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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.8. Técnicas de Inseminação Artificial

2.8.3. Método intracervical

Esse método é semelhante ao cervical, tenta-se penetrar parcialmente os anéis cervicais depositando ali os espermatozóides, onde quanto mais profunda a deposição do sêmen, maior a possibilidade de êxito (AISEN, 2008).

Segundo Gonçalves et al (2008), esse método de inseminação pode ocasionar danos a mucosa cervical, que influencia negativamente a sobrevivência dos espermatozóides.

As cabras se diferenciam das ovelhas em relação ao sistema reprodutor, devido a anatomia da cérvix, onde a deposição do sêmen nas cabras possui maior êxito em relação as ovelhas. Pode ser útil rodar a pipeta como se fosse uma rosca de parafuso (GIBBONS, et al; 2002).

Nesse método os resultados são bastante satisfatório, semelhantes ou superiores a monta natural. No caso específico do sêmen congelado, os resultados dependem do número de espermatozóides viáveis que conseguem atingir o local da fecundação. Os resultados obtidos de prenhez são muito variáveis e aquém do desejável, oscilam entre 0 e 40%. Alguns resultados acima desse pode ser obtido esporadicamente (MAXWELL, et al 1995).

2.8.4. Método intra-uterino

2.8.4.1. Método transcervical

Essa técnica permite, passando através da cérvix, depositar o sêmen dentro da luz uterina, com maior êxito que a intracervical (AISEN, 2008). Segundo Gonçalves et al., (2008) a deposição uterina transcervical é um procedimento cujos índices de concepção são pouco melhores em relação aos obtidos pela simples deposição cervical.

O ideal é que sejam ultrapassados todos os anéis da cérvix, fazendo a inseminação no corpo do útero (intra-uterina), mas, caso o tempo se prolongue por mais de dois minutos é preferível depositar o sêmen no ponto em que o aplicador tenha alcançado, seja ele em região anterior, média ou posterior da cérvix, evitando assim estressar muito o animal, além do risco de sangramento; caso isso não seja possível devido a uma maior dificuldade

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em atravessar toda a extensão da cérvix, o sêmen poderá ser nela deixado, neste caso é denominado de inseminação intracervical profunda (TRALDI, 1994).

Técnica:

Colocação da fêmea em uma maca de contenção, em decúbito dorsal; Introdução do especulo vaginal e localização do colo uterino;

Preensão do colo uterino com um par de pinças de Bonzeman ou de Allys e tração até a vulva, para localizar o canal cervical;

Penetração do canal, passagem pelos anéis chegando até a luz uterina; Deposição do sêmen;

Retirada do instrumental; Liberação do animal; Registro nas planilhas.

Figura 9: Preensão do colo uterino com uma pinça de Allys, sendo introduzido o sêmen

pelo canal cervical na luz do útero.

Fonte: Hyago Ramalho 2.8.4.2. Laparoscopia

Essa técnica semicirúrgica, exige a utilização de um laparoscópio, permitindo depositar o material seminal diretamente nos cornos uterinos, evitando a barreira representada pelo colo do útero, assim utilizando um menor número de espermatozóides. É praticada apenas por médico veterinário especializando (AISEN, 2008).

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O uso do laparoscópio tornou viável a utilização do sêmen congelado, proporcionando a obtenção de taxas de prenhez satisfatórias (+ 60 %), sendo recomendado, mundialmente, ao se utilizar o sêmen congelado (TRALDI, 2006). O local de deposição do sêmen congelado é diretamente proporcional à taxa de fecundação. Com este acesso a taxa de concepção tem sido aceitável, tanto com sêmen fresco, como congelado (KILLEEN; CAFFERY, 1982).

As técnicas atuais recomendam inseminar a metade da dose total na região média de cada corno uterino durante o procedimento de laparoscopia (EVANS; MAXWELL, 1987). O numero de espermatozóides necessário é baixo (10 a 50 milhões), sua implementação é onerosa e nem sempre é possível seu uso a campo (LEWES, 2002).

Técnica:

Preparação da fêmea com jejum de alimento sólido de 24 horas e líquido de 12 horas;

Colocação da fêmea em decúbito dorsal (cabeça na posição inferior) em uma maca de contenção reclinável (40° ou mais);

Tricotomizar a área abdominal à frente do úbere (um palmo). Essa manobra pode ser realizada com antecedência;

Higienização da área tricotomizada;

Aplicação de anti-séptico sobre a pele abdominal (álcool iodado, clorexidina); Inserção de um trocater (1ª via), perfurando a parede abdominal e o omento maior,

chegando a cavidade abdominal; Insuflar ar estéril ou CO2;

Introdução do laparoscópio e localização dos cornos uterinos; Inserção de um segundo corte trocater (2ª via), no lado oposto;

Por essa via paralela realiza-se a introdução de um aplicador de inseminação (esse instrumento serve também como manipulador, a fim de retirar do campo visual o omento e outros tecidos, ou também para reposicionar o útero);

Mediante a exposição da agulha desse instrumental, e com movimento rápido, perfura-se a parede uterina (90°), certificando-se de que o instrumento se encontra dentro da luz do corno uterino;

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Repete-se a operação no outro corno;

Retirada do instrumental e liberação do gás da cavidade abdominal; Colocação do anti-séptico/ repelente;

Liberação do animal; Registro em planilha.

Figura 10: Realização da laparoscopia, observação do

corno uterino e deposição do sêmen

Fonte: Prof. Dr. Carlos Peña.

Figura 11: Corno uterino, visão do laparocópio. Fonte: Eduardo Antonio Cunha

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2.8.5. Vantagens e desvantagens

Da mesma forma para outros tipos de tecnologias, existem vantagens e desvantagens relacionadas a inseminação artificial (AISEN, 2008).

Vantagens:

Melhoramento genético;

Conservação do material genético; Transporte do material genético; Controle de enfermidades;

Organização da propriedade e dos registros; Reprodução sincronizada e fora de temporada; Benefício econômico.

Desvantagens:

Consaguinidade;

Escolha errada do macho;

Propagação de enfermidades (infecciosas e hereditárias); Fertilidade inferior a natural (segundo a técnica utilizada).

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esse trabalho ficou evidenciado que com o passar dos anos, o aprimoramento das técnicas de inseminação artificial na caprinocultura representa uma atividade em franca expansão no Brasil e mais especificamente na região Nordeste, uma vez que seu estudo ainda é recente ao se comparar com a espécie bovina.

Portanto, programas de melhoramento genético contribuem para o aumento da produtividade e a qualidade dos animais tornando-se uma importante ferramenta para o

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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