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Esta pesquisa se orienta pelos pressupostos de uma epistemologia qualitativa e dialógica (Rey, 2005; Marková, 2008). Como argumentado em diferentes trechos dos capítulos anteriores, parte da consideração da mudança como condição epistemológica gerada a partir da dialogicidade da própria mente, senão como condição ontológica da realidade social em sua historicidade. Alguns fenômenos, porém, são produzidos em meio à mudança e adquirem aspecto de não-mudança, de estabilidade. A teoria das representações sociais, como teoria do conhecimento, fornece bases para o entendimento desse processo que articula a mudança inevitável com a estabilidade necessária. Assim, todo o conhecimento, inclusive o científico, é dialógico e representacional, formado simbolicamente, socialmente e historicamente a partir das relações Outro-Eu-Objeto (Marková, 2008). Além de dialógico, o conhecimento é construtivo-interpretativo e produzido não apenas na regularidade, legitimando o singular como instância de produção do conhecimento (Rey, 2005).

Sendo assim, busca na comunicação não apenas o que cada sujeito enuncia individualmente, mas a construção socialmente compartilhada de objetos que simbolicamente adquirem materialidade e organizam suas práticas. Como dito, é inseparável nesta perspectiva o produto (conteúdo) do processo que o constrói repetidamente. Dessa forma, as representações se organizam como universos simbólicos compartilhados que se concretizam na linguagem. Através dos usos da linguagem, levada em conta pelas palavras em seus contextos linguísticos e sociais, estabelece-se mundos lexicais, conjuntos de palavras que se organizam pelas relações que estabelecem entre si e entre elas e o contexto elementar (textual). Para expressar diferentes idéias, utilizamos diferentes palavras ou variamos o contexto de significação daquela palavra. Da mesma forma, diferentes escolhas lexicais expressam diferentes significados ou diferentes sentidos a partir das relações que estabelecem entre palavras e seu contexto elementar de uso. Os fragmentos de texto são o contexto elementar e imediato das palavras escolhidas e também a inserem num sistema de referências, enquadrado pelo texto a que eles pertencem, com suas características de produção, na interação que lhes dá origem e enunciação. Ainda, os textos são produzidos em interações sociais historicamente e culturalmente localizadas, e estes parâmetros se fazem presentes nos textos e

em seus fragmentos. Dessa forma, as palavras escolhidas adquirem significado a partir dessa estrutura de significantes em relação com seu contexto imediato (texto) e mediato (situação social e histórica).

Em outro sentido, o contexto social e histórico produz diferentes parâmetros de entendimento, componentes do mundo da vida, os quais organizam as tomadas de posição que serão discursivamente elaboradas. Os textos produzidos (conversas, debates, entrevistas, narrativas policiais etc) são concretizados através de escolhas lexicais que perseguem determinado fim ou concretizam determinado efeito. Essas diferentes escolhas lexicais estruturam também o interior do texto, modulando diferentes sentidos e também os significados associados às palavras em um contexto ou outro. Mais do que o que há de comum nesses universos lexicais, o foco é de que maneira eles se diferenciam em relação a momento histórico, referencial societal, princípios organizadores, pertencimento a grupos, situações de fala e contexto elementar. A representação não se estabelece fora da linguagem ou independente da mesma. Na separação de uma linguagem comum, não particularizada, em diferentes universos lexicais a partir dos usos em contexto e dos contextos de uso, tanto textuais como sociais, têm se a aproximação de como as representações se organizam.

Dessa forma, opta-se pela combinação de técnicas quantitativas e qualitativas de análise textual a partir de fonte secundária. Parte-se do léxico utilizado para discutir tais processos representacionais a partir dos contextos textuais e sociohistóricos.

5.1 - Procedimentos de construção do corpus

O corpus é definido como o conjunto de elementos textuais que serão analisados durante a pesquisa. Tem por base na presente pesquisa uma seleção a partir de discursos políticos centrados na temática da família. São duas as fontes de dados: uma, os debates ocorridos na tramitação (até o momento) do Estatuto da Família (PL 6583/13) na Câmara dos Deputados; outra, os debates ocorridos no julgamento sobre reconhecimento jurídico da união civil homoafetiva (ADIN 4277/ADPF 132).

Como forma de operacionalizar tal seleção, foi utilizada para a primeira fonte a ferramenta de pesquisa do site da Câmara dos Deputados. Tal ferramenta permite

filtrar por tema, palavra-chave, ano e tipo de comunicação. O corpus selecionado então foi dos discursos proferidos na Comissão Especial ao se tratar do Estatuto da Família. A comissão especial é criada para acompanhamento de determinada proposição legislativa quando de interesse específico (na prática, proposições cujo tema seja de competência de mais de três comissões de análise do mérito). As transcrições encontradas a partir da ferramenta de pesquisa do site da Câmara são íntegras das discussões apresentadas em plenário. Apresentam ainda informações quanto a data do discurso, os oradores e o tipo de comunicação. O corpus é unitário, sendo todos as falas inicialmente agrupados.

A segunda fonte também dispõe de ferramenta própria de pesquisa, que permite selecionar todas as falas que foram apresentadas em cada sessão de julgamento. É relevante que para o julgamento o Supremo Tribunal Federal ouviu um grande número de atores da sociedade civil. Porém, compõe o inteiro teor do julgamento disponibilizado pelo arquivo eletrônico do STF apenas as falas proferidas na apresentação dos votos do ministros. Este corpus também será considerado unitário, sem divisões internas.

As falas de cada participante foram caracterizadas segundo variáveis nominais, descritas no Apêndice C. Para as falas provenientes do julgamento no STF, a única variável assinalada foi a variável *min, que corresponde a qual ministro proferiu tal fala. Para as falas na comissão especial da Câmara dos Deputados, foram registradas as variáveis ano (*ano), tipo de reunião (*tip), sujeito (*suj), qualificação profissional e gênero (*qg), partido (*part) e unidade da federação (*uf).

5.2 - Procedimentos de análise

Serão realizadas duas principais análises do corpus, a análise lexical e, sobre ela, a análise psicossocial das dimensões da representação (Jovchelovitch, 2008).

Inicialmente e de forma exploratória, se dá a análise lexical por conjuntos de contexto. Será utilizado o software Iramuteq para empreender tal análise. Trata-se de análise a partir do léxico do texto, seu contexto imediato e das relações entre diferentes segmentos textuais. A análise efetuada trata-se de uma análise da estrutura dos discursos, baseado na escolha de vocabulário e suas relações com o texto como um todo.

A análise lexical feita por tal programa consiste na fragmentação do texto em trechos que são separados tomando por base o cálculo de chi-quadrado. Estes segmentos de texto são agrupadas em classes, que são grupos indivisíveis de segmentos de texto que compartilham um mesmo vocabulário, ou seja, falam de um mesmo assunto da mesma forma, diferente do assunto de outra classe. Ainda, palavras com um mesmo radical são reduzidas e analisadas conjuntamente. Posterior a esta divisão, comparando as associações das palavras entre si e analisando segmentos de texto que são características de determinada classe, é feita pelo pesquisador a análise semântica daquela classe, dando seu significado. Dessa forma, identifica-se grandes classes de texto que se diferenciam entre si, sendo seu significado analisado em função dos fragmentos de texto que a compõe e suas palavras mais características.

De forma mais detalhada, são feitas as seguintes etapas:

1) Relação das palavras existentes no corpus (conjunto de texto a ser analisado) com diminuição às suas formas reduzidas. Por exemplo, a forma reduzida garot* pode representar garoto, garota, garotos e garotas. O programa formula um dicionário de formas reduzidas para explicitar estes agrupamentos. As formas reduzidas serão aqui referidas mesmo como “palavras”, dada sua proximidade.

2) Divisão do corpus em segmentos de texto. Esta fragmentação é feita visando que os trechos correspondam a “frases” ou “unidades de sentido”. Dessa forma, leva em conta um comprimento médio dessas unidades (aproximadamente 20 palavras, ou 2 linhas) e também os sinais de pontuação que separariam idéias diferentes. Como trata-se inicialmente de uma divisão arbitrária, esta é refeita variando o ponto de 7 corte entre cada unidade objetivando verificar a influência da fragmentação nos resultados.

3) Classificação Hierárquica Descendente (CHD): trata-se, nesta etapa, de considerando a partir do corpus como um todo a coesão entre as palavras e os trechos (medida pelo χ²) de forma a separar o tanto quanto for possível agrupamentos de texto que se diferenciam. Assim, a partir da CHD têm se a organização do corpus em diferentes grupos de texto, as chamadas classes, que dão a estrutura do material analisado. Cada um destes agrupamentos possuem palavras mais representativas (com maior χ²), palavras que estão significativamente

ausentes (com χ² negativos) e também variáveis características pela ausência ou presença (também medidas pelo χ²).

4) Classificação Hierárquica Ascendente (CHA): nesta etapa, é também utilizado o χ² para organizar as palavras em termos de sua coesão, internamente a uma classe dada. Dessa forma, se na etapa anterior têm-se a organização geral do corpus em grandes classes de palavras, nesta etapa temos a organização interna de cada classe, como as diferentes palavras estão se ajuntando para compor diferentes frases, sentidos, expressões etc.

5) Análise fatorial de correspondência: para diminuição do número de variáveis, estabelecimento de princípios organizadores das classes e também as relações entre elas em termos de correlação é feita análise fatorial de correspondência tomando como variáveis as palavras, classes e variáveis iniciais (inseridas junto ao corpus). A Análise fatorial de correspondência realizada tem por objetivos resumir o comportamento das variáveis estudadas (no caso a coocorrência das palavras dentro de segmentos de textos) a alguns fatores que estariam subjazendo tal organização. Dessa forma, as variáveis latentes organizam as classes e devem ser compreendidas como “estruturantes” últimas do material analisado.

A apresentação dos dados segue o esquema: A) apresentação da estrutura de classes encontradas; B) apresentação de cada classe seguindo: b1) palavras de maior χ², b2) 8 Classificação Hierárquica Ascendente, b3) palavras ausentes, b4) variáveis significativas; C) análise da relação entre as classes; e D) análise fatorial de correspondência.

Com esta etapa, pretende-se evidenciar a estrutura lexical dos discursos enunciados, com sua organização em diferentes classes, bem como quais fatores resumem esta distribuição lexical. Na etapa seguinte, as dimensões (quem, o que, porque, para que, como) das representações identificadas na análise lexical são discutidas a partir dos elementos destacados na etapa anterior, tanto com base nos trechos selecionados como significativamente associados, como nas palavras em suas relações. Ou seja, os resultados sintetizados pela etapa anterior de análise são organizados segundo estas dimensões e caracterizam as funções exercidas em cada dimensão.

A partir da caracterização das funções é possível retornar a análise lexical de forma que a organização textual e de variáveis também indique a relação com a

função da representação ali expressa. Como etapa final, os resultados encontrados são discutidos a partir da caracterização de diferentes esferas públicas. Busca-se perceber relações entre a organização e conteúdo das falas sobre família e sua aproximação com características trazidas na literatura que remontam a diferentes tipos de esfera pública.

Capítulo 6 - Resultados

Nota sobre o volume de dados textuais e escolhas na apresentação dos resultados

As análises efetuadas com auxílio do software Iramuteq retornam um grande volume de dados expressos em gráficos e tabelas diversas. Ainda que seja sempre necessário um recorte desse volume de dados, a própria condição dos dados textuais no tipo de análise proposta coloca alguns desafios. As relações entre palavras, entre segmentos de texto, entre classes e entre variáveis são todas elas tomadas em conjunto e é a partir dessa totalidade que cada etapa é entendida. Textualmente, o significado e o sentido são construídos a partir de uma cadeia de associações entre as palavras e na capacidade de cada palavra ser composta tanto de sua literalidade (significante), do seu significado estabelecido linguisticamente e de outros elementos heterogêneos evocados. Dessa forma, sentido e significado são construídos abrindo-se zonas de sentido a partir da totalidade - do texto, do contexto e do subtexto. Assim, cada novo gráfico ou tabela, em suma, cada nova informação acrescenta possibilidades de leitura e modifica potencialmente a compreensão das informações anteriores. Por vezes, gráficos que trazem uma informação simples, em combinação com outras informações provenientes de outras análises do texto, adquirem relevância. Dessa forma, optamos por apresentar todas as tabelas e figuras utilizadas para construção da informação nos Apêndices A e B. As informações relevantes são citadas textualmente e também referenciadas as figuras e tabelas.

Sobre a separação entre Resultados e Discussão, sempre artificial e mais ou menos arbitrária, esta não traduz uma independência de qualquer resultado do seu quadro de referências teóricas, que o produziu. Como processo construtivo- interpretativo, a pesquisa constrói informações nessa relação entre empírico e teórico, sem reduzir-se a eles. A separação entre Resultados e Discussão, então, foi aqui reproduzida tomando como critério a maior descrição dos dados construídos a partir dos procedimentos de análise. Também pelo volume dos dados textuais produzidos, de forma a facilitar que o texto da dissertação se mantivesse acessível mesmo para leitores não familiarizados com as técnicas de análise lexical ou com as teorias que embasam o trabalho. Ainda, como forma de organização textual e também didaticamente, esta seção de Resultados se limita à descrição dos dados

produzidos pelas etapas de análise lexical operadas diretamente pelo software Iramuteq. Estes dados, apresentados nas figuras e tabelas nos apêndices, são descritos de uma forma geral, analiticamente. Tais resultados são retomados no capítulo de Discussão a partir de sua síntese analítica, elaboração teórica e discussão, propriamente.

Corpus total

Quanto aos resultados, iniciou-se considerando todos os textos em conjunto. Ou seja, analisar tanto as falas provenientes da Câmara dos Deputados ao tramitar o Projeto de Lei 6583/2015 (sobre o Estatuto da Família) quanto aquelas provenientes do Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADI 4277 e a ADPF 132. Este corpus é composto de 423 textos, divididos em 7017 segmentos de texto, com uma média de 576 ocorrências por texto. As ocorrências são o número de palavras, consideradas individualmente sem agrupá-las. Uma mesma palavra que aparece duas vezes corresponde a duas ocorrências. A distribuição dessas ocorrências no corpus em questão segue a distribuição esperada para textos em uma mesma língua, confirmando a possibilidade de análise preliminar como um corpus único (Figura 1).

Família, conforme Tabela 1, é a forma ativa mais frequente (f=1956). Forma ativa se referem às classes de palavras (substantivos, adjetivos, verbos, por exemplo) que foram tomados como centrais para análise, colocando como suplementar outras classes (artigos, pronomes, conjunções) e outras como dispensáveis para esta análise (preposições, por exemplo).

Confirma-se a suposição de que o corpus como um todo remete a este objeto social. O que iremos analisar é como este objeto é representado. Esta análise se dá na busca por qualificar o termo, entendendo suas relações com outros termos, com segmentos de textos como escolhas lexicais que expressam diferentes contextos de uso e com textos que expressem diferentes universos linguísticos compartilhados.

Na Tabela 1 são apresentadas as formas ativas e sua frequência absoluta no corpus analisado. Na análise que realizamos as características lexicais são prioritárias para a relação entre as palavras, ainda assim seu o conteúdo aponta para uma variedade de assuntos.

A forma família que compreende família (f=1587) e famílias (f=369) é seguida pelos termos direito, constituição, estado, constitucional, tribunal, dever, jurídico, também a deputado, artigo, comissão, lei. Outras formas ativas compreendem pessoas, união, criança, sociedade, relação, familiar, mulher, humano, filho, casa e homem. Por ora, a relação entre esses grupos de palavras - se complementares ou opostas, por exemplo - não é possível, sendo o sentido de cada palavra ou grupo dado não somente pelo seu significado amplo, mas pelas relações que estabelecem dentro de um texto.

Os advérbios mais frequentes são aqui, muito, também, então, já, mesmo, hoje e até. Os verbos de maior destaque são dizer, querer e falar, porém ao que se referem mais aproximadamente somente é possível recorrendo ao seu contexto de uso. Ainda assim, em relação ao corpus de falas parlamentares e do tribunal constitucional sobre a família, sua presença no corpus traz algum universo de significado que se relaciona aquelas palavras especificamente, sendo significativos. Ainda que a classificação hierárquica descendente realizada no corpus integrado (Câmara e STF) tenha retornado 6 diferentes classes (Figura 2) estes resultados se complementam somente com a análise fatorial de correspondência (Figuras 5 e 6).

Na Classificação Hierárquica Descendente (CHD) o corpus é considerado como um todo e progressivamente dividido em classes, que se referem então a universos lexicais compostos por segmentos de texto que se agrupam a partir da coocorrência de palavras entre eles. Tais segmentos de texto compartilham suas palavras de tal forma que a divisão interna de uma classe não é possível. As classes compartilham segmentos de texto, palavras12 e variáveis. As palavras de maior qui- quadrado em relação à classe são aquelas mais ligadas a ela. A análise fatorial de correspondência, considerando tais classes, retorna como estas classes se distribuem em fatores, ou seja, qual a estrutura subjacente que organiza tais classes. As palavras também são organizadas no plano fatorial (ou seja, é representado como se distribuem em relação aos fatores).

Na Figura 2, a ligação entre as classes é apresentada por um filograma (parte superior das imagens, ligando as classes), com a representação gráfica e numeral

12 A fim de dar maior clareza ao texto, usaremos o termo palavras como referentes às formas

reduzidas que, de fato, correspondem a mais de uma palavra ou ocorrência. Por exemplo, a forma família compreende as ocorrências família e famílias.

do percentual de composição do corpus classificado em cada classe e as palavras organizadas por maior qui-quadrado em relação à classe. De acordo com o filograma, lido de cima para baixo, a primeira divisão que ocorre no corpus é entre as classes 3 e 2, de um lado, e as Classes 1, 4, 5 e 6, para o outro. Dentro deste eixo, as classes 4 e 5 se diferenciam das classes 1 e 6. Por fim, da esquerda para a direita na figura, se diferenciam as classes 4 e 5 entre si, bem como as classes 1 e 6, e as classes 3 e 2. Cada uma dessas classes tem um tamanho em percentual de segmentos de texto que compõe o corpus que varia de 11% (Classe 6) e 19,6% (Classe 4).

As palavras que se apresentam como mais representativas de cada classe não são aquelas mais frequentes no corpus como um todo (Tabela 1), ainda que apareçam em diferentes posições. No caso de família, por exemplo, aparece relacionada à Classe 5 em 14ª posição. Dificilmente uma palavra tão frequente tem sua distribuição tão específica a ponto de elevar o valor de qui-quadrado que a associa a uma classe. Porém, a palavra família apresenta-se específica para a Classe 5 e não para outras classes na mesma medida. A Figura 3 apresenta o qui- quadrado, que expressa a ligação, da forma família para cada classe.

Ou seja, a palavra família está relacionada de maneira acentuada à classe 5, estando relacionada também à classe 1 porém de forma discreta. Para as demais classes não há ligação positiva. Pelo contrário, para as classes 2, 3 e 6, a ausência da palavra é destaque. Nestas classes não houve presença da palavra família de acordo com sua distribuição geral no corpus, ou seja, ela estava menos presente nesta classe do que seria esperado. De forma destacada isto ocorre em relação à classe 3, nas demais classes sendo de pouco destaque. A palavra familiar, por outro lado, apresenta-se relacionada tanto à classe 5 e, mais ainda, à classe 2 (Figura 4), ainda que não esteja entre as mais fortementes associadas a esta classe (Figura 2).

O conjunto de palavras mais associadas à cada classe (Figura 2) revelam proximidades semânticas. As classes 2 e 3, se diferenciam das demais classes e trazem, respectivamente, palavras como jurídico, constitucional, artigo, direito, humano, princípio, fundamental, dignidade, igualdade, liberdade, indivíduo, preconceito, discriminação, sexual, reconhecimento, união; e inconstitucionalidade,

interpretação, norma, constitucional, corte, min13, ministro, tribunal, decisão, ação,

adpf, julgamento, união, civil. As classes compartilham termos significativos e se diferenciam, trazendo a classe 3 termos de uma linguagem técnica especializada não apenas na discussão jurídica e de reconhecimento como nos meios e nos responsáveis imediatos pela discussão prática. É mais técnico jurídico especializado na decisão de (in)constitucionalidade, tarefa própria do STF, o vocabulário da Classe 3.

As Classes 1 e 6, por sua vez, trazem vocábulos relacionados ao contexto

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