente pesquisa visa estudar a viabilidade econômica de forma coerente com as devidas legislações, foi considerada a alocação do pagamento de encargos sociais aos colaboradores atuantes em pequenas propriedades rurais, por ser exigido legalmente e assegurar o trabalhador rural quanto aos seus direitos.

Nas propriedades médias e grandes foi considerada a contratação de pessoal com carteira assinada, o que é possibilitado graças à magnitude de produção e a disponibilidade de recursos dessas categorias produtivas, principalmente nas grandes propriedades. As médias, apesar de apresentarem

situação social mais próxima ao encontrado nas propriedades pequenas, não possuem respaldo legal quanto à contratação de pessoal e isenção de taxas governamentais, sendo aqui consideradas com as mesmas exigências trabalhoistas das propriedades grandes.

O pagamento aos colaboradores contratados nestas categorias de tamanho de imóvel se dá por meio de salários equivalentes a R$ 705,00, respaldadas pela Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho, n.31 (MTE, 2005), que trata da contratação de colaboradores em atividades florestais, agropecuárias, silviculturais e pesqueiras.

Para os três estratos de tamanho avaliados, a alíquota de FGTS considerada equivale a 8%, estabelecida pela lei 5.889 (Brasil, 1973).

4.4.2 Receita Obtida

A receita total apresentada nesta pesquisa foi obtida a partir da quantidade de folhas produzidas no erval, multiplicada pelo preço recebido pelo produtor rural, conforme explicita a fórmula 03.

P

Q

R

ESA

p

onde:

RESA = Receita obtida de um erval sombreado adensado (R$/ha)

Qp = Quantidade produzida pelo produtor (kg)

P = Preço recebido pelo produtor (R$)

A composição da quantidade de folhas produzida refere-se à soma de duas produções: uma oriunda das plantas nativas e outra das plantas adensadas. Estas produções foram calculadas com base na densidade média de plantas para cada estrato declaradas nas entrevistas, chegando aos valores de produção de 15 kg de folhas por árvore adensada e 45 kg para árvores nativas.

Os preços recebidos pelos proprietários compunham o questionário aplicado durante a pesquisa de campo, sendo então calculado para cada estrato de tamanho de propriedade rural um preço médio. Verificou-se que estes preços médios foram semelhantes aos apresentados por SEAB (2011a), para o mesmo período.

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