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PARTE II- O ESTUDO

3. Metodologia Adotada

3.4. Métodos e técnicas de recolha de dados

A recolha de dados engloba um conjunto de instrumentos que possibilitam o acesso a informação no âmbito do estudo. Segundo Vale (2004), “a recolha dos dados é uma fase crucial em qualquer investigação, e há algumas técnicas e instrumentos que nos podem ajudar nessa recolha” (p. 178). Já para Bogdan e Biklen (1994), “o termo dados refere-se aos materiais em bruto que os investigadores recolhem do mundo que se encontram a estudar” (p. 149). Assim, segundo estes autores, os dados correspondem aos componentes que permitem a análise de informação. Num estudo desta natureza, deve recorrer-se a múltiplas fontes de evidência, de forma a aceder a uma grande diversidade de dados, como se passa a descrever.

3.4.1. Observação

A observação, juntamente com outros métodos de recolha de dados, permite um contacto próximo com o fenómeno em estudo, facilitando a compreensão do mesmo (Stake, 2009). A observação, segundo Vale (2004), “é a melhor técnica de recolha dos dados dos indivíduos em atividade” (p. 181), isto porque permite comparar o que é dito, ou o que não é dito, com o que se faz, confrontando aspetos de relevância para o estudo. De acordo com Guba e Lincoln (1994), a observação maximiza a habilidade do investigador para identificar motivos, crenças, preocupações,

41 interesses ou até comportamentos inconscientes, tudo isto, permitindo investigar os fenómenos em estudo em ambiente natural. Patton (2002) acrescenta que a observação possibilita a descrição das atividades, dos diálogos estabelecidos entre o investigador e os participantes e entre os participantes.

Entre as diferentes modalidades de observação, considerou-se que, neste caso, a participante seria a mais adequada. O investigador assume um papel mais próximo junto dos intervenientes do estudo, estabelecendo uma relação de proximidade e interações que levam ao estabelecimento de conversas ou entrevistas informais que fornecem dados complementares (Vale, 2004). Yin (2009) defende que o investigador participante está completamente inserido no contexto em estudo e interage com os participantes com o intuito de aprofundar a sua compreensão acerca da forma como experienciam determinados fenómenos.

Durante o estudo, a investigadora realizou o registo de notas de campo, resultantes das observações e do seu envolvimento na implementação das tarefas. Estas notas de campo referem-se à descrição dos fenómenos que estão relacionados com as dificuldades e os conhecimentos das crianças, evidenciados pelas suas reações, pelas suas participações e interações.

3.4.2. Documentos

Os documentos desempenham um papel importante na recolha de dados, na medida em que nos fornecem informações acerca do contexto em estudo (Denzin & Lincoln, 1994). Nesta perspetiva, Stake (2009) refere que os documentos acrescentam informações que o investigador não observa diretamente e, por isso, são um reforço ao acrescentar novas evidências. Os documentos abrangem os relatórios, os registos dos participantes, fotografias, transcrições, notas, jornais, entre outros.

A investigadora acedeu a vários tipos de documentos, todos eles fundamentais para a investigação, pois são portadores de informações importantes, por vezes de natureza diferente. Ao longo do estudo foram consultados e analisados: documentos de natureza biográfica; documentos oficiais do contexto educativo; documentos produzidos pelas crianças; e notas de campo.

Os documentos de natureza biográfica e os documentos oficiais do contexto educativo foram um importante contributo para caracterizar e conhecer melhor o

42 grupo, bem como o trabalho delineado pela Educadora Cooperante para estas crianças. Foram consultados: fichas individuais das crianças; avaliações efetuadas pela Educadora Cooperante; Plano Anual de Atividades; e Projeto Curricular de Turma. Para além de terem sido relevantes para a caracterização do grupo e do contexto, foram também usados para melhor adequar as tarefas a propor.

Ao longo da implementação das tarefas as crianças produziram alguns documentos, que foram posteriormente analisados, nomeadamente registos que ajudavam a representar as suas ideias, associados às tarefas propostas.

As notas de campo resultaram das observações efetuadas pela investigadora. Estas notas incidiram em descrições referentes ao desempenho das crianças, às dificuldades demonstradas e momentos importantes. Estes registos foram posteriormente complementados com os dados resultantes das gravações áudio e vídeo.

3.4.3. Gravações áudio e vídeo e registos fotográficos

As gravações áudio e vídeo e os registos fotográficos constituem importantes ferramentas de recolha de dados, já que permitem um registo fidedigno de dados a que por vezes não é possível aceder através da observação. Guba e Lincoln (1994), salientam que estas técnicas devem apenas ser utilizadas em casos excecionais, uma vez que podem interferir com os comportamentos dos sujeitos. Já Patton (2002) defende que este tipo de meios permitem recordar e preservar o contexto, facilitando o acesso a informação que com outras técnicas de recolha de dados não seria possível. As fotografias representam um registo importante, na medida em que apresentam evidências sobre a relação entre os intervenientes, entre os intervenientes e as tarefas apresentadas e com os materiais utilizados. Segundo Bogdan e Biklen (1994), “as fotografias não são respostas, mas ferramentas para chegar às respostas” (p. 191), deste modo a fotografia representa um meio de recolha de informações fundamental para a concretização da investigação, uma vez que ajuda a recordar acontecimentos vivenciados no contexto. Estas técnicas mostraram-se fundamentais para a investigação, pois forneceram informações sobre as quais a investigadora pode refletir após a implementação das tarefas.

43 A investigadora recorreu à máquina fotográfica na implementação de todas as tarefas, o que possibilitou o registo de situações importantes que evidenciavam a forma como as crianças agiram. As gravações áudio e vídeo foram utilizadas no registo de cada uma das sessões, permitindo captar na íntegra momentos reveladores de comportamentos e intervenções das crianças.

Pode dizer-se que tanto os registos fotográficos como as gravações áudio e vídeo não constituíram qualquer constrangimento para as crianças. Este grupo estava já habituado a estes equipamentos que foram sendo usados de forma frequente ao longo do ano letivo, sendo uma prática comum a sua utilização na PES I e na PES II.

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