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3. Análise Tradicional de Investimentos

3.5. Métricas de Avaliação de Projetos

Existem diversas métricas para avaliar a atratividade de um projeto de investimento. As mais difundidas na literatura são: o payback simples e descontado, valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR) simples e modificada, índice de lucratividade e valor anual equivalente

55 (CASSAROTTO FILHO & KOPITTKE 2000; GITMAN, 2010; KAYO et al., 2012; BORDEAUX-RÊGO et al., 2012; ASSAF NETO, 2014; ABREU FILHO & CURY, 2018; PÓVOA, 2020).

Cada métrica possui suas particularidades, aplicações adequadas e limitações. Em comum, todas partem de dois parâmetros básicos: fluxos de caixa projetados e taxas de desconto (BORDEAUX-RÊGO et al., 2013). Nas seções seguintes são discutidos os dois principais indicadores para avaliação de projetos: VPL e TIR. Segundo Bordeaux-Rêgo et al. (2013), uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, conduzida por Harvey e Graham (2001), apontou que das 392 maiores empresas norte-americanas, 78% utilizam esses indicadores na avaliação de projetos.

Segundo Cassarotto Filho & Kopittke (2000), na avaliação de projetos, o CAPM pode ser utilizado como a taxa mínima de atratividade (TMA), quando o projeto de investimento tem nível de risco comparável com o da empresa. Quando o risco do projeto exceder o risco da empresa, deve-se utilizar uma taxa superior.

3.5.1. Valor Presente Líquido (VPL)

O valor presente líquido (VPL) é encontrado subtraindo-se o investimento inicial de um projeto (FC0) do valor presente das suas entradas de caixa (FCt), descontadas a taxa de custo de capital

da empresa (r), conforme expresso pela Equação 3.8. VPL = ∑ 𝐹𝐶𝑡

(1 + 𝑟)𝑡 𝑛

𝑡=1

− FC0 ( 3.8 )

Para Gitmam (2010), o VPL é uma técnica sofisticada para orçamento de capital, pois considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo, descontando os fluxos de caixa esperados a uma taxa especificada que reflete o custo do capital ou o custo de oportunidade. Ao utilizar essa técnica, deve-se considerar os seguintes critérios para aceitação-rejeição dos investimentos:

• VPL>0, aceitar o projeto; • VPL<0, rejeitar o projeto.

56 Considera-se, dessa forma, que um VPL maior do que zero indica que a empresa receberá um retorno superior ao seu custo de capital. Isso aumentaria o seu valor de mercado e, portanto, a riqueza dos acionistas em um valor correspondente ao seu VPL.

O uso do VPL pressupõe de forma implícita que quaisquer entradas de caixa intermediárias geradas por um investimento sejam reinvestidas ao custo de capital da empresa. Como será visto na seção seguinte, o uso da taxa interna de retorno (TIR) pressupõe reinvestimento a taxa especificada pela TIR, geralmente superior ao custo do capital (ASSAF NETO, 2012). Como o custo de capital tende a ser uma estimativa razoável da taxa a que a empresa pode efetivamente reinvestir as entradas de caixa intermediárias, usar o VPL, a uma taxa de reinvestimento mais conservadora e realista, é preferível, em tese (GITMAN, 2010).

3.5.2. Taxa Interna de Retorno (TIR)

A taxa interna de retorno (TIR) consiste na taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento seja igual a zero (CASSAROTTO FILHO & KOPITTKE 2000; GITMAN, 2010; ASSAF NETO, 2012). É a taxa de retorno composta que a empresa obterá se investir no projeto e receber as entradas previstas.

0 = ∑ 𝐹𝐶𝑡 (1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑡 𝑛 𝑡=1 − FC0 ( 3.9 ) ∑ 𝐹𝐶𝑡 (1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑡 𝑛 𝑡=1 = FC0 ( 3.10 )

Utilizam-se os seguintes critérios para aceitação-rejeição de projetos quando aplicada a taxa interna de retorno. Esses critérios asseguram que a empresa receba, pelo menos, o retorno requerido. Tal resultado deve aumentar o seu valor de mercado e riqueza dos acionistas (BORDEAUX-RÊGO et al., 2013).

• TIR > custo de capital, aceitar o projeto; • TIR < custo de capital, rejeitar o projeto.

Além da questão do reinvestimento pontuada na seção anterior, Cassarotto Filho & Kopittke (2000) apontam para a subjetividade em comparar a TIR de um projeto a uma taxa mínima de atratividade arbitrada. Há ainda uma limitação matemática do uso da TIR para o caso de fluxos

57 de caixa não convencionais – aqueles que possuem mais de uma mudança de sinal. Nesses casos, existe mais de uma raiz para solução da equação, que é igual ao número de mudanças de sinais nos coeficientes do fluxo de caixa. Dessa maneira, podem existir múltiplas TIRs para um mesmo projeto (BORDEAUX-RÊGO et al, 2013).

Apesar das limitações apresentadas, Gitman (2010) aponta pela predileção do uso da TIR na avaliação de investimentos de capital. Como taxas de juros, lucratividade e outros são usualmente expressos em taxas anuais de retorno, o uso da TIR faz sentido para os tomadores de decisões financeiras. Eles tendem a achar o VPL menos intuitivo, por não medir os benefícios em relação a quantia investida. Quanto a sua limitação matemática, há técnicas para evitar as armadilhas da TIR e o seu uso generalizado não implica falta de sofisticação da parte dos tomadores de decisões financeiras.

Para Kayo et al. (2012), a taxa interna de retorno modificada (TIR-M) é uma alteração do método original para tentar eliminar parte de suas limitações. No caso de fluxos de caixa não convencionais, não existem múltiplas TIR-M. Além disso, o reinvestimento dos fluxos de caixa pode ser realizado a uma outra taxa de desconto.

O problema da TIR-M, no entanto, é que se faz necessária a determinação de duas taxas de desconto para o seu cálculo: uma de financiamento e outra de investimento. A taxa de financiamento está diretamente associada ao custo do capital da empresa. A segunda taxa, é definida por meio da média das taxas que a empresa reinveste seus lucros. Essa taxa pode ser associada ao ROE (return on equity) se considerado o custo do capital próprio como taxa de financiamento, ou a ROA (return on assets), se considerado o custo médio ponderado do capital como taxa de financiamento.

A TIR-M é calculada por meio do somatório de todos os fluxos de caixa negativos trazidos ao valor presente pela taxa de financiamento (VPsaídas) e do somatório dos fluxos de caixa positivos

levados ao valor futuro para a data do último fluxo de caixa do projeto (VFentradas). Dessa forma,

a TIR-M é expressa por:

𝑇𝐼𝑅 − 𝑀 = (𝐹𝑉𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑃𝑉𝑠𝑎í𝑑𝑎𝑠 ) − 1 ( 3.11 ) 𝑃𝑉𝑠𝑎í𝑑𝑎𝑠 = ∑ (R𝑡− D𝑡) (1 + i𝑓𝑖𝑛)𝑡 𝑇 𝑡=0 , 𝑠𝑒 R𝑡 < D𝑡 ( 3.12 )

58 𝐹𝑉𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 = ∑(R𝑡− D𝑡)(1 + i𝑖𝑛𝑣)(𝑇−𝑡) , 𝑠𝑒 R𝑡 ≥ D𝑡 𝑇 𝑡=0 ( 3.13 ) Onde:

TIR-M: taxa interna de retorno modificada; VPsaídas: valor presente saídas de caixa; VFentradas: valor futuro entradas de caixa; Rt: receitas em t;

Dt: despesas em t;

iinv: taxa de investimento; ifin: taxa de reinvestimento;

t: cada um dos anos (ou meses) dos respectivos fluxos de caixa; T: prazo total do projeto.

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