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1 INTRODUÇÃO

2.4 Seis Sigma

2.4.2 Métodos e ferramentas relacionadas

Segundo Pande, Neuman e Cavanagh (2000), desde o início do movimento da qualidade, vários métodos de melhoria foram aplicados nos processos. Cada um desses métodos apresentava um procedimento definido e utilizava ferramentas clássicas da qualidade.

Ao analisar os procedimentos desses métodos, verifica-se que estes são baseados no método científico clássico proposto por René Descartes, composto pelas seguintes etapas básicas: observar, medir, analisar e sintetizar. Nesse sentido, um dos exemplos mais populares de método para a melhoria de processos é o Ciclo PDCA (Plan - Planejar, Do – Executar, Check – Verificar, Act – Agir), proposto por W. Edwards Deming (ROTONDARO, 2010).

De acordo com Eckes (2001), o Seis Sigma também se fundamenta no método científico. Inicialmente, ele foi estruturado como modelo MAIC (Measure - Medir, Analyze - Analisar, Improve - Melhorar, Control - Controlar), desenvolvido pela Motorola como uma evolução do ciclo PDCA. A GE, ao adotar o modelo, acrescentou a etapa Definir (Define), representada pela letra D, renomeando-o para modelo DMAIC (ROTONDARO, 2010).

Segundo Pyzdek e Keller (2010), além do método DMAIC, voltado para a melhoria da performance de produtos, serviços ou processos já existentes, o Seis Sigma também se utiliza do modelo DMADV (Define – Definir, Measure - Medir, Analyze - Analisar, Design - Desenhar, Verify - Verificar), destinado a desenvolver novos produtos, serviços ou processos, ou a modificar radicalmente os já existentes.

No presente trabalho, entretanto, como o uso do Seis Sigma no método de alinhamento proposto é voltado apenas para a melhoria do que já existe na empresa em estudo, abordar-se-á em mais detalhes apenas o modelo DMAIC.

De forma resumida, Eckes (2001, p. 48) apresenta a visão de alto nível do modelo DMAIC utilizado pela GE:

a) define – definir: define o cliente, suas exigências, a constituição da equipe e o processo-chave que afeta o cliente;

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b) measure – medir: identifica as medidas-chave, o plano para coleta de dados sobre o processo em questão e executa este plano;

c) analyze – analisar: analisa os dados coletados e o próprio processo para determinar as causas de seu desempenho estar abaixo do desejado;

d) improve - melhorar: gera e determina soluções potenciais e as testa em pequena escala para descobrir se elas realmente melhoram o desempenho do processo;

e) control - controlar: desenvolve, documenta e implementa um plano que assegure que a melhoria do desempenho permaneça no nível desejado.

Rotondaro (2010), por sua vez, enumera os seguintes objetivos para cada uma das etapas do modelo DMAIC: identificação dos problemas-base para a seleção dos projetos a serem executados; coleta de dados honesta, visando conhecer o desempenho do processo atual; determinação das causas dos problemas, por meio da análise das causas; formulação de ações de melhoria, voltadas para a melhoria do processo; e consolidação e manutenção das melhorias conseguidas, visando manter o processo sob controle.

Tendo como base principal o exposto por Rotondaro (2010), apresenta-se no Quadro 4 uma visão geral acerca das principais atividades e das ferramentas mais utilizadas em cada uma das etapas do modelo DMAIC.

Apesar da grande utilidade do Seis Sigma na solução de problemas organizacionais por meio da melhoria dos processos, o seu uso não é indicado para todos os tipos de problemas. De acordo com Snee e Hoerl (2003), considerando que os problemas mais comuns podem ser classificados em dois tipos principais de categorias, de solução conhecida e de solução desconhecida, o uso do Seis Sigma é indicado apenas para os problemas de solução desconhecida.

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Quadro 4 - Visão geral acerca das etapas do modelo DMAIC

Etapa do modelo

DMAIC

Principais atividades Ferramentas mais

utilizadas

D – Definir

Consiste em definir claramente qual o efeito indesejável de um processo que deve ser eliminado ou melhorado. Tem como principais atividades:

a) definir quais são os requisitos do cliente (voz do cliente) e traduzir essas necessidades em Características Críticas para a Qualidade (CPQ); b) montar uma equipe preparada para aplicar as

ferramentas do Seis Sigma;

c) desenhar os processos críticos procurando identificar os que têm relação com os CPQs do cliente e que estão gerando resultados ruins; d) realizar uma análise custo-benefício;

e) escrever a proposta do projeto e submeter à aprovação da alta direção da empresa.

• dados internos da empresa, objetivos estratégicos, dados financeiros, metas; • dados do cliente; • análise custo-benefício; • priorização dos processos críticos do negócio;

• desenho dos macro- processos prioritários;

Quality Function

Deployment (QFD).

M – Medir

O processo em estudo é desenhado e são medidas as variáveis principais, conforme as seguintes atividades:

a) desenhar o processo e os subprocessos envolvidos com o projeto, definindo as entradas e as saídas. Estabelecer as relações Y = f(X);

b) analisar o sistema de medição de modo a ajustá-lo às necessidades do processo. Coletar dados do processo por meio de um sistema que produza amostras representativas e aleatórias.

• estatística base; • análise do sistema de medição; • cálculo da capacidade do processo; • ferramentas estatísticas básicas. A – Analisar

Consiste na análise dos dados coletados, utilizando-se ferramentas da qualidade e ferramentas estatísticas. As causas óbvias e não óbvias que influenciam no resultado do processo devem ser determinadas. Tem como atividades principais:

a) analisar os dados coletados, utilizando-se de ferramentas estatísticas, de modo a identificar as

Xs causas óbvias e as Xs causas não óbvias;

b) definir a capacidade atual do processo e estabelecer os objetivos de melhoria do projeto.

Failure Mode and Effect

Analysis (FMEA); • teste de hipóteses; • análise de variância; • testes não paramétricos; • correlação e regressão simples; • teste qui-quadrado. I – Melhorar

Corresponde a etapa na qual a equipe deve fazer as melhorias no processo existente. Os dados estatísticos devem ser traduzidos em dados do processo e a equipe deve trabalhar, modificando tecnicamente os elementos do processo e atuando sobre as causas raízes.

É nessa etapa que as melhorias se materializam no processo, exigindo a interação da equipe com as pessoas que executam as atividades, sendo, portanto, uma fase crítica. Devem-se testar as soluções propostas em menor escala, no intuito de verificar a viabilidade e evitar efeitos colaterais.

• planos de ação; • manufatura enxuta; • cálculo da nova capacidade do processo; • DOE – Delineamento de Experimentos. C – Controlar

Nessa etapa deve ser estabelecido e validado um sistema de medição e controle para medir continuamente o processo, de modo a garantir que a capacidade do processo seja mantida.

O monitoramento dos Xs críticos é fundamental, não só para manter a capacidade estabelecida do processo, mas também para indicar melhorias futuras.

• elaboração dos novos procedimentos;

• gráficos de controle por variáveis e atributos;

• CEP para pequenos lotes;

• padronizando os procedimentos. Fonte: Adaptado de Rotondaro (2010, p. 24-27).

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