Método

A proposta deste estudo é a realização de uma revisão integrativa da literatura. Esta escolha pauta-se no fato de que para o desenvolvimento da PBE há necessidade de produção de métodos de revisão de literatura que permitem buscar, avaliar de forma crítica e sintetizar as evidências disponíveis sobre o tema investigado, e dentre elas destaca-se a revisão integrativa da literatura (GALVÃO; SAWADA; MENDES, 2003).

A revisão integrativa é relatada na literatura como método de pesquisa desde 1980 (ROMAN; FRIEDLANDER, 1998), e tem como finalidade reunir e sintetizar o conhecimento já produzido sobre o tema investigado (SILVEIRA, 2005).

Revisões integrativas bem feitas apresentam o estado atual da ciência, contribuem para o desenvolvimento de teorias e tem aplicabilidade direta na prática (WHITTEMORE; KNAFL, 2005). Pela possibilidade e facilidade de se incluir diferentes métodos de pesquisa, ela proporciona uma busca ampla, com variedade do processo amostral, o que pode aumentar a profundidade das conclusões, além de facilitar o acesso dos profissionais às evidências sobre o assunto de interesse (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008; WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

Fernandes (2000) afirma que a revisão integrativa é uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre o direcionamento de futuras pesquisas. Com a utilização deste método pode-se fazer generalizações sobre assuntos estudados por diversos pesquisadores, em diferentes lugares e momentos. Por meio destas generalizações, é possível manter os interessados atualizados e facilitar as modificações da prática como conseqüência da pesquisa (ROMAN; FRIEDLANDER, 1998).

Quando bem delineada, pode contribuir para a qualidade do cuidado prestado ao paciente (BEYEA; NICOLL, 1998), uma vez que a síntese realizada reduz incertezas sobre recomendações práticas, permite generalizações sobre fenômenos a partir das informações disponíveis, e facilita a tomada de decisões com relação a ações e intervenções a fim de alcançar um cuidado mais efetivo e de melhor custo/benefício.

Uma revisão integrativa é considerada como uma pesquisa de outras pesquisas e, portanto, deve seguir o mesmo rigor metodológico de uma pesquisa com dados primários

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(GANONG, 1987) a fim de possibilitar ao leitor identificar as características dos estudos analisados (BEYEA; NICOLL, 1998; POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009). Os objetivos, materiais, métodos e resultados devem ser analisados de forma sistemática, para que o leitor possa analisar o conhecimento pré-existente sobre o tema investigado (BROOME, 2000).

Assim, vemos que este é um método que permite gerar uma fonte de conhecimento atual sobre o problema e determinar se o conhecimento é válido para ser transferido para a prática (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009).

Para a elaboração deste estudo foram percorridas seis etapas distintas, descritas a seguir, conforme propostas de Beyea e Nicoll (1998), Broome (2000), Ganong (1987) e Whittemore e Knafl (2005).

 Primeira etapa - Identificação do tema ou questionamento da revisão integrativa Esta é a fase norteadora para a condução de uma revisão integrativa bem elaborada (BEYEA; NICOLL, 1998; GANONG, 1987; WHITTEMORE; KNAFL, 2005) e consiste na definição da questão de pesquisa que deve ser elaborada de forma clara e específica. Segundo Ganong (1987), essa construção deve estar relacionada a um raciocínio teórico e deve incluir definições já aprendidas pelo pesquisador.

Em relação à intervenção, esta pode ser específica ou mais abrangente, onde são examinadas diversas intervenções ou práticas na área da saúde ou de enfermagem (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

Ao término dessa fase são identificadas as palavras-chave (BROOME, 2000).

 Segunda etapa - Amostragem ou busca na literatura

Após definição do tema, são identificadas as palavras-chave e as bases de dados onde a busca será feita para a identificação dos estudos que serão analisados de acordo com o assunto de interesse (BROOME, 2000). A melhor abordagem seria a inclusão de todos os estudos encontrados, ou a seleção randomizada dos mesmos, ou caso as duas possibilidades não sejam possíveis, os critérios de inclusão e exclusão devem ser claramente expostos e discutidos (GANONG, 1987).

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Segundo Beyea e Nicoll (1998), a busca deve conter referências médicas, de enfermagem e relacionadas às áreas da saúde em geral.

A descrição do processo de amostragem deve ser claro e conduzido de forma criteriosa, uma vez que a representatividade da amostra é um indicador da profundidade, qualidade e confiabilidade das conclusões finais da revisão (GANONG, 1987).

 Terceira etapa - Categorização dos estudos

Após a seleção dos estudos, é realizada a categorização dos dados que consiste na definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, utilizando um instrumento previamente elaborado para reunir as informações chaves (BEYEA; NICOLL, 1998). A definição das informações a serem extraídas é a essência de uma revisão integrativa, sendo esta fase análoga à coleta dos dados (GANONG, 1987) e bastante complexa uma vez que incluí estudos primários com diferentes metodologias (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

A organização dos estudos em ordem cronológica possibilita conhecer a evolução histórica do fenômeno ou problema estudado (BROOME, 2000).

Os dados a serem extraídos devem incluir: tamanho da amostra, definição dos sujeitos, metodologia, mensuração de variáveis, método de análise, a teoria ou conceitos embasadores utilizados (GANONG, 1987). Nesta etapa, o nível de evidência dos estudos também deve ser identificado.

 Quarta etapa - Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa

Esta fase é similar à análise dos dados de pesquisas convencionais e, para garantir a integridade científica da revisão, os estudos selecionados devem ser analisados detalhadamente. Por meio desta avaliação é possível verificar se os dados apresentados em cada estudo estão relacionados com nosso objeto de interesse e contribuirão com o resultado final do estudo.

Segundo Beyea e Nicoll (1998), a avaliação e organização sistemática dos dados de cada pesquisa são cruciais para a integridade da revisão integrativa, uma vez que irá nos ajudar a determinar a utilidade da mesma na prática clínica.

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Os dados extraídos de cada estudo devem ser comparados item a item de forma que aqueles que apresentam similaridades sejam categorizados e agrupados (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

A competência clínica do revisor irá auxiliar na avaliação crítica dos estudos, como também na tomada de decisão para a utilização dos resultados de pesquisas na prática clínica (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

 Quinta etapa - Interpretação dos resultados

Nesta fase é realizada a discussão dos dados evidenciados na análise dos artigos incluídos na revisão e sua comparação com o conhecimento teórico a fim de obtermos as conclusões e implicações resultantes da revisão integrativa elaborada (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

Podem ainda ser identificadas lacunas, o que permite ao revisor apontar sugestões para o desenvolvimento de futuras pesquisas direcionadas para a melhoria da assistência à saúde (GANONG, 1987).

 Sexta etapa – Síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da revisão integrativa

A última fase consiste na síntese dos dados de maneira a reunir as informações de forma detalhada, permitindo ao profissional avaliar a adequação dos procedimentos realizados na elaboração da revisão. A proposta da revisão integrativa é sintetizar as evidências obtidas de resultados de pesquisas e essa não terá êxito se for baseada numa metodologia questionável (GANONG, 1987).

Deve incluir informações suficientes que permitam ao leitor avaliar a pertinência dos procedimentos empregados na elaboração da revisão, tópico abordado e detalhamento dos estudos incluídos (GANONG, 1987; WHITTEMORE; KNAFL, 2005).

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6.2 Procedimentos para seleção, análise e apresentação dos artigos incluídos na revisão