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PARTE II – ESTUDOS EMPÍRICOS

3.2 Método

3.2.1 Delineamento e Hipóteses

Caracteriza-se como um estudo de campo de corte transversal quantitativo e descritivo, o qual tem como objetivo construir e validar uma escala de Percepção frente à Vulnerabilidade às DSTs/HIV e Gravidez não planejada em Adolescentes jovens, tendo como base os pressupostos de Ayres, Paiva e Buchalla (2012). Parte-se das seguintes hipóteses:

H0: A análise fatorial não apresentará três fatores não confirmando as dimensões da teoria da

vulnerabilidade.

H1: A análise fatorial apresentará três fatores confirmando as dimensões da teoria da

vulnerabilidade.

3.2.2 Procedimentos Teóricos (Construção dos Itens)

Os itens do instrumento foram construídos a partir das categorias dos grupos de discussão do estudo realizado por Ribeiro (2010), o qual averiguou a vulnerabilidade de estudantes de ensino médio do Estado da Paraíba as DSTs/ HIV e a gravidez não planejada. O instrumento tem como base a teoria da vulnerabilidade e seus itens foram formulados a partir da representação comportamental do traço latente, que aqui é entendido como os fatores que compõem a teoria, que neste caso seria a vulnerabilidade individual, social e pragmática. Contudo, como foi apresentada na abordagem teórica da vulnerabilidade a mesma não se descreve como um construto fechado, mas dinâmico, nos quais a vulnerabilidade é uma entidade que irá circundar o indivíduo a partir do contexto das interações intersubjetivas aos quais ele vivência no contexto cultural e simbólico ao qual ele esta inserido.

Sendo assim, o que será analisado, é a percepção que cada participante possui dos fatores que compõem a teoria, como descrito na Tabela 4. A percepção de vulnerabilidade foi entendida como a propensão do participante em assumir uma determinada escolha, tendo como base suas crenças, as informações vinculadas no meio social e programas de assistência à saúde que ele dispõe, sendo refletido em suas atitudes frente a uma prática sexual segura.

Tabela 4 - Fatores da Escala

Vulnerabilidade Fatores

Percepção Envolvimento cognitivo/sensibilidade

Individual Valores; Atitude; Comportamentos; Relações afetivo-sexuais;

Relações Familiares; Relações de Amizades; Situações psicoemocionais; Crenças; Conhecimento e Informações;

Social Normas Sociais; Referências Culturais; Relações de Gênero; Acesso a

Saúde; Acesso a Educação; Normas e Crenças Religiosas;

Programática Campanhas e Acesso; Definições de políticas específicas;

Planejamento e avaliação das politicas; Organização do setor de saúde; Acesso aos serviços; Compromisso e responsabilidade dos profissionais

Ressalta-se ainda que, com este instrumento, não se almeja a generalização da vulnerabilidade para a adolescência e jovens em geral, mas àqueles que estão inseridos no contexto apresentado. Feito este esclarecimento, tem-se como hipótese de estudo que o grupo experimental apresentará um menor escore na escala de percepção de vulnerabilidade comparada ao grupo controle, após a intervenção psicoeducativa.

Após a construção dos itens, os mesmos passaram por duas análises: Análise semântica e Análise por Juízes (Pasquali, 2003). A análise semântica se deu a partir da apresentação dos itens a três grupos de jovens (3-4 membros) para observar a compreensão e coesão dos mesmos. A cada aplicação em pequenos grupos, seguia-se uma discussão com os sujeitos a respeito de possíveis incompreensões dos itens do teste, em função das formulações das frases. As críticas e sugestões de cada sujeito eram então anotadas e discutidas pelo grupo de especialistas (dois pesquisadores), resultando em modificações do teste. As reformulações foram incorporadas e o teste foi reaplicado a outro pequeno grupo de sujeitos, até que não se encontrou mais problemas de compreensão na sua aplicação, tornando-se, portanto mais claro e fácil de ser compreendido pela população-alvo. Para o segundo procedimento, quatro peritos na área de vulnerabilidade avaliaram os itens e observaram sua adequação aos traços em questão, concordado com os mesmo e demonstrando haver validade aparente.

As respostas aos itens foram dadas em escala do tipo Likert com 10 pontos, variando entre nunca/sempre; discordo totalmente/concordo totalmente. Desta forma, torna-se factível classificá-la em níveis satisfatórios, tendo como base o próprio processo de avaliação escolar brasileira. No instrumento de mensuração era apresentada uma afirmação (crença, afeto, comportamento) a qual o participante classificaria frente ao seu nível de concordância: concordo plenamente (10- 8), concordo, mas não totalmente (7-6); e discordo plenamente (5- 1).

Foi realizado um pré-teste do instrumento para avaliar, de forma mais abrangente, a compreensão, duração e aceitação geral do instrumento e abordagem, neste intuito o questionário foi aplicado a uma turma de nono ano de uma escola estadual para avaliar a compreensão e a forma de validação da escala. Os resultados demonstraram serem satisfatório e sem dificuldade na compreensão e na forma de resposta, com tempo médio de resposta de 40 minutos.

3.2.3 Procedimento Experimental (Aplicação do Instrumento) 3.2.3.1 Seleção da Amostra/Participantes

A população deste estudo é constituída por jovens (14 - 24 anos), matriculados em escolas de ensino médio, públicas e privadas, da Cidade de João Pessoa. Uma amostra representativa foi determinada através da estratificação por região geográfica do Município – Leste, Oeste, Norte e Sul. Uma amostra por aglomerado foi selecionada em cada zona da cidade, tendo como base as instituições de ensino ali inseridas.

Tabela 5: Regiões Geográficas do Município de João Pessoa

Região Bairros de João Pessoa

Zona Norte Centro; Varadouro; Róger; Torre; Tambiá; Jardim 13 de Maio; Padre Zé; Estados; Ipês; Mandacaru; Alto do Céu; Jardim Esther; Jardim Mangueira; Conjunto Pedro Gondim;

Zona Sul Castelo Branco; Bancários; Jardim São Paulo; Anatólia; Jardim Cidade Universitária; Água Fria; Ernesto Geisel; Valentina Figueiredo; Paratibe; Praia do Sol; Conjunto Boa Esperança; José Américo; Costa e Silva; Mangabeira(I a VIII); Cidade Verde; Esplanada; Ernâni Sátiro; Funcionários (I a IV); Grotão; João Paulo II; Distrito Industrial; Bairro das Indústrias; Zona Oeste Jaguaribe; Cruz das Armas; Oitizeiro; Rangel; Cristo Redentor; Bairros dos

Novais; Alto do Mateus; Ilha do Bispo; Jardim Planalto; Jardim Veneza; Zona Leste Aeroclube; Brisamar; Cabo Branco; Tambaú; Tambauzinho; Expedicionários;

Bessa; Jardim Oceania; Manaíra; Altiplano; Miramar; Jardim Luna; João Agripino; São José; Intermares;

Os bairros sublinhados foram os locais onde se realizou a coleta

Esta seleção ocorreu a partir da população estudantil do ensino médio, escolas públicas e privadas, do Município de João Pessoa, a partir da qual foi calculada uma amostra representativa determinada por um processo de múltiplos estágios, estratificada por região geográfica (como na Tabela 5), escola e turmas. No último estágio, foram selecionadas, aleatoriamente, turmas inteiras (amostra por conglomerados) (Kelsey, Whittemore, Evans & Thompson, 1996). A unidade amostral foi, portanto, a turma escolar, mas a coleta e análise dos dados tiveram como unidade os alunos que concordarem em responder ao questionário e que atendam aos critérios de inclusão neste estudo. A Tabela 6 mostra a unidade amostral e método de seleção por estágio.

Tabela 6 – Unidade Amostral e Método de Seleção por Estágio

Estágio Unidade amostral Seleção

I Região geográfica da cidade

Todas as 4 zonas geográficas: Zona Norte; Zona Leste, Zona Oeste e Zona Sul

II Escolas Aleatória (será sorteada duas – uma partícula e outra pública) de cada Zona;

Para estimativa do tamanho da amostra, ou seja, para determinar a representatividade do número de escolares de cada região geográfica em relação à população total, recorreu-se à estratégia sugerida por Barbetta (2001), considerando um erro amostral de 5%.

n= N x n0 / N + n0n0= 1 / E02

Onde:

N tamanho (número de elementos) da população; n tamanho (número de elementos) da amostra; n0 aproximação inicial para tamanho da amostra; E0 erro amostral tolerável.

De acordo com o Censo Escolar 2009 (INEP/MEC, 2009), João Pessoa contava com 32.449 alunos matriculados no Ensino Médio, sendo 22.567 alunos em Escolas Públicas Estaduais e 9.882 alunos em Escolas Privadas de Ensino Médio. Desta forma, a amostra era para ser constituída por 777 estudantes, sendo 393 de escolas publicas e 384 de escolas particulares, estratificada de acordo com a Tabela 5, acima.

Entretanto, devido a dificuldades para adentrar nas instituições particulares, com impedimentos por parte dos pais dos alunos e dos coordenadores das instituições, o número de participantes deste estudo foi reduzido para 432 estudantes. Porém, assim sendo, dentre as 15 escolas particulares visitadas, apenas três escolas concordaram em participar do estudo, nenhuma na zona leste. Mesmo com a permissão da realização do estudo nas instituições públicas, foram selecionados o mesmo número de instituições das particulares, para que assim não houvesse discrepância nas comparações e criação de grupos critérios. Desta forma, ao todos foram seis escolas participantes: duas da zona norte – Torre e bairro dos Estados; duas da zona sul – Bancários e Valentina Figueiredo; duas da zona Oeste – Cruz das Armas e Cristo Redentor.

Foram adotados os seguintes critérios de exclusão de escolares: recusa a participar do estudo; ausência de informações importantes na escala (sexo e data de nascimento); escala devolvida com muitas questões em branco ou contendo respostas inválidas (mais de uma alternativa marcada por item).

3.2.3.2 Procedimentos

O instrumento foi aplicado em sala de aula em grupos de 20 a 30 alunos. Ressalta-se que, respeitando o código de ética em pesquisa, para os adolescentes com idade inferior a 18 anos foi solicitada a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos responsáveis legais destes jovens. Para tanto foi agendada uma visita uma semana antes do início da coleta nas escolas, na qual foi entregue aos adolescentes o documento para ser apresentado aos seus responsáveis legais, a coleta só se realizou com os adolescentes que devolverem o termo devidamente assinado. Os participantes maiores de 18 anos assinaram o consentimento.

Contudo, tendo como base o Art.10, do Código de Ética, no caso do sujeito de pesquisa ser menor de idade, além do consentimento de seu representante legal, foi esclarecido aos adolescentes o proposito da pesquisa e solicitado aos mesmos seu assentimento livre e esclarecido na medida de sua compreensão, deixando claro que a participação é voluntaria e a qualquer momento eles poderiam desistir da pesquisa e que as informações fornecidas seriam mantidas em sigilo, sem danos nenhum. Além disso, os alunos foram orientados para não se identificarem no instrumento, assinando tão somente o assentimento livre e esclarecido. Após a concordância dos mesmos foram continuamente assistidos por dois pesquisadores, previamente treinados, para possíveis esclarecimentos de dúvidas e auxilio no preenchimento das informações.

3.2.3.3 Análise dos Dados

O banco de dados foi construído a partir de digitação do instrumento com prévia codificação das respostas, utilizando o Software SPSS for Windows - versão18. Inicialmente, forma realizados procedimentos para análise exploratória de dados visando identificar eventuais omissões de respostas.

Em seguida, com a finalidade de se verificar a estrutura fatorial da medida foi feita uma Análise Fatorial. As extrações fatoriais foram realizadas através do método dos Componentes Principais, considerando-se os itens com cargas fatoriais iguais ou superiores a 0,35. O poder discriminativo dos itens foi verificado mediante o uso do test t a partir do qual foram comparadas as médias para cada item com o objetivo de verificar o poder de discriminação entre os grupos através de critérios internos. Para avaliar os índices de consistência interna dos fatores, foi utilizado o alfa de Cronbach.

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