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Quando se faz referência à metodologia a seguir na elaboração de um trabalho de pesquisa científica, procura aludir-se a um conjunto de procedimentos a realizar durante esse trabalho de pesquisa, procurando-se dar uma maior sistematicidade, racionalidade e um consequente maior rigor científico.

Nesse sentido, elaborámos o nosso projeto em três partes complementares. Na primeira parte, delineámos a planificação global do estudo procedendo à delimitação do problema, à definição de objetivos, à formulação de hipóteses.

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Na segunda parte, houve a preocupação essencial de conferir ao estudo um rigor epistemológico através da análise de um conjunto de obras que fundamentaram as nossas opiniões e perceções, consolidando também, na vertente teórica, o problema, as hipóteses e os objetivos.

Na terceira parte, de caráter essencialmente experimental, procedemos ao trabalho de campo, onde começamos pela caraterização dos participantes, bem como à caraterização do meio onde o trabalho se desenvolveu, abordando as questões de natureza ética que tivemos em consideração.

3.1.1-Participantes

A amostra é uma parte de um universo que o investigador escolhe, procurando que seja representativa da identidade do todo donde é extraída.

“ A amostra é o conjunto de elementos sobre os quais se recolhem efetivamente dados” (Albarello et al. 2005, p. 57). Este processo consiste em considerar um determinado número de elementos que se pretende observar (amostra) de um conjunto de elementos (população). Em estudos muito abrangentes, torna-se difícil abordar todo o universo de indivíduos, recorrendo a técnicas de amostragem. Como referem Quivy e Campenhoudt (2007, p.160):

…após ter circunscrito o seu campo de análise, deparam-se três possibilidades ao investigador: recolhe dados e faz incidir as suas análises sobre a totalidade da população coberta por esse campo, ou limita a uma amostra representativa desta população, ou estuda apenas algumas componentes muito típicas, ainda que não estritamente representativas dessa população.

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A amostra do nosso projeto é constituída por professores de escolas urbanas e rurais do concelho de Vila do Conde, num total de cem docentes.

3.1.1.1-Caraterização do meio – Vila do Conde

(imagem de Vila do Conde) doces

Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços,

E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"?Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tetos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém! Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções, Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou, É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou Sei que não vou por aí! !

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Vila do Conde é uma cidade portuguesa no Distrito do Porto, Região Norte e sub-

região do Grande Porto, com 28 636 habitantes em 2011. Pertence ainda à Grande Área Metropolitana do Porto.

É sede de um município com 149,31 km² de área e 79 533 habitantes (2011), subdividido em 30 freguesias. O município é limitado a norte pelo município da Póvoa de Varzim, a leste por Vila Nova de Famalicão e Trofa, a sul pela Maia e por Matosinhos e a oeste tem litoral no oceano Atlântico.

Localizada na margem Norte da foz do rio Ave, Vila do Conde é um importante centro industrial, porto de pesca e zona balnear e turística, configurando um dos principais e mais procurados centros balneares do país. A cidade faz parte do mesmo aglomerado urbano que a Póvoa de Varzim.

A povoação de Vila do Conde é muito antiga, anterior à fundação de Portugal, e o seu topónimo não sofreu alterações, era já Vila do Conde. A primeira referência a Vila do

Conde é do ano de 953 no livro da condessa Mumadona Dias onde é referida como

Villa de Comite.

D. Sancho I apaixonou-se por D. Maria Pais levando a que a vila passe a estar na posse desta. A sua tetraneta, D. Teresa Martins e o seu esposo Afonso Sanches, filho ilegítimo de D. Dinis, fundam o Real Mosteiro de Santa Clara, em 1318.

D. Manuel I concedeu-lhe foral em 1516 e a população da vila participa ativamente nos descobrimentos portugueses, entre eles Paulo e Francisco Faria na viagem de Vasco da Gama à Índia. A Praça Nova, hoje Praça Vasco da Gama, foi aberta em 1538, no reinado de D. João III, onde foram edificados novo edifício para os Paços do Concelho. No século XIX, as Invasões Francesas causaram grandes danos à população. Em 1987 é elevada à categoria de cidade.

Vila do Conde possui 30 freguesias. À exceção da sede, nenhuma outra possuiu qualquer estatuto, seja "Vila" ou "Cidade" apesar do topónimo de algumas o sugerir. Muitas são pequenas aldeias rurais que salpicam o território densamente arborizado, enquanto outras, tais como Azurara, Mindelo ou Vilar do Pinheiro são espaços crescentemente urbanizados. A Azurara foi vila histórica e concelho até meados do século XIX. Nessa altura, o concelho é extinto e integrado no município de Vila do Conde.

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(mapa das freguesias que compõem o concelho de Vila do Conde)

Gráfico 1 – distribuição dos questionários pelos docentes de diferentes escolas

3! 11! 6! 7! 2! 8! 50! 4! 9! 0! 10! 20! 30! 40! 50! 60! FREGUESIAS ESCOLHIDAS: • Arcos • Árvore • Gião • Junqueira • Parada • Rio mau • Vila do conde • Vilar • Vilar do Pinheiro

3.1.2- Instrumento e recolha de dados

A recolha de dados é uma fase do processo metodológico que De Ketele e Roegiers (1993, p.17) definem como:

Ao nível das Ciências Sociais, são várias as técnicas que podem ser usadas para recolher a opinião dos elementos da amostra. A sua recolha está dependente do tipo de pesquisa que se pretende e da metodologia de suporte.

Para a realização do nosso estudo, optámos pelo inquérito por questionário por a considerarmos a melhor técnica para a recolha de dados. Trata-se de uma técnica que se apresenta de recolha fácil. É também uma das que apresenta maior fidedignidade, uma vez que é suportada pelo anonimato, e pela possibilidade de os inquiridos poderem responder em privado.

3.1.2.1-Questionário

Embora nem todos os projetos de pesquisa utilizem o questionário como instrumento de recolha e avaliação de dados, este é muito importante na pesquisa científica, especialmente nas ciências da educação.

de conhecimento para outro nível de conhecimento ou de representação de uma dada situação, no quadro de uma ação deliberada, cujos objetivos foram claramente definidos e que dá garantias de validade suficientes. !

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Um questionário é um instrumento de investigação que visa recolher informações baseando-se, geralmente, na inquisição de um grupo representativo da população em estudo. Para tal, coloca-se uma série de questões que abrangem um tema de interesse para os investigadores, não havendo interação direta entre estes e os inquiridos.

A importância dos questionários passa também pela facilidade com que se interroga um elevado número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto.

É necessário ser cuidadoso na forma como se formula as questões, bem como na apresentação do questionário.

Na elaboração de um questionário é importante, antes de mais, ter em conta as habilitações do público-alvo a quem ele vai ser administrado. É de salientar que o conjunto de questões deve ser muito bem organizado e conter uma forma lógica para quem a ele responde, evitando-as irrelevantes, insensíveis, intrusivas, desinteressantes, com uma estrutura (ou formato) demasiado confusos e complexos, ou ainda questões demasiado longas.

Deve, o investigador, ter o cuidado de não utilizar questões ambíguas que possam, por isso, ter mais do que um significado, que por sua vez, levem a ter diferentes interpretações. Não deve incluir duas questões numa só (double-barrelled questions), pois pode levar a respostas induzidas ou nem sempre relevantes, além de não ser possível determinar qual das “questões” foi respondida, aquando o tratamento da informação.

O investigador deve ainda evitar questões baseadas em pressuposições, pois parte-se do princípio que o inquirido encaixa numa determinada categoria e procura informação baseada nesse pressuposto.

As questões devem ser reduzidas e adequadas à pesquisa em questão. Assim, elas devem ser desenvolvidas tendo em conta três princípios básicos: o Princípio da clareza (devem ser claras, concisas e unívocas), Princípio da Coerência (devem corresponder à intenção da própria pergunta) e Princípio da neutralidade (não devem induzir uma dada resposta mas sim libertar o inquirido do referencial de juízos de valor ou do preconceito do próprio autor).

No nosso projeto organizámos um pré-questionário que distribuímos por dez docentes com vista a testar o conjunto de perguntas que tínhamos selecionado. Feita a pré- testagem e analisados os resultados, verificámos não haver razões para alterações, pelo que optámos pela distribuição pelos elementos da amostra, tendo o cuidado de não incluir nela os dez elementos que responderam ao pré-inquérito.

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