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3.6 Recursos TIC e estratégia de sua utilização

3.7. Métodos e técnicas de recolha e registo de dados

A Investigação-Ação, tendo como objetivo principal a mudança de atitudes e

comportamentos através da intervenção social, implica uma avaliação sistemática do trabalho realizado em todos os ciclos de forma a modificar e reformular todo o trabalho levado a cabo com vista à resolução do problema inicialmente diagnosticado. A recolha de dados permite registar todos os factos ocorridos em cada um dos ciclos para tornar possível a avaliação e reflexão.

De acordo com Latorre (2003, citado por Sousa et al., 2008), o professor/ investigador tem de ir recolhendo informação sobre a sua própria intervenção para que possa analisar com mais distanciamento a sua prática letiva, refinando de modo sistemático e intencional o seu olhar sobre tudo o que é supérfluo reduzindo todo o processo a um sistema de representação que torne mais fácil a análise e, consequentemente, a avaliação.

A Investigação-Ação, permite uma reflexão em profundidade e multifacetada (Kemmis 1988, citado por Moura, 2003) e possibilita o diálogo durante o processo bem como a avaliação formativa dos processos utilizados (Stenhouse 1987,

citado por Moura, 2003) permitindo que se possam realizar correções e alterações durante a investigação.

Neste estudo foi privilegiada a observação participante, em sala de aula, com o auxílio de grelhas adequadas de observação e realização de inquéritos por questionário.

Os instrumentos de recolha de dados privilegiados foram os seguintes:

• Observação direta e com o preenchimento de grelhas adequadas de observação e registo de dados;

• Observação participante;

• Diário de campo com observações e ocorrências;

• Recolha documental através de fichas de trabalho, relatórios de atividades laboratoriais, listagens da base de dados;

• Conjunto de dados e informações facultados pela plataforma de aprendizagem, tanto através de todos os registos de participação na plataforma como através de recursos estatísticos fornecidos pela própria plataforma;

• Questionário onde previamente foram definidos: os tipos de pergunta a fazer; O que procuramos saber; As escalas de medida a utilizar; Os métodos para análise dos dados.

• Foi refletida a necessidade de se produzir mecanismos de validação, sendo estes de dois tipos:

- Validação interna: o procedimento produziu alguma alteração? - Validação externa: os resultados são generalizáveis?

3.7.1.  A observação

A observação é encarada como um conjunto de utensílios de recolha de dados e um processo de tomadas de decisão (Evertson C. e Green 1996). Ela permite o conhecimento direto dos fenómenos tal como eles acontecem num contexto

determinado. A observação é orientada por um objetivo final, e quanto mais claro este for, mais fácil será a seleção do que é mais importante na observação.

Neste estudo foi privilegiada a observação direta do trabalho desenvolvido pelos alunos durante as aulas, e até fora delas através da plataforma LMS, utilizando para o efeito grelhas de observação que permitiam registar o seu desempenho e evolução, através da ação desenvolvida, da participação e interesse demonstrados e a qualidade do trabalho produzido.

No contexto de aulas de laboratório era observada sobretudo a capacidade de desenvolver trabalho em grupo e a capacidade de explorar, investigar e mobilizar conceitos em diferentes situações e saber aplica-los em novas situações.

a) A observação participante

Na observação participante, enquanto técnica utilizada em investigação, há que realçar que os seus objetivos vão muito além da pormenorizada descrição dos componentes de uma situação, permitindo a identificação do sentido, a orientação e a dinâmica de cada momento (Spradley 1980).

Para a realização da observação participante, o investigador deve ser capaz de estabelecer uma relação de confiança com os sujeitos; ter sensibilidade para pessoas; ser um bom ouvinte; ter familiaridade com as questões investigadas, com preparação teórica sobre o objeto de estudo, ou situação que será observada; ter flexibilidade para se adaptar a situações inesperadas; não ter pressa de adquirir padrões, ou atribuir significado aos fenómenos observados.

Neste tipo de observação são apontados inconvenientes devido à possibilidade de o investigador, como elemento estranho poder perturbar a investigação. Porém, no caso deste estudo, esse problema não se coloca porque o investigador é o próprio professor, o qual sendo observador não deixa de ser parte integrante da turma o que facilita porque o papel de observador é assumido discretamente.

b) Observação sistemática

Numa observação sistemática os comportamentos a observar são predeterminados pelo observador, possibilitando a elaboração de uma grelha

onde o investigador assinalará a ocorrência de um determinado comportamento ou a frequência com que este ocorreu. Posteriormente, verificar-se-á o aumento, ou a diminuição de determinadas ocorrências/comportamentos. Segundo Lessard-Hébert (1996), este meio de observação é muito pertinente se se realizar com o objetivo de modificar um comportamento.

No presente estudo a intenção era melhorar a atitude dos alunos no que se refere ao interesse, ação e participação na aula, procurando-se criar uma dinâmica que rentabilizasse as aulas, acima de tudo com a participação de todos os alunos, independentemente das suas caraterísticas pessoais de reserva, ou timidez.

3.7.2. Diário de bordo

Segundo Sousa et al. (2008) esta é uma técnica narrativa que goza de muita popularidade junto dos investigadores uma vez que serve para recolher observações, reflexões, interpretações, hipóteses e explicações de acontecimentos, ajudando o investigador a desenvolver o pensamento crítico, a mudar os seus valores e a melhorar a sua prática.

O diário de bordo constitui uma fonte importante de dados, permitindo ao investigador registar durante a investigação as observações e ocorrências consideradas pertinentes. É considerado um instrumento valioso de investigação sobretudo pelo facto de permitir recolher comportamentos autênticos de agentes que atuam no seu contexto natural de trabalho.

Estes dados recolhidos em campo relevam os detalhes e não os resumos e são o relato escrito daquilo que o investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e refletindo sobre os dados de um estudo qualitativo (Bogdan C. e Biklen 1994).

Este instrumento foi importante uma vez que, como refere Lessard-Hébert (1996) os dados recolhidos num diário de bordo podem ser úteis no momento da avaliação dos resultados para interpretar dados recolhidos por intermédio de uma observação sistemática, ou através do inquérito.

3.7.3. Grelhas de observação

A observação “engloba o conjunto de operações através das quais o modelo de análise é submetido ao teste dos factos e confrontado com dados observáveis” (Quivy R; e Campenhoudt 2005).

As grelhas de observação são instrumentos que permitam registar o desempenho dos alunos nas diversas situações que lhe são proporcionadas e verificar a sua evolução, interesse, participação e a sua capacidade de organizar e desenvolver trabalho.

A técnica de observação pode concretizar-se de uma forma não estruturada, ou seja, sem que haja qualquer instrumento formal de recolha e registo de dados, ou de uma forma mais estruturada, à custa de grelhas de observação, ou de listas de verificação (Gott R. e Duggan 1995).

Neste estudo foi dada importância às grelhas de observação por se reconhecer nelas a qualidade de permitirem orientar a atenção do observador, de forma sistemática, para aspetos concretos bem definidos e estruturados sem se perder a atenção com outros de menor relevância para a investigação.

A seguir é apresentada uma síntese dos conteúdos das grelhas de observação as quais são apresentadas em apêndice: