• Nenhum resultado encontrado

2.2 GESTÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA A LONGO

2.2.3 Métodos de avaliação da escala produtiva

Além das restrições qualitativas que permitem eliminar escalas inviáveis, existe a necessidade de ordenar ou comparar alternativas semelhantes. Para tal são utilizados métodos quantitativos que descrevem em valores monetários cada uma das alternativas (SANTA CATARINA, 2017), como o custo unitário – sendo esse o mais tradicional – além da análise de rentabilidade e da análise econômica que é proposta pelo mesmo autor. As particularidades de cada um são expostas a seguir.

37

2.2.3.1 Custo unitário

O custo unitário é o custo total associado à produção de uma unidade, sendo calculado através da razão entre a soma dos custos totais estimados e a quantidade de itens produzidos (BORNIA, 2010). Os custos totais, para efeito de análise, podem ser divididos em custos fixos – existem de forma independente ao volume produzido – e custos variáveis – que dependem diretamente da quantidade de unidades produzidas (SLACK et al. 2009).

𝑢 𝑞 =

% & ' (& (1) Em que:

u: Custo unitário em função da quantidade produzida; q: quantidade produzida;

V: Custo variável total em função da quantidade produzida; F: Custo fixo total.

A equação anterior explicita que custos fixos – como aluguel – são diluídos conforme a quantidade produzida aumenta (SLACK et al., 2009), resultando na economia de escala citada anteriormente. Todavia, como explicitado na seção anterior os custos fixos sofrem aumento a partir de determinadas escalas. A composição dessas características gera uma curva semelhante a ilustrada a seguir.

Figura 6 – Curva de custo unitário x quantidade produzida.

Fonte: Adaptado de Casarotto (2011).

Custo unitário Capacidade produtiva Escala adequada Custo mínimo Economia de escala Deseconomia de escala

38

A partir dela pode-se observar a existência de um ponto em que os custos unitários seriam mínimos. Para Casarotto (2011) a escala “ótima” seria justamente a que resulta no ponto de mínima.

Porém, Casarotto (2011) critica três características do método do custo unitário sendo elas a abordagem dos custos pelo uso do regime de competência e não de caixa, o fato do método não levar em consideração o retorno ao acionista – fator tido por ele como mais importantes em empreendimentos privados – e por fim por não considerar aspectos estratégicos. É recomendado então o uso de métodos que levem em consideração o retorno ao acionista.

2.2.3.2 Método da Rentabilidade

A fim de sanar as incertezas decorrentes de simplificações que o método do custo unitário implica, Casarotto (2011) recomenda que a análise quantitativa seja feita baseada no retorno ao acionista. Para esse autor, observa-se as condições de financiamento disponíveis e no regime de caixa busca-se pela “escala economicamente ideal”, ou seja, aquela capaz de proporcionar maior taxa de retorno ao acionista.

A obtenção de tal escala se dá por meio de uma análise sistemática das taxas de retorno obtidas para cada capacidade produtiva (CASAROTTO, 2011) sendo vantajoso do ponto de vista econômico adotar a escala imediatamente superior quando:

)*(e+1)

0*(e+1)

)*(e)

0*(e)

(2)

Em que:

Sa(e): Saldo do acionista para a escala “e”;

Ia(e): Investimento do acionista para a escala “e”;

Santa Catarina (2017), contudo, critica o método por ignorar o valor do dinheiro no tempo, que seria representado pelo custo de capital. Tal crítica é justificada, dado que investimentos em capacidade visam o horizonte de longo prazo e nesse período os efeitos dos juros podem influenciar a rentabilidade do empreendimento. Uma segunda crítica refere-se a não considerar o efeito acumulado dos saldos durante o ciclo de vida do investimento.

39

Porém, é possível substituir o saldo do acionista pela soma dos saldos futuros trazidos a valor presente e dividi-lo pelo investimento, o que gera o indicador conhecido como Índice de Rentabilidade (GURAU, 2012). Esse indicador considera efeito acumulado de todos os fluxos de caixa e o valor do dinheiro no tempo é considerado ao descontar esses fluxos de caixa a uma taxa de juros. Outra forma de representar esse índice é a somar o Investimento ao Valor Presente Líquido (VPL) e dividir o resultado pelo Investimento inicial. Além disso, o VPL pode ser utilizado individualmente em uma análise econômica conforme a próxima seção.

2.2.3.3 Análise de retorno econômico

Schmenner (1999) reforça a importância de considerar o valor do dinheiro no tempo em planos de capacidade por costumeiramente envolverem projeções de diversos anos. Nesse sentido, o Valor Presente Líquido (VPL) é indicado para análise econômica pois permite a comparação entre investimentos de diferentes valores – o que costuma acontecer quando se comparam cenários com diferentes capacidades, enquanto a Taxa Interna de Retorno (TIR) não permite tal comparação (SANTA CATARINA, 2017).

Além disso, para realizar-se uma análise econômica de um projeto são necessárias premissas e é pertinente avaliar a sensibilidade de tais premissas a mudanças no cenário externo esperado (SCHMENNER, 1999). Tal análise de sensibilidade permite identificar projetos de alto risco e alto retornos, pois aplica-se ao horizonte de tempo do projeto, fluxos de caixa esperados e à taxa de retorno (SCHMENNER, 1999) e todos eles afetam o VPL.

Portanto, o uso do VPL facilita a análise de sensibilidade pois é composto por premissas independentes e que também podem ter sua sensibilidade a fatores externos mensurada. Ainda assim, exatamente essa necessidade de definição de múltiplos parâmetros confere certa limitação à aplicação método do VPL (SANTA CATARINA, 2017).

A obtenção do VPL consiste na soma dos Valores Presentes (valor descontado à Taxa Mínima de Atratividade, ou TMA, de acordo com a diferença entre o período zero e o período do fluxo de caixa) de todos os termos de um fluxo de caixa projetado (CASAROTTO; KOPITTKE, 2000), acrescido do fluxo de caixa no período zero. A melhor alternativa é aquela que apresentar o maior valor de VPL com seus respectivos números de períodos, fluxos de caixa e taxa mínima de atratividade. Contudo, a especificação de fluxos futuros é coberta por

40

incertezas. Para mitigar a dificuldade na projeção, é possível calcular o VPL ponderado pela probabilidade ao atribuir uma probabilidade de ocorrência para cada cenário e multiplica-la pelo respectivo VPL, por fim, soma-se os produtos de todas as multiplicações (ANTONIK, 2001). Assim, a soma dos desvios positivos iguala-se à dos desvios negativos e encontra-se um VPL médio ponderado.

41

Documentos relacionados