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CONTROLE OPERACIONAL DO TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS

7.1 – Introdução

Com a finalidade de conhecer como vêm sendo coletados e utilizados os dados operacionais necessários ao planejamento, monitoramento e controle operacional do sistema de transporte público no Brasil, realizou-se uma pesquisa através de questionário, (Apêndice 1), enviado por e-mail aos participantes do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Transporte Urbano e Trânsito.

Esta pesquisa também visou identificar o grau de automatização e confiabilidade dos dados coletados para as atividades necessárias à gestão do transporte público. Foram obtidas informações de órgãos gestores de vinte cidades brasileiras, entre elas doze capitais, distribuídas por região conforme tabela abaixo:

TABELA 7.1 – Cidades pesquisadas sobre coleta e tratamento de dados operacionais.

REGIÃO CIDADES PESQUISADAS

Norte Belém e Manaus.

Nordeste Aracajú, Feira de Santana, Fortaleza, Natal e Recife. Centro-Oeste Cuiabá.

Sudeste Belo Horizonte, Guarulhos, Piracicaba, Santos, São Carlos, Sorocaba, Vitória, Uberlândia.

Sul Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Itajaí.

7.2 – Resultados da Pesquisa

No questionário enviado aos representantes dos órgãos gestores, foi solicitado informar sobre como são coletados e tratados os dados necessários ao conhecimento de informações relativas a Origem e Destino, Sobe/Desce, Cumprimento de viagens, Cumprimento de

Alocação de Frota, Cumprimento de Itinerário, Cumprimento de Intervalo e Horários de Partida, Duração do Tempo de viagem, Quebras dos Veículos em Operação, Total de Passageiros Transportados, Total de Passageiros Transportados com Abatimentos (estudantes e gratuidades).

Como apresentado na tabela 7.1, a amostra pesquisada conseguiu avaliar as capitais de dois estados importantes da Região Norte, quatro capitais e uma cidade de porte médio da Região Nordeste, duas capitais e seis cidades de médio e grande porte na Região Sudeste e, na Região Sul foram pesquisadas as capitais dos três estados que a compõem e uma cidade de porte médio. O resultado encontrado foi o seguinte:

• Origem e Destino dos Passageiros – das cidades pesquisadas, dezoito (90%) fazem a coleta dos dados através de equipes de campo, uma (5%) não realiza esse tipo de pesquisa e uma (5%) recebe a informação da empresa operadora. Observa-se que, neste caso, a coleta é feita em sua totalidade de maneira manual. Para que fosse realizada de forma automatizada seria necessário o registro dos cartões eletrônicos nos validadores do sistema de bilhetagem eletrônica por ocasião do embarque e desembarque dos passageiros. E ainda necessitaria que as paradas fossem georeferenciadas para identificação dos locais de origem e destino dos usuários. Não conseguimos identificar nenhuma cidade no Brasil utilizando este tipo de tecnologia.

• Sobe e Desce de Passageiros – dezenove cidades (95%), fazem a pesquisa com equipes de campo e uma (5%) recebe informação da empresa operadora. Também neste caso, a coleta dos dados é realizada de forma manual e para que fosse feita de forma automatizada necessitaria da instalação de um contador de passageiros, o

Automatic Passenger Counter – APC em cada veículo, para fazer a contagem de

passageiros que sobem e descem dos veículos por paradas e calcular o carregamento. Essa tecnologia já é utilizada no exterior, porém aqui no Brasil se encontra em fase de testes. O carregamento de uma linha é uma informação importante para a programação, pois viagens superlotadas são motivos de reclamação dos usuários e ociosas representam custo para o sistema.

• Cumprimento de Viagens – nove cidades (45%) informaram que utilizam equipamentos de bilhetagem eletrônica e fiscalização de campo, uma (5%) faz o monitoramento através de laços indutivos (antenas colocadas no solo) dispostosem pontos estratégicos, uma (5%) utiliza o rastreamento através de GPS, oito (40%) verificam através de fiscalização de campo, uma (5%) recebe a informação da empresa operadora. A coleta automatizada de dados relativos a cumprimento de viagem que é feita através dos sistemas de bilhetagem eletrônica necessita de checagem manual por pesquisas ou fiscalização. Isso ocorre porque a abertura e o fechamento das viagens são realizados pelo cobrador através de um procedimento de inserção do cartão de linha no validador, o que nem sempre acontece no momento exato em que a viagem inicia e termina, daí a suscetibilidade a erros. Para que houvesse uma maior confiabilidade nesses dados seria necessário o acompanhamento dos veículos de forma automatizada através do GPS.

• Cumprimento de Frota – oito cidades (40%) informaram que utilizam equipamentos de bilhetagem eletrônica e fiscalização de campo, uma (5%) utiliza o rastreamento através de GPS, nove (45%) verificam através de fiscalização de campo, duas (10%) recebem a informação da empresa operadora. O controle do cumprimento de frota também não pode ser feito exclusivamente pela bilhetagem eletrônica pelos motivos acima descritos e precisam ser complementados pela fiscalização de campo.

• Cumprimento de Itinerário – dezesseis cidades (80%) realizam fiscalização de campo, uma (5%) utiliza o sistema de laços indutivos, uma (5%) utiliza o GPS, uma (5%) recebe a informação da operadora e uma (5%) não fiscaliza. Este é um dado operacional muito importante a ser fiscalizado e o controle manual feito de forma aleatória ou devido à reclamação do usuário, deixa a desejar. Além de prejudicar o passageiro, a operadora que não cumpre o itinerário programado é remunerada por um serviço não realizado. O sistema de Laços Indutivos, por ser composto de equipamentos fixos, nem sempre consegue rastrear o itinerário completo de todas as linhas. Por esse motivo, o ideal é que o controle seja feito com a utilização de GPS. Existem duas cidades pesquisadas (Recife e Porto

Alegre), que estão com projetos de implantação de GPS, mas por enquanto ainda continuam com a fiscalização manual. Das cidades pesquisadas, apenas Uberlândia conta com 100% da frota operando e sendo controlada por GPS.

• Cumprimento de Intervalos e Horários de Partida – onze cidades (55%) fazem fiscalização de campo, seis (30%) utilizam sistemas de bilhetagem eletrônica e fiscalização de campo, uma (5%) utiliza o sistema de laços indutivos, uma (5%) recebe informações da empresa operadora e uma (5%) utiliza o GPS. Estes dados não podem ser controlados apenas com a bilhetagem eletrônica por causa dos motivos descritos anteriormente no controle de frota e viagens. Devido à fiscalização manual ser realizada apenas por amostragem, é recomendável o controle automatizado feito através do GPS para garantir o máximo possível a qualidade do serviço oferecido ao usuário.

• Tempo de Viagem – oito cidades (40%) utilizam sistemas de bilhetagem eletrônica e complementam com dados de pesquisa, seis (30%) coletam a informação através de fiscalização ou pesquisa de campo, uma (5%) não fiscaliza, três (15%) recebem a informação da empresa operadora, uma (5%) utiliza a fiscalização e confirma através do sistema de laços indutivos, uma (5%) utiliza o GPS. O conhecimento do tempo gasto para realizar uma viagem é um dado muito importante para a programação, pois ele é um dos fatores necessários ao cálculo da frota que irá operar em uma linha. Quanto maior o tempo de viagem, mais veículos e operadores são necessários para cumprir o itinerário e, consequentemente mais custo e poluição ambiental são adicionados ao sistema. A bilhetagem eletrônica não oferece um dado totalmente confiável, sendo necessárias pesquisas para checar a informação e por esse motivo, o ideal é o controle automatizado com a utilização do GPS.

• Quebras de Veículos – gestores de sete cidades (35%) informaram que recebem esses dados das empresas operadoras, sete (35%) obtém de forma amostral pela fiscalização de campo, três (15%) não fiscalizam, uma (5%) utiliza o GPS e duas (10%) utiliza o sistema de bilhetagem eletrônica. A forma mais confiável de

obtenção desse dado é através do GPS, pois a bilhetagem eletrônica não tem condições de fornecer um dado preciso, apenas estimado; tampouco é interesse das empresas operadoras informarem um dado legítimo e a fiscalização é feita de forma amostral.

• Passageiros Transportados – quatorze cidades (70%) obtêm essa informação através da bilhetagem eletrônica, quatro (20%) recebem a informação das empresas operadoras, uma (5%) coleta através da fiscalização e uma (5%) através de pesquisa de campo. Este é um dado que a bilhetagem eletrônica disponibiliza com total confiabilidade o que justifica a grande adesão dos órgãos gestores pela implantação desse sistema.

• Passageiros com Abatimentos ou Gratuidade – em quatorze cidades (70%) esses dados são obtidos através da bilhetagem eletrônica, quatro (20%) recebem a informação das empresas operadoras, uma (5%) comercializa e resgata os passes estudantis e uma (5%) não tem essa informação. O conhecimento das gratuidades e abatimentos é obtido com total confiabilidade pela bilhetagem eletrônica, o que permite um maior controle de fraudes e evasões e, consequentemente reduz o custo da tarifa para os passageiros pagantes, despertando por esse motivo o interesse em sua implantação por parte dos órgãos gestores.