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Métodos de levantamento fitossociológico

IP = DAP 2 − DAP 1 onde:

ESTRATIFICAÇÃO DA VEGETAÇÃO NATIVA

1.2.2 Métodos de levantamento fitossociológico

Os métodos de levantamento fitossociológico se classificam, de acordo com a natureza das unidades de amostragem, em duas categorias: o grupo de métodos com área fixa, podendo ter uma ou várias parcelas, e o grupo de métodos com área variável. Este último, baseia-se em medidas de distância e é também chamado método das distâncias (Martins, 1993).

O método das distâncias foi desenvolvido por Cottam e Curtis (1949) e se baseia na premissa de que deve existir uma relação inversa entre a densidade dos indivíduos por área e as distâncias entre eles, numa população de distribuição aleatória (Matteucci e Colma, 1982; Costa Neto, 1990; Martins, 1993). Existem cinco técnicas que podem ser utilizadas no método de distâncias: a do indivíduo mais próximo; a do vizinho mais próximo; a dos pares ao acaso, com ângulo de exclusão de 180o; dos quadrantes e a técnica das seis

árvores. A abordagem deste trabalho será sobre a técnica do método dos quadrantes, por ser esta a mais empregada nos levantamentos fitossociológicos.

1.2.2.1 Histórico do desenvolvimento do método de quadrantes

Interessado em saber sobre as possíveis alterações na vegetação, provocadas pelo aumento da população no Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, Cottam (1949) descreveu o método de pares ao acaso, utilizado na amostragem de indivíduos em uma floresta. Utilizou para seus estudos, dados levantados por agrimensores do U. S. Land Survey Service, entre 1833 e 1834, os únicos disponíveis na época. O método utilizado pelos agrimensores é descrito em Martins (1993): “Para o levantamento das terras, os

inventariadores do U. S. Land Survey Service dividiam a região em “townships”, unidades de área com 36 milhas quadradas. Cada “township”era dividida em 36 “sections”, unidades de uma milha quadrada. No ponto onde essas linhas se cruzavam, obtinha-se o “section corner”. Por sua vez, cada “section” podia ser dividida em quatro partes iguais, chamadas “quarter sections”. Os pontos onde estas linhas se cruzavam entre si e com as primeiras constituíam os “quarter section corners”. Os pontos que ficavam nos limites da “township”ou no limite com acidentes geográficos , como rios, lagos, vales, etc., eram chamados de “meanders corners”. Em cada ponto, “corner”, os agrimensores tomavam as árvores mais próximas, anotavam a espécie a que pertenciam e mediam o seu diâmetro, sua direção em relação ao ponto e sua distância até ele. O número de árvores medidas em cada ponto variava. Enquanto o levantamento de 1833 a 1834, no sudoeste de Wisconsin, tomava duas árvores por ponto, o de 1857 a 1859, no norte, tomava quatro árvores em cada “section corner” e duas em cada “quarter section corner” ou “meander

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corner” ”. De posse destes dados, relativos ao levantamento de 1833 a 1834,

Cottam (1949), pôde estimar a frequência, a densidade e a dominância das espécies arbóreas levantadas.

O método dos pares ao acaso, onde é escolhida a árvore mais próxima a cada ponto, medindo-se a distância entre esta e a mais próxima, pressupõe que a distribuição espacial das árvores na realidade, desviaria aleatoriamente de uma distribuição espacial teórica, onde as árvores estariam igualmente eqüidistantes de todas suas vizinhas. Este método recebeu o nome de pares ao acaso, provavelmente devido aos inventariadores medirem um par de árvores a cada ponto. Para efeito comparativo com seus dados, Cottam (1949), teve que realizar correções nos dados dos agrimensores, uma vez que estes não mediam as distâncias entre as árvores e sim de cada ponto até as duas ou quatro árvores mais próximas (Martins, 1993).

1.2.2.2 Princípio

O método dos quadrantes consiste de um transecto, onde existem pontos com uma distância entre si predeterminada. Cada ponto na linha representa o centro de quatro quadrantes, determinados pela transversal, relativa a cada um deles, na linha do transecto. Para cada um dos quadrantes é medida a distância entre este e o indivíduo mais próximo, mensurando-o e registrando a espécie e área basal. Após medidas as quatro distâncias, obtêm-se a média geométrica (Q), sendo esta igual à raiz quadrada da área média (M), numa relação empírica, determinada por Cottam em 1953 (Martins, 1993).

1.2.2.3 Levantamentos em cerrados utilizando o método dos quadrantes

O primeiro a utilizar o método de quadrantes no Brasil foi Goodland (1969), citado Goodland e Ferri (1979), em vegetação de cerrado no Triângulo Mineiro. Trabalhando em 110 áreas, e em cada uma destas com 20 pontos amostrais, com distância aproximada de 20 passos, estimaram-se os parâmetros absolutos e relativos de densidade, frequência e dominância, os parâmetros de cobertura, além de levantar a flora das áreas estudadas.

Em um estudo mais aprofundado, visando estimar os parâmetros fitossociológicos, volume de madeira para cada espécie, produção de madeira para carvão, obter informações sobre o comportamento e necessidade das espécies mais importantes, etc., Heiseke (1976), utilizou o método de quadrantes em vegetação de cerrado na região central do Estado de Minas Gerais.

Furley, Ratter e Gifford (1988), em estudos de análise florística, fitossociológica e das propriedades dos solos, utilizaram o método de quadrantes descrito por Mueller-Dombois e Ellenberg (1974) em três tipologias diferentes: floresta semidecídua, cerradão e “cerrado”. Para cada uma das tipologias, os pontos foram lançados ao longo de um transecto, distanciados entre si de 15 m. Para a floresta e o cerradão foram mensurados os indivíduos com DAP (diâmetro à altura do peito = 1,30 m) superior a 20 cm de circunferência e para o “cerrado” os indivíduos com DAP superior a 10 cm.

Utilizando o método de quadrantes para estabelecer a zonação da vegetação de cerrado ao redor da Represa do Lobo, entre os municípios de Itirapina e Brotas, no Estado de São Paulo, Oliveira e Souza (1977), citado por Martins (1993), estimaram os parâmetros fitossociológicos, inferindo sobre sucessão e espécies mais importantes para cada zona. Oliveira et al. (1982),

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aplicando o método de quadrantes numa área de 16 ha de cerrado no Parque Nacional de Brasília, analisaram a vegetação do ponto de vista quantitativo e qualitativo, e consideraram o método ideal para levantamentos de áreas arbustivas e árboreas. Para sua análise utilizaram 40 pontos de amostragem eqüidistantes de 28 m. Ferracini, Ferlini e Cavassan (1983), citados em Cavassan (1990), utilizaram o método de quadrantes em uma área de cerrado no município de Bauru-SP, distribuindo os pontos eqüidistantes de 20 m, para amostrar indivíduos lenhosos com diâmetros iguais ou superior a 3 cm. Silva Júnior (1984), realizando estudos sobre florística, estrutura e parâmetros fitossociológicos na Estação Florestal de Experimentação de Paraopeba (EFLEX), utilizou o método de quadrantes para estabelecer equações de predição de crescimento para a vegetação de cerrado, em função de algumas características químicas e físicas do solo.

Procurando descrever em termos florísticos e quantitativos, áreas de cerrado, floresta e vegetação de campo, localizadas no Parque Nacional do Araguaia (TO), Ratter (1987) utilizou o método de pontos quadrantes, onde os pontos foram amostrados em transectos para as respectivas áreas, sendo a distância entre eles de 10m. Em outro estudo, em áreas de cerrado, cerradão e floresta decídua, no Pantanal e Corumbá (MT), Ratter et al. (1988), utilizou o mesmo método, para análise da vegetação, onde foram mensurados os arbustos e árvores, com circunferências iguais ou superiores a 10 cm e 30 cm, respectivamente.

O método de quadrantes foi utilizado por Pagano et al. (1989), citado em Cavassan (1990), para estudar a fitossociologia de áreas de cerrado pertencentes a APA de Corumbataí, onde, foram amostrados indivíduos lenhosos com fuste igual ou superior a 1,30m.

Costa Neto (1990), levantando subsídios técnicos para elaboração de um plano de manejo em áreas de cerrado, no município de Mirabela, MG, utilizou o método de quadrantes, concluindo não ser este o método mais adequado para coleta de dados, visando manejo de povoamentos naturais mistos.

Cavassan (1990), avaliando a eficiência dos métodos de quadrantes e parcelas, no Parque Ecológico Municipal de Bauru, SP (área de cerradão), demonstrou a melhor eficiência do método de parcelas para indicar densidade, e o de quadrantes apresentar igual eficiência ao método de parcelas, para indicar o número de espécies da área.

O método de quadrantes foi também utilizado por Oliveira-Filho e Martins (1991), em três de um número de cinco áreas de cerrado próximas a Cuiabá (MT) para realização de comparações entre a composição florística e estrutura comunitária das mesmas.

1.3 MATERIAL E MÉTODOS

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