• Nenhum resultado encontrado

Métodos para Síntese de Ciclopentenonas Dissubstituídas As ciclopentenonas são encontradas em um grande número de produtos

Lista de Tabelas

N. Engl J Med 2004, 351, 1709-1711.

2. Métodos para Síntese de Ciclopentenonas Dissubstituídas As ciclopentenonas são encontradas em um grande número de produtos

naturais incluindo a jasmona (extraída da porção volátil do óleo das flores de jasmim22 - figura 11)23, as aflatoxinas (que são micotoxinas produzidas pelas

22 Koch, T.; Bandemer, K.; Boland, W. Helvetica Chimica Acta 1997, 80 (3), 838–850. 23 http://www.mundoeducacao.com/quimica/a-origem-dos-perfumes.htm.

16

espécies de fungos: Aspergillus flavus and Aspergillus parasiticus.24 As aflatoxinas são tóxicas e estão classificadas entre as substâncias de maior poder carcinogênico25 - figura 12)26 e várias prostaglandinas (que são eicosanóides ciclopentenonas eletrofílicos originários ou da peroxidação do ácido araquidônico ou de seus metabólitos induzida por radicais livres. Desempenham funções importantes em processos patofisiológicos associados com a inflamação e o estresse oxidativo, possuindo também ações antiproliferativa e antiviral – figura 5).27 Devido a sua importância, advém o grande interesse na síntese de tais moléculas.

Figura 11: Jasmona

Figura 12: Aflatoxina

24 Wannop, C. C. Avian Diseases 1961, 5 (4), 371–381.

25 Hudler, G. W. Magical Mushrooms, Mischievous Molds: The Remarkable Story of the Fungus Kingdom

and Its Impact on Human Affairs. 1998, Princeton University Press, United Kingdom.

26http://www.probioticonline.net/Secondary-metabolites-and-mycotoxins-of-aspergillus-species/Aflatoxin-

B1/; http://dudesmodernos.com/wpcontent/uploads/2013/11/amendoim.jpg.

17

Há na literatura várias estratégias para a preparação sintética das ciclopentenonas dissubstituídas, sendo algumas delas exemplificadas a seguir. Numa revisão atual Aitken e colaboradores28 relataram os principais métodos sintéticos para a preparação de núcleos 2-ciclopentenonas através de precursores acíclicos tanto de forma intermolecular quanto de forma intramolecular utilizando estratégias de desmembramento de tais núcleos (figura 13).

Figura 13: As principais estratégias de construção de anéis 2-ciclopentenonas, mostrando as conectividades atômicas realizadas durante a formação do anel (esquerda e centro) e

métodos de ciclização (direita).

A reação de ciclização de Nazarov, que é uma ciclização de cetonas divinílicas catalisada por ácido, foi utilizada por Flynn e colaboradores29 para produzir as ciclopentenonas (III) a partir das cetonas divinílicas derivadas das oxazolidinonas quirais (I) utilizando o ácido metanosulfônico, passando pelos estados de transição (syn e anti) II, sempre obtendo excelentes diasterosseletividades (esquema 1).

28 Aitken, D. J.; Eijsberg, H.; Frongia, A.; Ollivier, J.; Piras, P. P. Synthesis 2014, 46, 1-24. 29 Flynn, B. L.; Manchala, N.; Krenske, E. H. J. Am. Chem. Soc. 2013, 135, 9156.

O 1 2 3 4 5 O 1 2 3 4 5 O 1 2 3 4 5 4 + 1 4 + 1 2 + 2 + 1 3 + 2 3 + 2 3 + 2 3 + 2 PKR Coupling RCM Aldol-type annulation Nazarov Rautenstrauch

18

Reagentes e condições: a) Ácido metanosulfônico, CH2Cl2, 0 ºC, 75 – 99%.

Esquema 1: Reação de ciclização de Nazarov

Black e colaboradores21a numa reação de condensação aldólica intramolecular produziu a ciclopentenona (VI). O sal de lítio do ácido fenoxiacético foi tratado com brometo de vinil magnésio, preparado imediatamente antes do uso, para originar a vinil cetona (IV), essa serviu de substrato para a adição do 4-(metilmercapto)benzaldeído, catalisada por um sal de tiazol fornecendo a dicetona (V), que ciclizou na presença de DBU (esquema 2). R2 R1 N R3 O O O R4 R2 R1 N R3 O O O R4 R2 R1 N R3 OH O O R4 R2 R1 N R3 OH O O R4 sy n ant i 10 exemplos R1,R2,R3= alquila, arila R4= Ph,iPr dr > 20:1 I II III a

19

Reagentes e condições: a) 4-(metilmercapto)benzaldeído, cloreto de 3-benzil-5(2-

hidroxietil)-4-metiltiazol, Et3N, Dioxano, 7%; b) DBU, MeOH, 90%; c) Oxone®, acetona/H2O, 76%.

Esquema 2: Reação de condensação aldólica intramolecular

Zhao e colaboradores86 empregaram uma rota sintética que utilizou a reação de Shapiro, o rearranjo de Claisen e a reação de Friedel-Crafts intramolecular para obter a ciclopentenona (XIII). A solução da 4- metilmercaptoacetofenona (VII) foi tratada com sulfonil hidrazina (TsNHNH2), na presença de para-toluenossulfonato de piridina (PPTS)

catalítico, que forneceu a tosil hidrazona (VIII). Essa foi tratada com reagente de Grignard e base originando um intermediário (IX). A subsequente reação deste último com 3,5-difluorobenzaldeido (X) forneceu o álcool alílico (XI). O rearranjo de Claisen do álcool alílico forneceu o éster que, logo após, foi hidrolizado na presença de NaOH aquoso. O ácido carboxílico formado (XII) foi transformado em seu cloreto de ácido correspondente e, posteriormente, submetido à reação de Friedel-Crafts intramolecular para fechamento do anel (esquema 3).

20

Reagentes e condições: a) TsNHNH2, PPTS(cat.), CH3CN, o-diclorobenzeno, 92%; b) i- PrMgCl, THF/tolueno, 96%; c) 1. CH3C(OEt)3, 10 mol% (CH3)3CCO2H, tolueno, refluxo; 2. NaOH, THF, refluxo, 67%; d) AlCl3, (COCl)2, CH2Cl2, 90%.

Esquema 3: Reação de Shapiro, rearranjo de Claisen e reação de Friedel-Crafts intramolecular

Outra estratégia abordada, pelo mesmo grupo do pesquisador Zhao, empregou a alquilação do malonato de dimetil (XIV) com a bromosulfona (XV) para produzir o diéster (XVI). O diéster foi usado como substrato para a uma reação de acilação com o cloreto de 3,5-difluorofenilacetil (XVII), originando o intermediário (XVIII) que, logo em seguida, foi convertido no produto ciclizado (XIX). Esse último, sob condições ácidas, foi transformado na ciclopentenona (XX) (esquema 4).

21

Reagentes e condições: a) K2CO3, acetona, 45 ºC, 80%; b) MgBrOEt2, piridina, MeCN/THF, 0 ºC, ; -35 a -25 ºC, 1h; c) 0.2 eq. Et3N, RT, 2h, 80% (dois passos); d) H2SO4 (3M), HOAc, 90 ºC, 10h, 95%.

Esquema 4: Reação de alquilação do malonato de dimetil

Chen e colaboradores30 chegaram as ciclopentenonas através de uma reação entre a zirconaciclopenteno, advinda da reação de 3-hexino e dicloreto de zirconoceno, e cloreto de oxalila. A zirconaciclopenteno (XXI) sofreu, primeiramente, uma transmetalação com o cloreto de cobre formando o intermediário (XXII) que, logo após, se coordenou a uma das carbonílas do cloreto de oxalila (XXIII) originando um composto (XXIV) com anel de sete membros. A porção alquenilcobre reagiu com a carboníla chelada formando (XXV). Após eliminação do cloreto de cobre a carbonila foi recostituída formando (XXVI) que imediatamente sofreu um ataque nucleofílico intramolecular pela porção alquilzircônio dando origem ao carbociclo de cinco membros (XXVII), que após subsequente eliminação do cloreto de

22

zirconoceno, acompanhada de descarboxilação, gerou a ciclopentenona (XXVIII) (esquema 5).

Reagentes e condições: 10 mol% CuCl, cloreto de oxalila, -30oC a RT, 1h, 85%.

Esquema 5: Reação envolvendo zirconaciclopenteno e hexino

Um método de acoplamento de três componentes, foi desenvolvido por Trost e Pinkerton31, para gerar ciclopentenonas dissubstituídas. A síntese das ciclopentenonas (XXXIII e XXXIV) se iniciou após o acesso aos precursores alcino (XXIX) e enona (XXX), sendo o primeiro advindo de um acoplamento de Sonogashira seguido de desidratação32 de 3,5-difluorofenilacetileno e o segundo, por via one-pot, após obtenção do cloreto de ácido do ácido 4- metilmercaptobenzóico seguida por acoplamento cruzado tipo Stille. Primeiramente houve a formação do brometo de vinila (XXXI), através de um acoplamento de três componentes catalisada por rutênio. Após o protocolo de

31 Trost, B. M.; Pinkerton, A. B. J. Org. Chem. 2001, 66 (23), 7714–7722. 32 Crisp, G. T.; Flynn, B. L. J. Org. Chem. 1993, 58, 6614.

23

Nozaki-Kishi o brometo de vinila foi ciclizado originando o ciclopentenol (XXXII) que, subsequentemente, foi oxidado originando a ciclopentenona (XXXIII). Após uma segunda oxidação, originou-se a ciclopentenona (XXXIV) (esquema 6).

Reagentes e condições: a) [CpRu(CH3CN)3]PF6, SnBr4, 1,5 eq. LiBr, acetona, 60 ºC, 64%; b) CrCl2/NiCl2, DMF, RT; c)PDC, CH2Cl2, 0 ºC, 60%; d) Oxone®, acetona, 45 ºC, 80%.

Esquema 6: Método de acoplamento de três componentes

Um exemplo, relatado pelo grupo de Aitken, é o rearranjo de Rautenstrauch cuja isomerização de acetatos de 1-etinil-2-alquenil (XXXV), catalisada por paládio (II), origina as 2-ciclopentenonas 2,3-dissubstituídas (XL). O mecanismo proposto envolve adições metálicas consecutivas ao sistema π e migração do acetato (esquema 7).

24

Esquema 7: Rearranjo de Rautenstrauch

Outro exemplo, do mesmo grupo supracitado, foi a cicloadição de ésteres fenílicos α,β-insaturados (XLI), catalisada por níquel, com alquinos (XLII), não terminais, para fornecer as 2-ciclopentenonas trisubstituídas (XLIII). O mecanismo proposto implicou num intermediário η3

- oxalilfenoxiníquel (XLIV) (esquema 8).

Esquema 8: Reação de cicloadição de ésteres fenílicos α,β-insaturados

AcO AcO Pd o o Pd AcO Pd AcO O H2O XXXV XXXVI XXXVII XXXVIII XXXIX XL R1 OPh O R3 R2 O R3 R1 R2 O R3 R1 R2 LnNi OPh Ni(cod)2(10 mol%) Cy3P (20 mol%) Zn(pó) iPrOH; 130 ºC R1,R2, R3= Ph, alkyl

XLI XLII XLIII

25

3. Objetivo

O objetivo desse trabalho foi sintetizar as ciclopentenonas 2, 3, 4 e 5, utilizando uma abordagem inovadora a partir de adutos de MBH, propondo modificações estruturais, acréscimo de grupamentos químicos e alterações de grupos farmacofóricos, além de eletrônicas através do bioisosterismo clássico e avaliar a propriedade anti-inflamatória dessas novas ciclopentenonas, para inibição seletiva da COX-2, em ensaios in vivo (modelos de inflamação não alérgica em animais, tais como, edema de pata e peritonite) e ensaios in vitro (ensaio de agregação plaquetária em sangue periférico humano e dosagem de PGE2 em macrófagos peritoneais).