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Um método que estime adequadamente o consumo por animais em pastejo é essencial na avaliação de pastagens, uma vez que estimativas acuradas e precisas auxiliam na recomendação da quantidade de forragem a ser oferecida, para se obter máxima resposta animal ou produção por unidade de área.

O consumo a pasto tem sido estimado por métodos indiretos, diretos ou agronômicos e pelo comportamento animal.

Os métodos indiretos, segundo PEREIRA (1991), são os mais utilizados na determinação do consumo, embora sejam difíceis e trabalhosos. Consistem na determinação da digestibilidade da matéria seca ou orgânica (DMO) e da produção fecal diária (PF), em que o consumo corresponde a [PF/d] / [100- DMO].

A digestibilidade geralmente é determinada nas amostras provenientes de fístula esofágica ou da simulação de pastejo. Estas amostras podem ser anali- sadas pelo método da digestibilidade in vitro, ou com o uso de indicadores internos, como lignina, alcanos, FDA indigestível, celulose potencialmente indigestível, cinza insolúvel em ácido, sílica e cromogênio vegetal, encontrados no alimento e nas fezes.

A produção fecal diária pode ser obtida pela coleta total das fezes ou pelo uso de indicadores externos. Para coleta total de fezes, utilizam-se bolsas coletoras que, apesar do baixo custo, são bastante problemáticas, por prejudi- carem a movimentação normal dos animais. Com o uso de indicadores externos, a produção fecal é dada pela relação entre a quantidade de indicador fornecida diariamente e a quantidade de indicador recuperada por grama de fezes (SILVA, 1993). Os principais problemas associados ao uso de indicadores consistem na excreção variável ao longo do dia e na análise laboratorial trabalhosa.

De acordo com SILVA e LEÃO (1979), vários indicadores têm sido utilizados, como cortiça, sulfeto de prata, óxido férrico, óxido crômico e alguns elementos químicos mais raros, sendo o óxido crômico o mais utilizado. A dosagem pode ser feita duas vezes ao dia em cápsulas de gelatina, impregnada

em papel, ou misturada com algum alimento, contendo 1 a 10 gramas de óxido crômico. A concentração de óxido crômico nas fezes alcança o equilíbrio em seis a sete dias após a administração da dose inicial; sua taxa de recuperação é de aproximadamente 100% e não difere entre animais. Segundo MOORE e SOLLENBERGER (1997), uma alternativa para reduzir o estresse dos animais com dosagens diárias consiste na utilização de marcador de liberação lenta, que é administrado no início do experimento, e a cada 96 horas faz-se a amostragem das fezes para determinação da concentração do marcador, sendo a produção fecal estimada utilizando-se uma curva não-linear para descrever a relação entre a concentração e o tempo após a dosagem. As amostras de fezes podem ser retiradas diretamente do reto do animal ou em fezes recentes, desde que se identifique de qual animal procede.

Recentemente, o uso de n-alcanos como marcadores internos e externos tem sido sugerido como uma técnica viável para estimar o consumo. Os n- alcanos são compostos presentes nas plantas, mais especificamente na cutícula, que consistem predominantemente de longas cadeias em número ímpar de carbo- no (C19-C35), sendo o nonacosane (C19), hentriacontane (C31) e tritriacontane (C33) os mais abundantes. A análise dos compostos é simples, por cromatografia gasosa, e eles são relativamente indigeríveis. Segundo Mayes e Lamb (1984), citados por ASTIGARRAGA (1997), a recuperação dos alcanos nas fezes aumenta à medida que a cadeia de carbono aumenta. Por outro lado, a concen- tração de alcanos de cadeias mais longas, como C35, em algumas forrageiras é muito baixa, o que pode limitar o seu uso, pois compromete a acurácia das estimativas da digestibilidade. Os alcanos de cadeias longas com número par de carbonos são encontrados nas plantas em concentrações muito baixas e, por esta razão, têm sido utilizados como indicadores externos, em especial a octosane (C28) e dotricontane (C32), dosadas diariamente em papel impregnado ou em

pellets. MAYES et al. (1986) propõem a utilização destes alcanos sintéticos, que

podem ser facilmente obtidos a baixo custo e em forma pura, juntamente com alcanos de cadeias longas de carbono em número ímpar, presentes na forragem.

forragem, e o C32, sintético, o que atribuíram às recuperações semelhantes dos dois alcanos nas fezes após oito dias de coleta, com 0,889 e 0,891, respec- tivamente.

A concentração de alcanos de 50 mg/kg de matéria seca é considerada crítica para análise laboratorial, abaixo da qual há comprometimento da acurácia das análises. LAREDO et al. (1991) sugerem que algumas espécies tropicais, como a Leucaena leucocephala, contêm alcanos em concentrações insuficientes para se utilizar a técnica de conjugação de dois alcanos (natural e sintético) para estimar o consumo, principalmente se o pasto contiver alta proporção de caules e folhas velhas, pois as folhas apresentam menores concentrações de alcanos com o avanço da maturidade da planta. Outro problema que pode ser encontrado em pastagens tropicais é a grande diversidade florística, com várias espécies apresentando diferentes concentrações de alcanos, o que limita a utilização desta técnica (BURNS et al., 1994).

Os métodos diretos ou agronômicos envolvem estimativas da disponi- bilidade de forragem antes e após o pastejo, sendo a diferença atribuída ao consumo pelos animais (MEIJS et al., 1982). O consumo diário por animal, em kg/d, é obtido pela diferença entre as disponibilidades antes e após o pastejo, dividida pelo número de animais por hectare pastejando por dia, podendo-se estimar a disponibilidade de pasto utilizando métodos destrutivos e não-destru- tivos, ou o método da dupla amostragem. Nos métodos agronômicos, se o período entre amostragens for superior a dois ou três dias, o crescimento do pasto deve ser estimado, a fim de evitar subestimação do consumo (LINEHAN et al., 1952; WALTERS e EVANS, 1979). Devem-se considerar também perdas de forragem por pisoteio, ataque de pragas e doenças e consumo por outros animais (coelhos, capivaras, veados, etc.), que levam a uma superestimação do consumo. Estes métodos podem ser bastante trabalhosos, principalmente em pastagens extensas e, ou, heterogêneas (MOORE e SOLLENBERGER, 1997).

Diferentes tipos de exclusão têm sido usados em estudos de pastejo, variando de cercas fixas a gaiolas distribuídas na área. O tipo de exclusão a ser usado depende da vegetação, do procedimento amostral e do tipo de animal a ser

excluído (MANNETJE, 1978). Então, o consumo de forragem pode ser estimado pela diferença na quantidade de forragem dentro e fora da gaiola. Assume-se que a taxa de crescimento dentro e fora da gaiola é similar (MOORE e SOLLENBERGER, 1997).

Gaiolas pareadas podem ser utilizadas para reduzir os erros de amostra- gem. Esta técnica consiste em escolher pontos amostrais, aos pares, semelhantes em termos de composição botânica, altura, densidade e disponibilidade. Sorteia- se um dos pares para ser cortado imediatamente, enquanto o outro será cortado após um período predeterminado (STUTH et al., 1981).

Um dos mais diretos métodos de determinação do consumo consiste na pesagem do animal antes e após o pastejo, sendo a diferença de peso atribuída ao consumo (ALLDEN e WHITTAKER, 1970). Este método apresenta algumas limitações, como o curto período de pastejo e a necessidade de estimativas de perdas de peso pela defecação e urinação. Tem sido mais utilizado com carneiros, mas não há restrição para grandes ruminantes (BURNS et al., 1994).

Os métodos de determinação do consumo através do comportamento animal, segundo STOBBS (1973a), são bastante confiáveis. O consumo de forragem se dá em função do tempo de pastejo (TP), do número de bocados por unidade de tempo (TX) e do tamanho médio de bocado (TB). CHACON et al. (1976) definem o consumo de forragem (CMS) por: CMS=TP * TX * TB.

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