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4. METODOLOGIA

4.2. Método de Diferenças em Diferenças (DD)

O método de DD busca calcular uma dupla diferença da variável dependente

entre os grupos de tratamento e controle, para amostras que apresentam dados para

mais de um período no tempo, seja na forma de cross sections (corte transversal) ou

painéis. Para tanto, esta modelagem assume alguns pressupostos.

Um deles reforça que, para identificar o impacto, neste caso, do ProAcesso, o

grupo de controle precisa ser um bom contrafactual para o grupo de tratamento

(Cameron e Trivedi, 2005). Especificamente para este trabalho, os municípios do

grupo de controle devem reunir características semelhantes ao grupo de tratamento,

anteriormente à realização do ProAcesso. Caso contrário, a existência de

características diferentes poderia influenciar o resultado no sentido de que o efeito

observado não seria resultado apenas do tratamento.

Outro pressuposto assume que a formação dos grupos não deve variar

significativamente entre os períodos estudados (Khandker, Koolwal e Samad, 2010).

Caso varie, as estimativas do efeito do tratamento seriam tendenciosas. Como o

ProAcesso terminou no ano de 2010, tem-se conhecimento dos municípios que foram

selecionados pelo Estado para a participação do programa, portanto não há variação

deste grupo. Além disso, por exclusão, tem-se conhecimento dos municípios que não

participaram do programa.

Não se pode haver nenhum evento heterogêneo entre os dois grupos após o

tratamento, pois ele poderia influenciar o impacto percebido pela variável dependente,

impacto este que agora não seria advindo unicamente do efeito de tratamento do

ProAcesso. Por evento heterogêneo, entende-se a ocorrência de alguma situação ou

fenômeno nos municípios, pertencentes a um dos dois grupos em questão.

de controle não sejam correlacionadas com o termo de erro aleatório, como na equação

(25). Isto significa que o ProAcesso, neste caso, poderia ser entendido como exógeno,

no sentido de que o Programa modificou os incentivos dos agentes nos municípios

escolhidos por conta da melhor acessibilidade, fazendo com que o comportamento

destes agentes também tenha se alterado.

Por fim, existe um pressuposto mais geral acerca dos métodos de efeitos para

avaliação de impacto de tratamentos, mas que também se aplica às diferenças em

diferenças. A SUTVA (stable unit treatment value assumption), estabelecida por

Rubin (1977), assume que, para o tratamento em questão, a pavimentação da principal

via de acesso do município i afetaria apenas o crescimento econômico do próprio

município, e não as taxas de crescimento dos municípios contíguos, fossem eles do

grupo de tratamento ou do grupo de controle.

O período avaliado no estudo corresponderá aos anos de 2000, anterior à

criação do ProAcesso, e ao de 2010

4

, último ano do programa.

Utilizando a notação de Meyer (1995) para especificar o modelo DD, tem-se:

= +

+

+

+

+

(25)

em que j corresponde ao grupo em questão, sendo j = 1 para o grupo de tratamento e

0 para o controle; i, ao município selecionado e t, ao período do tempo, de maneira

que

= corresponda ao ano de 2000 e = a 2010. A variável dependente, neste

caso a taxa de crescimento econômico, é representada por y

5

. Note-se que é o efeito

fixo municipal, comum e homogêneo a ambos os grupos. A variável dummy

representa o período de tempo, em que

= para o ano de 2010 e

= para o ano

2000, sendo

seu parâmetro.

6

, por sua vez, assumirá valor unitário apenas se j =

4 A opção pelos anos de 2000 e 2010 se deve em função de que algumas variáveis utilizadas para este

estudo foram pesquisadas pelo IBGE apenas em anos censitários. Todavia, entende-se que os benefícios promovidos aos municípios mineiros pelo ProAcesso se estenderam além ao ano de 2010.

5 Para o objetivo específico (a), a variável dependente y será dada pelas taxas de crescimento econômico

dos setores agropecuário, industrial ou de serviços.

6 No que se refere ao objetivo específico (b), a variável binária será substituída pelo total da extensão

que foi pavimentada, em quilômetros. Desta forma, a abordagem utilizada não se baseará num tratamento binário, concentrando-se assim não apenas no efeito de tratamento, mas também no tamanho do tratamento, representado pela extensão pavimentada nos municípios pertencentes ao grupo de tratamento. Aplicações semelhantes a esta foram feitas nos trabalhos de Kiel e McClain (1995) e Postali (2009). Para o objetivo específico (c), a variável binária será substituída por índices de acessibilidade disponibilizados em Cesar (2010). Em vista disso, pretende-se corrigir quaisquer erros de medida na construção da variável de infraestrutura, mensurando-a de forma mais precisa.

1 e t = 1, tendo o valor zero caso contrário. Já é o parâmetro de interesse que medirá

os resultados do ProAcesso;

é um vetor composto por variáveis de controle,

embasadas no modelo de crescimento econômico exposto no terceiro capítulo; e será

o vetor de parâmetros responsáveis por mensurar os efeitos destas variáveis. Por sua

vez,

é o parâmetro da dummy de grupos a ser estimado. Finalmente,

é o erro

aleatório, com média zero e variância constante.

Uma das maneiras de verificar o impacto do tratamento na variável dependente

é comparar

antes e depois do ProAcesso. Logo, para o grupo de tratamento, tem-

se:

[ ] = +

+

+ +

+

(26)

[ ] = +

+

+

(27)

Analogamente, para o grupo controle:

[ ] = +

+

+

(28)

[ ] = +

+

(29)

Objetivando encontrar o efeito do tratamento, pode-se encontrar a mudança em

a partir de

= para = , dentro de cada grupo:

= [ ] − [ ] =

+ +

+

(30)

= [ ] − [ ] =

+

+

(31)

Entretanto, a estimação da equação (30), para os municípios tratados, gerará

resultados tendenciosos, uma vez que o crescimento econômico não se dá apenas pelos

fatores aqui relacionados com o programa. Então, para determinar o efeito de

tratamento, o método DD permite eliminar os efeitos não observados por meio da

diferença entre as equações (30) e (31):

Novamente aplicando o operador de esperança e assumindo que

[

+

] = , uma vez que os erros são aleatórios, tem-se:

− ∆

= (33)

ou de maneira semelhante:

− ∆

= (34)

em que é o estimador de diferenças em diferenças.

Wooldridge (2002) e Cameron e Trivedi (2005) explicam então que, se

existirem dois períodos, antes e depois do tratamento, o efeito a ser mensurado,

,

semelhante ao encontrado em (25), pode ser obtido pela estimação de uma equação

em primeiras diferenças:

= + ∆

+ ∆

+ ∆

(35)

em que

novamente corresponderia à taxa de crescimento econômico per capita de

um município mineiro qualquer i no período t; o coeficiente , o tratamento fornecido

por

, medirá os resultados do ProAcesso;

é o vetor de variáveis de controle; e

, o erro aleatório.