• Nenhum resultado encontrado

2. ORIENTAÇÕES TERAPÊUTICAS: ESTUDO DE CONSENSOS

2.2 Método

De modo a realizar uma análise de consensos importa desde logo considerar a seleção dos membros a constituir o painel e estabelecer os critérios de consenso, de forma a avaliar o nível de concordância em cada ronda (Sousa et al., 2005).

A realização deste estudo é feita por sucessivas rondas de questionários, aplicados a um grupo de peritos na área em estudo.

Em cada ronda de opiniões, o questionário é enviado ao painel de especialistas e a partir da sua devolução, as respostas são analisadas e é criado um novo questionário onde os participantes, são solicitados a realizar novo julgamento das suas opiniões, frente à previsão estatística de cada resposta do grupo, sendo possível mantê-la ou modificá-la e assim sucessivamente até se obter consenso total ou o investigador considerar terminar por falta de consenso (Scarparo et al., 2012).

A constituição do painel de peritos integra a primeira fase do estudo de delphi. Nesta primeira fase, são dois os aspetos importantes a considerar: o número de participantes e as características-chave desses mesmos participantes. Não existe a exigência de um número específico de participantes, sendo este bastante variável de acordo com o tipo de problema a investigar e a população e/ou amostra utilizáveis (Sousa et al., 2005). Tal como refere Scarparo, et al. (2012, pág.246) “não há moldes pré-definidos para proporcionar a representatividade, sendo que o sucesso da aplicação da técnica está relacionado à qualificação dos participantes”.

Foram definidos como critérios de inclusão para constituir o painel de peritos deste estudo: experiência profissional na área da doença oncológica/ intervenção na pessoa em tratamento de quimioterapia de, pelo menos, dois anos e/ou ter desenvolvido um estudo de investigação na área oncológica/quimioterapia e/ou lecionar ou ter lecionado a mesma área em estudo. Os peritos convidados a participar são membros da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP), que estabelece parceria neste projeto.

A amostra, foi obtida de forma não probabilística intencional, por julgamento, dado que a escolha dos membros foi feita de forma não aleatória e com base nos critérios estabelecidos à priori, anteriormente descritos. A abordagem ao grupo de peritos, foi realizada através de questionários, via e-mail, realizados nos formulários do google. Esta abordagem aos peritos foi efetuada, tendo por base o respeito por todas as questões éticas inerentes a um trabalho de investigação, neste caso dando especial respeito ao tratamento dos dados que respeitará o anonimato dos participantes (Nunes, 2013).

44

As respostas dadas pelo painel de peritos aos questionários permitiram a obtenção de um consenso, cuja análise foi feita com recurso à estatística descritiva, mais especificamente com recurso às medidas de tendência central (moda e mediana (MD)) e de dispersão (desvio-padrão (DP)). Relativamente ao nível de consenso, adotou-se 75% como nível mínimo de concordância entre os peritos. Na definição do tipo de consenso tivemos em consideração a análise dos scores obtidos em cada uma das questões, tendo por base a utilização de uma escala de Likert de cinco pontos (em que um - correspondia a discordo totalmente, dois – discordo parcialmente, três - sem opinião, quatro – concordo parcialmente e cinco – concordo totalmente). O consenso foi atingido, sempre que em cada questão se verificaram as várias condições enunciadas na tabela que se segue (Tabela 1).

Consenso Definição (Critérios cumulativos)

(utilizando uma escala de Likert com scores de 1 a 5)

1-Discordo totalmente; 2- Discordo parcialmente; 3- Sem opinião 4- Concordo parcialmente; 5- Concordo totalmente

Critérios de Inclusão

- Valor da mediana de 4 ou de 5

- A soma da concordância dos scores 4 (“concordo parcialmente”) e 5 (“concordo totalmente”) é igual ou superior a 75%

- Ausência de comentários dos peritos que indiquem um entendimento inadequado das questões

Critérios de Exclusão

- Valor da mediana igual ou inferior a 3

- 75% dos peritos selecionaram a opção entre os scores 1 (“discordo totalmente”) e 2 (“discordo parcialmente”)

- Existência de comentários dos peritos que indiquem um entendimento inadequado das questões

Sem Consensos Todas as outras respostas

Tabela 1: Critérios de consenso, adaptado de Sousa et al. (2005)

Uma vez obtidos os consensos, foram também definidos critérios para classificar o nível de consenso, relativamente aos critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de classificação encontram-se apresentados na tabela seguinte (Tabela 2).

Consenso Nível de Consenso

Classificação das orientações que obtiveram Critérios de Inclusão Consenso excelente

Todos os peritos concordam completamente com a questão (100% concordo totalmente-score 5)

Consenso elevado

- 75% dos peritos selecionaram a opção entre os scores 4 (“concordo parcialmente”) e 5 (“concordo totalmente”)

- Valor de mediana de 5 - Valor da moda de 5 - Desvio-padrão ≤1,00

Consenso moderado

- 75% dos peritos selecionaram a opção entre os scores 4 (“concordo parcialmente”) e 5 (“concordo totalmente”)

- Valor de mediana de 4 ou 5 - Valor da moda de 4 ou 5 - Desvio-padrão> 1,00

45

Classificação das orientações que obtiveram Critérios de Exclusão Consenso excelente

Todos os peritos discordam completamente com a questão (100% discordo totalmente-score 1)

Consenso elevado

- 75% dos peritos selecionaram a opção entre os scores 1 (“discordo totalmente”) e 2 (“discordo parcialmente”)

- Valor da mediana de 1 - Valor da moda de 1 - Desvio padrão ≤1,00

Consenso moderado

- 75% dos peritos selecionaram a opção entre os scores 1 (“discordo totalmente”) e 2 (“discordo parcialmente”)

- Valor de mediana de 1 ou 2 - Valor da moda de 1 ou 2 - Desvio-padrão> 1,00

Tabela 2: Critérios para classificação do nível de consenso, adaptado de Sousa et al. (2005).

Os instrumentos elaborados, nomeadamente os questionários incluíam uma breve explicação do projeto de investigação, faziam referencia aos objetivos do estudo, incluíam instruções sobre como preencher o instrumento, questões para caracterização do participante e incluíam um quadro para cada um dos quatro sintomas e para cada um dos níveis com as orientações terapêuticas identificadas pela RIL, assim como uma grelha de resposta constituída por uma escala de Likert de cinco pontos, em que o um correspondia à afirmação “discordo totalmente” e o cinco à afirmação “concordo totalmente”.

Todos os questionários contemplavam, ainda um espaço para a inserção de comentários e/ou sugestões que os peritos considerassem pertinentes, nomeadamente introdução de novas orientações, retificação das existentes e/ ou alocação das mesmas a outro nível de gravidade. Cada participante assinalou o score correspondente, de acordo com o seu grau de concordância.

Realizada a seleção dos membros do painel, a definição dos critérios de consenso e a elaboração e descrição dos questionários, o estudo de delphi desenrolou-se ao longo de três rondas, até à obtenção de consensos que permitiram definir as orientações terapêuticas, para cada um dos sintomas e para cada um dos níveis (prevenção e /ou tratamento).

Documentos relacionados