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2. Enquadramento Concetual

2.1 Caraterização da Modalidade – Futebol

2.1.1. Fundamentos do Jogo de Futebol

2.1.1.5. Métodos de Jogo

“Os métodos de jogo expressam a compreensão de um conjunto coordenado de princípios coletivos e ações técnicas individuais, que têm por objetivo a organização racional do ataque e da defesa” (Barbosa, 2014a, p.38)

Os Métodos de Jogo, quer sejam ofensivos ou defensivos, caracterizam-se por ser o modo como as equipas se organizam de uma maneira geral nas diferentes escalas dentro do sistema jogo, abarcando um conjunto sinérgico de princípios, de dispositivos e de ações, visando uma organização racional da equipa nos diversos Momentos de Jogo. A sua manifestação acontece pelo jogar da equipa, pela forma como é estabelecida a gestão dos ritmos de jogo e do espaço, coordenando as ações emergentes em todas as escalas. Cada método pressupõem uma gestão do tempo e do espaço diferenciada, isto é, existe uma variação dos ritmos de jogo impostos, dos espaços de predominante atuação e da tipologia das ações que vão emergir (Barbosa, 2014a, 2014b; Castelo, 1994; Garganta, 1997; Quina, 2001).

2.1.1.5.1. Ofensivos

No que diz respeito aos Métodos de Jogo Ofensivos, estes têm em vista objetivos específicos do processo ofensivo, como fazer a bola progredir no terreno de jogo e criação de situações de finalização. Os métodos ofensivos deverão compreender o instante a partir do qual a equipa ganha a posse da bola até ao momento em que a posse da mesma é perdida, podendo-se identificar 3 métodos emergir (Barbosa, 2014a, 2014b; Castelo, 1994; Garganta, 1997; Quina, 2001):

➢ Contra-Ataque

o A bola é recuperada no meio campo defensivo da equipa, o adversário está avançado no terreno de jogo e defensivamente desequilibrado. Carateriza- se por ser um método que privilegia a profundidade em detrimento da

41 largura. O ritmo de jogo é muito elevado, havendo um número reduzido de passes (igual ou inferior a 5), num tempo máximo de 12 segundos. O tipo de passe preferencial é o longo, com desmarcações de rutura e execuções sempre muito rápidas, de forma a proporcionar uma chegada muito rápida da bola de um lado do campo ao outro.

➢ Ataque Rápido

o Apresenta algumas semelhanças com o Contra-Ataque. Tem por base a conquista da bola no meio campo defensivo ou ofensivo, processos rápidos e ainda com algum risco. Neste método, as situações de finalização acontecem normalmente com adversário já equilibrado do ponto de vista defensivo. Carateriza-se por um explorar da profundidade e da largura, com alternância de passes curtos e longos combinados, com desmarcações de rutura. Tem um tempo máximo reduzido (até aproximadamente 18 segundos), com um número máximo de passes a se cifrar nos 7. O ritmo de jogo é alto sustentado por uma circulação de bola e jogadas rápidos.

➢ Ataque Posicional

o Tal como no caso do Ataque Rápido, a bola pode ser conquistada tanto no meio campo defensivo ou como no ofensivo, e com o adversário defensivamente equilibrado. A predominância do tipo de desmarcações é de apoio, com uma maior procura da largura para circular a bola em detrimento da profundidade, com maior recurso ao passe curto. O ritmo de jogo é mais lento, com menor velocidade na circulação da bola e dos jogadores. O tempo de duração é superior a 18 segundos e com o número de passes superior a 7.

2.1.1.5.2. Defensivos

Os Métodos de Jogo Defensivos têm como objetivo a concretização de objetivos específicos do processo defensivo, como evitar a progressão do adversário, recuperar a bola e defender a própria baliza. Os métodos defensivos deverão incluir tudo desde o

42 instante em que a equipa perde a posse da bola até ao momento em que a posse da mesma é recuperada. Na sequência, embora possam existir autores que indiquem um número e definições diferentes, identificam-se os seguintes 4 métodos (Castelo, 2009; Esteves, 2017):

➢ Defesa Individual

o Tem por base a “lei do 1x1”, sendo o adversário a principal referência de marcação e espacial no jogo. Conforme a bola se aproxima da baliza, a agressividade aumenta, sendo que está sustentada principalmente nos fundamentos da contenção. Acarreta níveis físicos mais elevados que permitam reagir de forma constante e capaz aos movimentos do adversário, que, por sua vez, solicita igualmente elevados níveis de capacidade de sacrifício, abnegação e atenção seletiva. O Princípio da Responsabilidade Individual funciona aqui como um fundamento basilar.

➢ Defesa à Zona

o Sustenta-se na “lei de todos contra 1”, sendo cada jogador responsável por uma zona do campo definida, tendo como função intervir quando a bola ou um adversário, com ou sem bola, lá penetre. Há a formação de uma 1ª linha defensiva que se move em função da bola, com outra atrás que serve de cobertura, baseando-se em permanentes relações de cooperação e entreajuda. Neste caso já se poderá utilizar e aproveitar a lei do fora-de- jogo. Portanto, neste método, o espaço é a referência de marcação, enquanto que a bola é a principal referência de pressão.

➢ Defesa Mista

o Basicamente, este método desenvolve-se como uma síntese entre os 2 métodos anteriormente explicitados. Carateriza-se por haver uma marcação individual ao adversário numa determinada zona do campo, mas que se mantém mesmo que este se desloque para outra zona, enquanto o adversário não se desfizer da bola ou um colega chegue para assumir a marcação. Só depois o 1º defesa mencionado poderá voltar ao seu espaço. No que diz respeito a este método, o Princípio Defensivo mais presente é

43 o da Contenção. Os restantes colegas, a partir da sua zona de ação, continuam em cobertura controlando os adversários.

➢ Defesa à Zona Pressionante

o Carateriza-se por uma marcação rigorosa e agressiva ao oponente com bola, procurando recuperar a bola ou provocar o erro do atacante. No seguimento, cada defesa, sendo responsável pela sua zona, deverá evoluir na mesma, mas com a consciência que deverá se deslocar para outra no sentido de a equipa se concentrar em zonas próximas da bola. Esta pressão é exercida não só ao portador da bola, como também aos jogadores que poderão dar continuidade ao processo ofensivo adversário. Por conseguinte, diminui-se a pressão sobre os oponentes mais afastados da bola. Tem como objetivo condicionar e conduzir o adversário para um espaço de jogo mais propício à recuperação da posse da bola, tendo por base uma concentração e homogeneidade de deslocamento defensivo, independente da movimentação da bola. Pressupõe um elevado espírito de equipa, com altos níveis de coordenação, solidariedade e comunicação verbal, principalmente quando o adversário faz variação do ângulo de ataque e de corredor.

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