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Parte II – Procedimentos metodológicos

3.1 Método

A fim de conhecer o perfil dos beneficiários do PROEJA e as razões das taxas de conclusão do curso estarem muito aquém do esperado, lançamos mão, no desenvolvimento da pesquisa, de instrumentos das abordagens qualitativa e quantitativa. Ou seja, se tratou de um estudo que teve uma abordagem mista, envolvendo uma dimensão qualitativa e uma dimensão quantitativa.

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A dimensão quantitativa foi necessária nos dados de base numérica, na medição e análise das medidas do fenômeno. A dimensão qualitativa foi necessária para a compreensão, análise e descrição dos discursos, ao estabelecimento de relações de coisas evocadas a partir dos sujeitos.

O estudo misto se caracteriza pelo uso de instrumentos das abordagens qualitativa e quantitativa e sua vantagem está em poder estabelecer relações significativas entre variáveis e, ao mesmo tempo, poder responder a questões sobre como, o quê e por quê.

A escolha por esse tipo de abordagem decorreu da necessidade da investigação e da particularidade do fenômeno desse estudo, pois algumas das dimensões que nos propusemos responder foram melhor analisadas quantitativamente, enquanto outras requereram uma análise de base mais qualitativa. O perfil dos beneficiários do Programa, por exemplo, foi melhor analisado quantitativamente, enquanto que as dificuldades encontradas no decorrer do curso pelos alunos, demandou uma análise mais qualitativa para uma melhor compreensão das razões dessas dificuldades..

É importante, mais uma vez, ressaltar que as pesquisas quantitativas e qualitativas oferecem perspectivas diferentes, mas não são opostas ou antagônicas, e sim, representam abordagens que podem ser utilizadas em conjunto, de acordo com a necessidade em questão, obtendo, assim, mais informações do que poderia se obter para conhecimento do objeto de estudo, se os métodos fossem utilizados isoladamente.

Em síntese, é fácil concordar com Santos Filho (2001), quando ele afirma que:

Parece ser fictícia, e mesmo simplista e artificial a dicotomia entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. Na investigação científica, se faz necessário superar as aparentes contradições epistemológicas, metodológicas e operacionais entre essas abordagens, para realização de uma investigação sistemática, abrangente e comprometida, tanto com os princípios científicos quanto com a realidade investigada.

O estudo foi proposto em uma modalidade do tipo estudo de caso. Conforme Ventura (2007, p. 384), o estudo de caso tem origem na pesquisa médica e psicológica com a análise de um caso individual que explica a dinâmica e a patologia de uma doença dada. Acreditava-se que a exploração intensa de um

único caso permitiria um conhecimento sobre o fato estudado. Sobre isso, Sanches Peres e Santos (2005, p. 110) dizem que:

De acordo com Becker (1993), a medicina pode ser considerada a primeira disciplina a utilizar estudos de caso em larga escala na atividade científica. Inicialmente as pesquisas que adotavam essa estratégia metodológica apresentavam um enfoque prioritariamente diagnóstico e tinham como foco basicamente à análise de um sujeito específico ou de determinados grupos clínicos.

Hoje, o estudo de caso tornou-se uma das modalidades de pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. No entanto, é necessário ressaltar que os estudos de caso também podem ser empregados em pesquisas quantitativas, visto que em determinadas áreas do conhecimento a quantificação de dados é imprescindível para a análise em profundidade do objeto (SANCHES PERES e SANTOS, 2005; ANDRÉ e LÜDKE, 1986).

Para Sanches Peres e Santos (2005), o fato das pesquisas médicas, pioneiras na utilização de estudos de caso, visar à identificação e à compreensão dos fatores associados à origem e à evolução de doenças privilegiando, na maioria das vezes, a abordagem qualitativa contribuiu para que alguns autores acreditem que o estudo de caso presta-se basicamente a análises qualitativas.

Conforme Gil (1991), a origem do estudo de caso é bastante remota, relacionando-se ao método introduzido por C.C. Laugdel no ensino jurídico nos Estados Unidos. Sua disseminação está ligada, contudo, à prática psicoterapêutica e ao trabalho dos assistentes sociais junto a indivíduos, grupos e comunidades. Chizzotti (2006 apud VENTURA, 2007) coloca que o estudo de caso como modalidade de pesquisa teve inicio nos estudos antropológicos de Malinowski e na Escola de Chicago, sendo que posteriormente seu uso foi ampliado para estudo de eventos, organizações, grupos e comunidades. Hoje, o estudo de caso é adotado na investigação de fenômenos das mais diversas áreas do conhecimento (ANDRÉ, 1995).

Ao falar sobre quando utilizar diferentes estratégias de pesquisa, Yin (2005a), explica que três condições devem ser consideradas para a escolha do método: o tipo de questão de pesquisa proposta; a extensão de controle que o pesquisador tem sobre os eventos contextuais e o grau de enfoque em acontecimentos contemporâneos, em oposição a acontecimentos históricos.

Ele chama, ainda, a atenção para o fato de que antes de se definir o método a ser utilizado é necessário analisar as questões que são colocadas pela investigação.

Para Bonoma (1985 apud BRESSAN 2000, p. 2) o método do estudo de caso é útil,

"[...] quando um fenômeno é amplo e complexo, onde o corpo de conhecimentos existente é insuficiente para permitir a proposição de questões causais e quando um fenômeno não pode ser estudado fora do contexto no qual ele naturalmente ocorre".

Assim, por considerarmos ter se tratado do estudo de uma realidade específica, bem como da especificidade do objeto de investigação - o PROEJA na cidade de Salvador -, cujos cursos até o inicio de realização da pesquisa estavam sendo oferecidos unicamente no IFBA, este estudo foi proposto na modalidade estudo de caso.

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