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6. Arrastamento inevitável e contaminação cruzada no fabrico de alimentos

6.3. Métodos para a quantificação da contaminação cruzada

A ocorrência e o grau de CC não é constante numa fábrica de ACA (Palou, 2005 citado por Vergara, 2012). Neste sentido, antes de implementar medidas que visem diminuir este fenómeno, é importante conhecer quais os valores de CC que um estabelecimento de fabrico apresenta (Vergara, 2012).

Esta avaliação de CC deve ser considerada como parte integrante do sistema de APPCC, de implementação legalmente obrigatória em cada estabelecimento do setor dos alimentos para animais. Assim sendo, os operadores deverão considerar todos os riscos relacionados com o seu processo produtivo que possam ser objeto de CCs, especialmente quando se recorre à utilização de certos aditivos, PMAs e PMMs (DGAV, 2014).

Para avaliar a CC estão descritos diversos métodos, designadamente o método da mistura proteína-manganês, contudo são os métodos baseados no uso de marcadores que são largamente utilizados (DGAV, 2014; OVOCOM, 2015).

Os testes de CC devem ser realizados, em condições normais de produção, pelo menos uma vez por ano. Adicionalmente, sempre que existirem alterações nos circuitos de produção (novos equipamentos ou processos), devem ser realizados testes de CC para validar os novos procedimentos. O mesmo se aplica se forem detetadas contaminações (DGAV, 2014; FEFAC, 2014).

6.3.1. Métodos baseados no uso de marcadores

A utilização de métodos baseados no uso de marcadores deve respeitar um procedimento que inclui a produção de dois ou três lotes consecutivos de alimento composto (tendo em conta o marcador a utilizar), preferencialmente da mesma referência (DGAV, 2014).

Como marcadores poder-se-á recorrer a (Vergara, 2012; DGAV, 2014): aditivos destinados à alimentação animal (oligoelementos ou coccidiostáticos), PMMs e micromarcadores de partículas metálicas (F e FSS ou RF Blue).

6.3.3.1. Oligoelementos (micronutrientes)

Pode recorrer-se ao uso de aditivos da categoria dos aditivos nutritivos, grupo funcional dos oligoelementos, como marcadores para efeito da realização dos testes de CC (DGAV, 2014). Os mais utilizados são o cobalto, o molibdênio e o manganês (Vergara, 2012).

A utilização deste tipo de marcadores obriga à produção de três lotes consecutivos de alimento composto (farinado ou granulado). O lote inicial (Lote A), sem marcador, é utilizado para medir o teor natural do oligoelemento no alimento composto, sendo designado por lote

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padrão. O lote seguinte (Lote B) corresponde a um lote de alimento composto com composição semelhante ao Lote A, mas com adição do marcador. O Lote C corresponde a um lote de alimento composto com composição semelhante ao lote A sem a adição do marcador. Tem como função a avaliação da CC, através da determinação dos teores do oligoelemento eventualmente presentes. A quantificação dará uma ideia do nível de CC inerente ao circuito de produção (DGAV, 2014; OVOCOM, 2015).

6.3.3.2. Substâncias farmacologicamente ativas

Pode também recorrer-se ao uso de substâncias farmacologicamente ativas como marcador, tais como os coccidiostáticos ou PMMs, para efeito da realização dos testes de CC, o que obriga à produção de dois lotes consecutivos de alimento composto (farinado ou granulado). Um lote de alimento composto adicionado com o marcador escolhido (Lote B), e um lote subsequente (Lote C) de composição semelhante ao lote B sem a adição do marcador, que terá como função a avaliação da CC, através da determinação dos teores do marcador eventualmente presente (DGAV, 2014).

É importante referir que este tipo de marcadores é muito específico, com características intrínsecas próprias, as quais têm que ser tidas em consideração aquando da sua utilização em testes de CC (Vergara, 2012; OVOCOM, 2015).

O Instituto de Investigação TNO, sediado na Holanda, definiu para um conjunto de substâncias farmacologicamente ativas um fator de multiplicação que deriva do coeficiente de adesão individual de cada substância e que tem que ser tido em consideração aquando do cálculo da CC. Quanto maior for o coeficiente de adesão relativa, maior será o fator de multiplicação, que varia entre 1 e 3, sendo que para substâncias farmacologicamente ativas ainda não estudadas, um fator de multiplicação de 3 deverá ser obrigatoriamente considerado (DGAV, 2014; OVOCOM, 2015).

O fator de multiplicação permite ter em conta a CC que deriva das propriedades intrínsecas de cada substância, para além da CC proveniente das instalações (OVOCOM, 2015).

6.3.3.3. Micromarcadores de partículas metálicas

Estes micromarcadores constituem-se como partículas metálicas de ferro, magnetizadas e revestidas de um corante, que quando se adicionam à mistura se dispersam. Foram desenvolvidos para realizar testes de CC, mas também testes de homogeneidade da mistura em fábricas de ACA. São altamente específicos e sensíveis, uma vez que não estão presentes de forma natural nas matérias-primas nem em outros ingredientes, sendo que a sua deteção só é possível após uma adição intencional. O método de quantificação é bastante fácil e de baixo custo, sendo o número de micropartículas determinado a partir da sua separação das restantes partículas do alimento, tornando-se visíveis (pontos de cor) numa folha de papel de filtro humedecido (Vergara, 2012).

Comercialmente existem vários micromarcadores disponíveis, F, FSS e RF Blue, sendo que têm em comum a grande estabilidade que apresentam ao longo do processo de fabrico dos alimentos compostos, e apresentam-se como a escolha de eleição na grande maioria dos casos. Apenas em alimentos com elevado teor em gordura, como alimentos para frangos de engorda, estão desaconselhados uma vez que a disponibilidade analítica do marcador pode ser diminuída (Vergara, 2012; DGAV, 2014).

A utilização destes micromarcadores, na realização de testes de CC obriga à produção de dois lotes consecutivos de alimento composto (farinado ou granulado). Um lote de alimento composto adicionado com uma mistura de micromarcador (Lote B) seguido de um lote de composição semelhante ao lote B sem a adição do marcador (Lote C), que terá como função a avaliação da CC através da determinação dos teores do marcador eventualmente presentes. Esta quantificação dará uma ideia do nível de CC inerente à instalação (DGAV 2014; OVOCOM, 2015).

6.4. Amostragem, preparação e processamento laboratorial