• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1. Método Utilizado

A presente pesquisa, pertencente à categoria das pesquisas sociais, é baseada no método de Entrevista Estruturada do tipo Survey. Inicialmente abordando a pesquisa social, May (2001, p.29) apresenta a relação entre a Teoria Social e a Pesquisa Social:

“A ideia de teoria, ou a habilidade de explicar e entender os resultados de pesquisa com uma estrutura conceitual que faça „sentido‟ a partir dos dados, é o marco de uma disciplina madura, cujo objetivo é o estudo sistemático de um fenômeno em particular. Em nosso caso como pesquisadores sociais, esse fenômeno é o dinâmico, o conteúdo, o contexto e a estrutura das relações sociais. Nós objetivamos....explicar e entender o mundo social.” A entrevista estruturada não se trata de um tipo “puro” de pesquisa qualitativa. Segundo May (2001) a entrevista estruturada está associada a uma pesquisa de opinião e se baseia no uso de um questionário como instrumento de coleta de dados. Nele, a cada pessoa é perguntada a mesma questão e da mesma maneira, de modo que qualquer diferença entre as respostas são consideradas as reais e não o resultado da entrevista em si. A validade do processo será então checada ao se perguntar ao respondente sobre a mesma questão e, a partir disso, comparar as respostas.

Há de se salientar a neutralidade do entrevistador como de grande importância, evitando que coloque seus pontos de vista sobre o assunto, que improvise sobre o tema, que não interprete as respostas e, antes de iniciar a entrevista, deve padronizar as intenções da pesquisa, evitando assim que se desvie dos objetivos inicialmente pretendidos.

Ainda segundo May (2001) esse método de entrevista estruturada permite a comparabilidade entre as respostas, confiada sobre a estrutura uniforme da pesquisa. Ponto importante para a confiabilidade da pesquisa é que o entrevistador esteja preparado para aplicar o questionário e conheça o assunto em questão, ou que esteja treinado para tal.

A presente pesquisa não pode ser definida como quantitativa, e como dito acima, ela não se trata de um tipo “puro” de pesquisa qualitativa, apesar de estar relacionado à mesma. Godoy (1995) apresenta quatro características da pesquisa qualitativa. A primeira enuncia que a pesquisa tem como foco o ambiente natural como fonte de estudo dos eventos empíricos ocorridos nesse ambiente. A segunda característica da pesquisa qualitativa é que ela é

47

descritiva, ou seja, os dados coletados podem ser apresentados na forma da transcrição das entrevistas ou ainda em fotografias, desenhos, vídeos ou outras formas documentais. A terceira característica da pesquisa qualitativa pressupõe ainda que o pesquisador não parta de uma hipótese pré-estabelecida, objetivando a exclusão de qualquer viés. Por último e igualmente, o pesquisador objetivará compreender o tema em estudo partindo da visão apresentada pelos entrevistados.

Dentro da pesquisa qualitativa o tipo que mais se aproxima da presente pesquisa é a “Análise de Categorias”. Lankshear e Knobel (2008, p.226) trazem a seguinte definição: “A análise de categorias envolve a organização sistemática dos dados em agrupamentos iguais, similares ou homogêneos” apud Rose e Sullivan, (1996, p.232). Lankshear e Knobel (2008, p.226) definem também que a análise de categorias é utilizada para “fazer referência ao processo de desenvolvimento e aplicação de códigos aos dados” e “...identificar relações lógicas entre as categorias de itens...”

A pesquisa enfoca três grupos, dentre os quais os dois primeiros foram entrevistados pessoalmente e ao terceiro grupo foi aplicado questionário por meio da internet. O primeiro são os profissionais de Relações com Investidores e especialistas na área. O segundo são os analistas de investimentos e gestores de carteiras de investimento. O terceiro são pessoas físicas ligadas ao INI (Instituto Nacional de Investidores), cuja característica principal –e conseqüente perfil dos entrevistados– é a de auxiliar por meio da educação as pessoas físicas a investirem no mercado de capitais brasileiro.

As entrevistas objetivam captar a percepção dos entrevistados no tocante ao tema, as formas que a atividade de Relações com Investidores agrega valor, ou não, à companhia. Cabe salientar também que todas as entrevistas (com os profissionais de RI/especialistas no tema e com os analistas de investimento/gestores de carteiras) foram gravadas e contaram com a autorização dos entrevistados para citá-los.

As pesquisas para os profissionais de Relações com Investidores/Especialistas e aos analistas de investimentos/gestores de carteiras de investimento foram realizadas por meio de entrevista pessoal. Rea e Parker (2000) destacam as vantagens desse tipo de pesquisa, uma vez que traz maior flexibilidade, com busca de mais detalhes sobre o assunto, possibilidade de aplicar questionários mais complexos e orientar os entrevistados com instruções detalhadas dos pontos desejados e garantir que as instruções serão seguidas, alto índice de respostas e também acesso a populações com acesso mais restrito. Com o grupo de investidores pessoas físicas, o questionário foi aplicado via internet para os associados ao INI.

48

O pesquisador salienta sua especial condição facilitada por estar no meio profissional do tema em estudo, conseguindo assim a importante e valiosa cooperação dos entrevistados.

Contudo Rea e Parker (2000) também salientam os aspectos negativos das entrevistas pessoais, como o alto custo investido, não só financeiro como de tempo. Ainda a questão de estresse desenvolvida pelo contato pessoal, menor anonimato (foi solicitada autorização a cada um dos entrevistados para sua citação nesse estudo), eventual relutância do entrevistado em cooperar além de questões ligadas a segurança do entrevistado que podem estar ligadas a riscos imaginários.

Um importante ponto negativo desse tipo de entrevista é o viés que pode ser introduzido pelo entrevistador. Ciente desse ponto o pesquisador ao iniciar cada uma das entrevistas, explicou ao entrevistado que sua função seria mais a de ouvir e pouco falaria ou comentaria sobre as respostas fornecidas, mas em sendo necessário, reforçaria eventual ponto a ser discorrido na resposta. Também salientou que as respostas não deveriam ser influenciadas pelo fato do entrevistador pertencer ao instituto que reúne os profissionais de Relações com Investidores no Brasil.