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A metodologia de recolha de dados que utilizei para investigar as aprendizagens e dificuldades manifestadas pelos alunos, no processo de ensino e aprendizagem das equações do primeiro grau, foram de natureza qualitativa, por esse motivo, a recolha dos dados foi diversificada para possibilitar o seu cruzamento.

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Uma das fontes utilizada foi a observação direta dos alunos em contexto de sala de aula, “na investigação qualitativa a fonte direta de dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal.” (Bogdan & Biklen, 1994, p.47). As folhas de “Registo de aprendizagens e dificuldades”, onde o professor coorientador, o professor cooperante, o colega de mestrado e eu registamos as aprendizagens e dificuldades manifestadas pelos alunos, estiveram sempre presentes para auxiliar e complementar a interpretação dos outros dados que recolhi, constituindo-se assim como elementos fundamentais para a análise das aprendizagens e dificuldades dos alunos.

Os materiais escritos com as produções dos alunos foram recursos igualmente fundamentais e amplamente tidos em conta na minha análise. Analisei as produções dos alunos relativas às tarefas propostas, aos TPC’s que estes realizaram e ao trabalho que desenvolveram em contexto avaliativo (Mini-Teste).

Para analisar o contributo do Solver no processo de ensino e aprendizagem das equações do 1.º grau, procedi à gravação dos ficheiros Excel trabalhados pelos alunos e, via software BB FlashBack, que efetua captura de ecrãs, gravei o desenvolvimento das produções de seis pares de alunos previamente selecionados. Foi também criado um pequeno questionário que distribui aos alunos no final da minha intervenção, com o qual procurei perceber qual o efeito da utilização do Solver nas suas aprendizagens e na sua motivação. Por fim, realizei três entrevistas a três pares de alunos para alargar a diversidade dos elementos recolhidos.

A seleção dos alunos a entrevistar, bem como a seleção dos alunos cujas interações no Solver foram gravadas em registo informático, teve em conta os alunos cujas produções seriam, previsivelmente, mais significativas para análise e que mais me poderiam ajudar a compreender o caso, (Stake, 2007). Quer isto dizer que privilegiei a qualidade dos dados em relação à quantidade. Para a gravação das interações com o software BB FlashBack, selecionei alunos que, previsivelmente, desenvolveriam trabalho significativo, quer este fosse correto ou não, ou seja, interessou-me recolher dados acerca de pares de alunos que se envolvessem significativamente na resolução das tarefas que foram desenvolvidas para serem trabalhadas com o Solver. Para as entrevistas, escolhi três dos seis pares observados, o critério da escolha foi a capacidade comunicativa dos alunos. Refira- se que, tal como referido, todos os pares foram formados por uma aluna e por um aluno com diferentes níveis de saber, este facto também ajudou a aumentar a diversidade dos dados recolhidos.

Tal como referido por Bodgan e Biklen (1994), o interesse pelos dados recolhidos neste estudo qualitativo, não terá como objetivo confirmar hipóteses

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previamente concebidas, mas sim elaborar conjeturas à medida que os dados forem sendo analisados e agrupados.

4.1. Observação direta

A observação do trabalho dos alunos teve em conta a segmentação de aulas que considerei nos planos de aula. Os momentos de trabalho autónomo foram propícios à recolha de informação pertinente para interpretar as aprendizagens, as dificuldades e as estratégias dos alunos. Nestes momentos estive a circular pela sala, auscultando os alunos e questionando-os em ordem a aceder aos seus raciocínios. Seguidamente, nos momentos de discussão, tive nova oportunidade de compreender os seus raciocínios, dificuldades e estratégias, procurei escutá-los atentamente e compreender os seus argumentos. O registo que efetuei destes momentos ocorreu após o final de cada aula na referida folha “Registo de aprendizagens e dificuldades”, isto para ficar com registos do que experienciei em cada momento de investigação (Bodgan & Biklen, 1994).

4.2. Recolha e análise documental

As tarefas desenvolvidas para as aulas lecionadas foram entregues aos pares de alunos no início de cada aula e foram trabalhadas por estes quer em ficheiros Excel, quer nas folhas dos enunciados das tarefas. No final de cada aula, copiei os ficheiros de Excel produzidos pelos alunos e recolhi as produções que realizaram nos enunciados das tarefas para as fotocopiar. O mesmo aconteceu com os TPC’s e com o Mini-Teste realizado na última aula. Efetuadas as cópias documentais, os originais foram devolvidos aos alunos na aula seguinte para não comprometer o estudo dos alunos. Como mencionado, foi gravado com recurso ao software BB FlashBack o trabalho realizado nos computadores por seis pares de alunos, adiante designados como Par 1, Par 2, Par 3, Par 4, Par 5 e Par 6. Estes ficheiros foram copiados e forneceram-me dados audiovisuais que enriqueceram a análise efetuada. Relativamente aos questionários, os mesmos também foram recolhidos para análise.

4.3. Entrevistas

As entrevistas realizadas aos três pares de alunos selecionados, foram gravadas em registo áudio e ocorreram fora do horário da aula de Matemática, isto para não prejudicar a sua aprendizagem. Para evitar que os alunos ficassem mais tempo na escola do que aquele que lhes é habitual, tive em conta o período em que estes normalmente permanecem no recinto escolar para almoçar. Assim, as entrevistas foram marcadas para um momento posterior à última aula da manhã, isto no dia 8 de março, perto da hora do almoço. A duração de cada entrevista não

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excedeu os 30 minutos e com elas procurarei recolher mais informação que me ajudasse a compreender os raciocínios, as aprendizagens e as dificuldades dos alunos. Desta forma procurei complementar a análise das observações diretas e dos registos documentais ou informáticos.

Tendo em conta as dificuldades que os alunos foram revelando de forma mais generalizada e que, por isso, foram mais trabalhadas na sala de aula, desenvolvi para a entrevista a tarefa Equações III. Esta tarefa recuperou questões trabalhadas em momentos anteriores e, por questões éticas, foi composta por questões muito semelhantes às que tinham sido colocadas no Mini-Teste, isto para evitar desigualdades. Na entrevista, a resolução da tarefa foi acompanhada de diálogo com os alunos no qual coloquei questões como “explica-me como pensaste?”, “porque podemos resolver assim?”, “conseguem fazer um esquema ou ilustrarem como estão a pensar?” ou “conseguem relacionar o vosso raciocínio com o que fizeram no Solver?”, isto com o intuito de aceder aos seus raciocínios e estratégias. Procurei aferir que noções algébricas foram conseguidas, quais as que permaneceram dúbias ou incompreendidas e quais os contributos que o uso da tecnologia teve para a aprendizagem dos alunos.

Como as entrevistas foram realizadas em simultâneo com a resolução da tarefa Equações III, foram produzidos dados relativos às resoluções dos alunos nos enunciados, relativos às notas retiradas por mim e relativos a dois ficheiros áudio obtidos na minha interação com os alunos. A gravação áudio da interação com o Par 4 não foi conseguida por motivos técnicos.

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