Método de pesquisa

Existem na literatura muitas formas de se definir o que seja pesquisa científica. Assume-se nesse trabalho que pesquisa científica é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos.

Segundo Lakatos e Marconi (1989), método de pesquisa é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite ao pesquisador alcançar o objetivo, que de forma genérica poderá ser interpretado como conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando-lhe o caminho a ser seguido na condução das suas atividades de pesquisa.

O método desta pesquisa é o estudo de caso. Yin (2001, p. 21) afirma que:

”... o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores.”

Yin (2001, p.28) argumenta também que o estudo de caso como estratégia de pesquisa é mais apropriado quando “faz-se uma questão do tipo como ou por que sobre um conjunto contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle.” As idéias acima apresentadas ratificam a escolha do estudo de caso como método desta pesquisa. Dado que o estudo em questão visa a analisar um fenômeno contemporâneo do campo da administração de empresas, em que o pesquisador não pode manipular comportamentos relevantes e cujos objetivos propostos visam fazer ligações do fenômeno estudado (compartilhamento do conhecimento) com as variáveis de pesquisa ao longo do tempo, o método do estudo de caso é uma estratégia adequada. Ademais, o método do estudo de caso é uma estratégia adequada de pesquisa, segundo Eisenhardt (1989), para 3 finalidades: descrever detalhadamente um fenômeno, construir teoria e testar teoria. A pesquisa possui inerentemente caráter descritivo em função de seu objetivo, além de, de forma secundária e indireta, ter o

objetivo de contribuir, pelo menos com evidências, para a formação de teoria mais robusta sobre gestão do conhecimento, particularmente o processo de compartilhamento aqui estudado.

É válido ressaltar também que existem várias formas de se classificar as pesquisas científicas. Segundo Silva e Menezes (2001), as formas mais comuns de classificação das pesquisas científicas são:

Do ponto de vista de sua natureza;

Em função da forma de abordagem do problema; Do ponto de vista de seus objetivos e;

Em função dos procedimentos técnicos utilizados.

Esse estudo é classificado, do ponto de vista de sua natureza, como uma pesquisa aplicada, dado que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos (processo de compartilhamento de conhecimentos).

Já em relação à forma de abordagem do problema, essa pesquisa pode ser classificada como sendo uma pesquisa qualitativa, dado que possui caráter descritivo, enfoque indutivo, o ambiente natural como fonte direta de dados (a própria empresa e pessoas da empresa estudada) e o processo como foco principal da abordagem.

Do ponto de vista de seus objetivos, esse estudo pode ser classificado como sendo uma pesquisa descritiva, dado que visa a descrever as características do fenômeno compartilhamento de conhecimento (como e por que ocorre).

Por fim, corroborando com o que já fora discutido, a pesquisa é um estudo de caso, em função do procedimento técnico utilizado. Vale ressaltar que é um estudo profundo e exaustivo sobre o tema compartilhamento de conhecimento.

Em outra abordagem para caracterização de uma pesquisa, Cooper e Schindler (2003) definem oito critérios descritores de pesquisa (vide quadro 7.) : escopo, grau de cristalização das questões de pesquisa, poder do pesquisador de produzir efeitos nas variáveis estudadas, objetivo do estudo, tempo de execução da pesquisa, ambiente de pesquisa, percepção dos entrevistados, e método de coleta de dados. Por esses critérios, essa pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso, exploratória, ex post facto, descritiva, transversal, em ambiente de campo, com rotina modificada e com o método de coleta de dados de interrogação/comunicação.

Categoria Opções

O grau em que as questões de pesquisa foram cristalizadas  Estudo exploratório  Estudo formal

O método de coleta de dados  Monitoramento

 Interrogação / comunicação O poder do pesquisador de produzir efeitos nas variáveis

que estão sendo estudadas

 Experimental  Ex post facto

O objetivo do estudo  Descritivo

 Causal

A dimensão de tempo  Transversal

 Longitudinal

O escopo do tópico – ambiente e profundidade – do estudo  Caso

 Estudo estatístico O ambiente de pesquisa

 Ambiente de campo  Pesquisa de laboratório  Simulação

As percepções das pessoas sobre a atividade de pesquisa  Rotina real

 Rotina modificada

A pesquisa em questão visa a estudar o processo de compartilhamento do conhecimento, com foco na gestão do processo. Portanto, o escopo é mais profundidade do que amplitude. Dessa forma, a pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso em função do seu escopo.

A pesquisa se configura como um estudo exploratório dado que seu caráter principal é compreender melhor o processo de compartilhamento do conhecimento, ou seja, visa a gerar estruturas soltas com o objetivo de descobrir futuras tarefas de pesquisa.

A pesquisa é classificada como ex post facto em função do poder do pesquisador de produzir efeitos nas variáveis estudadas, pois não há qualquer tipo de controle das variáveis no sentido de poderem ser manipuladas.

O objetivo da pesquisa é estudar como e por que ocorre a disseminação do conhecimento de uma organização em seu âmbito interno e analisar as barreiras e facilitadores deste processo, ou seja, possui caráter descritivo em função de seu objetivo.

A pesquisa é classificada como transversal de acordo com a dimensão de tempo. Não é analisado o fenômeno ao longo do tempo e, sim, é um estudo feito uma vez representando um instantâneo de um determinado momento. Isso não significa que as ações do passado e perspectivas futuras sobre o fenômeno do compartilhamento na empresa sejam ignoradas. Significa apenas que estas ações e perspectivas são analisadas no instantâneo da elaboração do estudo.

A coleta de dados primários foi feita via entrevistas e aplicação de questionários com os respondentes em seus respectivos locais de trabalho. Portanto, a pesquisa é caracterizada em função do ambiente de pesquisa como uma pesquisa de condições de campo.

Com relação às percepções das pessoas entrevistadas sobre as atividades de pesquisa necessariamente pressupõe-se uma percepção de rotina modificada, dado que, ao tomar contato com os instrumentos de pesquisa, se desligaram temporariamente de suas atividades cotidianas e pensaram mais cuidadosamente sobre o tema da mesma.

Os questionamentos e a coleta das respostas foram feitos através de meio pessoal via, entrevistas e através de instrumentos auto-administrados enviados por correio eletrônico. Dessa forma, o método de coleta de dados da pesquisa é o de interrogação/comunicação.