• Nenhum resultado encontrado

Método de avaliação global de desempenho higrotérmico de habitações de interesse social

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

SELECIONADOS PARA O ESTUDO

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. Método de avaliação global de desempenho higrotérmico de habitações de interesse social

Outra ferramenta utilizada por alguns pesquisadores para avaliar o desempenho higrotérmico de edificações consiste na aplicação de parâmetros térmicos através de procedimentos de cálculos matemáticos. Dentre alguns estudos já desenvolvidos sobre o assunto destaca-se Grigoletti (2007), que desenvolveu um método de avaliação de desempenho higrotérmico de habitações térreas unifamiliares de interesse social para cidade de Porto Alegre/RS, que foi aplicado neste trabalho. Em sua pesquisa “é proposto um

conjunto de procedimentos, baseados em modelos físicos simplificados, para avaliação de desempenho higrotérmico que considere o comportamento da edificação como um todo” (GRIGOLETTI, 2007, p. 1). Baseada em estudos existentes, Grigoletti (2007) selecionou um conjunto de parâmetros térmicos de avaliação de desempenho higrotérmico global e aplicou em quatro projetos de HIS unifamiliar e térrea da cidade de Porto Alegre, denominados Aglotec, Alvorada, projeto-referência 1 e projeto-referência 2.

Grigoletti (2007) dividiu em dois grupos os parâmetros considerados para a avaliação. O primeiro grupo apresenta as propriedades térmicas dos componentes da edificação considerados de forma isolada: resistência térmica total, RT, transmitância térmica, U, atraso

térmico, φ, coeficiente de amortecimento, µ, absortância, α, e fator de calor solar, FSo, que

seguem os procedimentos de cálculo descritos pela ABNT (2005b). O segundo grupo considera o comportamento da edificação como um todo: coeficientes volumétricos globais de perdas e ganhos de calor para período de inverno e verão, GVinverno e GVverão, condensação

superficial interna sobre os fechamentos, tsi x torvalho, efeito de superfícies frias ou quentes

sobre a homogeneidade do conforto expresso através da assimetria da radiação térmica, ΔTrp,

coeficiente de superfície pesada equivalente, coefSPE, efusividade térmica do ambiente, efamb,

coeficiente da cobertura sul/sudeste, coefcoberturaS e coeficiente de parede norte/nordeste,

coefparadeN.

Após a aplicação dos parâmetros nas habitações, análise das medições in loco e levantamento junto a agentes e especialistas em HIS, Grigoletti (2007) definiu o conjunto de parâmetros térmicos que deveriam permanecer na proposta final do método. Alguns dos parâmetros calculados foram excluídos pela autora por não serem sensíveis às habitações avaliadas, por não serem relevantes para os especialistas ou porque podem ser expressos através de outro parâmetro térmico. Os valores de pontuação dos requisitos foram definidos conforme a importância dada pelos especialistas. Os valores dos critérios foram definidos pelos próprios resultados de desempenho das habitações avaliadas. Para algumas habitações foram efetuados ajustes a fim de adequá-las aos critérios propostos. A proposta final do método desenvolvido por Grigoletti (2007) está apresentada na tabela 1.

50

Tabela 1 - Requisitos e critérios para avaliação de desempenho higrotérmico de habitações de interesse social em Porto Alegre

requisito/parâmetro ou diretriz critério ponderação edificação

1 redução de perdas térmicas no inverno /

coeficiente volumétrico global de perda de calor

3,1

≤ GVinverno ≤ 4,0 3

2,0

≤ GVinverno ≤ 3,0 4

GVinverno < 2,0 5

2 redução de ganhos térmicos / coeficiente

volumétrico global de ganho de calor

16,5 ≤ GVverão ≤ 18,0 3 14,5 ≤ GVverão ≤ 16,4 4 GVverão < 14,5 5 3

inércia térmica da edificação para aquecimento e resfriamento / coeficiente de superfície pesada

equivalente

coefSPE ≥ 1,5 5

4 captação de radiação para aquecimento fechamentos transparentes voltados

para Nordeste a Noroeste 5

total parcial

N1 16

N2 18

N3 20

cobertura

5 redução de perdas térmicas no inverno /

transmitância térmica situação de inverno Ucobertura ≤ 2,80 2

6 inércia térmica / atraso térmico inverno φ ≥ 1,1 h 5

7 inércia térmica da edificação / atraso térmico

verão φ ≥ 1,3 h 2

8 redução de ganhos térmicos no verão / fator de

calor solar verão FSo ≤ 4,0 % 2

Tabela 1 – continuação

requisito/parâmetro ou diretriz critério ponderação paredes

9 inércia térmica da edificação / atraso térmico φ ≥ 4,0 h 5

10 controle de perdas e ganhos de calor / fator de

calor solar FSo ≤ 3,4 % 1

11 redução de ganhos térmicos no verão /

sombreamento parede oeste a noroeste

possibilidade de sombreamento

apenas no verão 3

total parcial 9

fechamentos transparentes

12 área para ventilação por cômodo 15 % ≤ Aventilação ≤ 25 % 4

13 ventilação cruzada aberturas em planos opostos da

edificação 4

14 orientação das aberturas para captação de ventos

de verão

aberturas voltadas a Sudeste ou

Leste 4

15 dispositivos de segurança para ventilação

noturna

presença de dispositivos opacos externos de segurança que permitam no mínimo 50 % de

ventilação

4

16 proteção contra radiação solar presença de dispositivos externos

móveis de sombreamento 4 total parcial 20 total N1 56 N2 58 N3 60 Fonte: GRIGOLETTI (2007, p. 225-226)

“Na formatação final do método, os parâmetros térmicos propostos no método estão ligados a requisitos, ou seja, a um conjunto de condições qualitativas que devem ser satisfeitas pela habitação a fim de garantir o conforto térmico dos seus usuários” (GRIGOLETTI, 2007, p. 221). Estes requisitos são avaliados com pontos que variam de 1 a 5 e os projetos atingem esses valores conforme satisfaçam os critérios propostos.

Por fim, os quatro projetos avaliados foram submetidos à avaliação com o método proposto a fim de gerar as classificações possíveis de serem atingidas por outros projetos que são determinadas pela soma da pontuação dos critérios adotados. As possíveis classificações estão apresentadas na tabela 2.

52

Tabela 2 - Classificações possíveis para habitações térreas unifamiliares de interesse social para as condições climáticas de Porto Alegre/RS

classificação avaliação pontuação

A resultado ótimo 51 a 60

B resultado médio 46 a 50

C mínimo aceitável 40 a 45

Fonte: GRIGOLETTI (2007, p. 228)

Concluindo, a autora salienta a importância da melhoria nos padrões de qualidade das HIS implementadas atualmente no Brasil e a responsabilidade dos profissionais projetistas e do mercado da construção civil em buscar soluções mais adequadas e que propiciem mais conforto aos usuários das edificações.

“Os profissionais de diferentes setores, públicos e privados, devem ter consciência de sua função social e devem assumir suas responsabilidades no conhecimento e aplicação de diretrizes e recomendações que garantam que as habitações [...] atinjam um desempenho mínimo desejável, principalmente para a situação do Brasil contemporâneo, com poucos recursos para os inumeráveis problemas sociais que possui.” (GRIGOLETTI, 2007, p. 230).