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Assim que um novo método de entrada de texto é proposto e implementado, a primeira questão analisada está relacionada a sua velocidade de entrada de dados (WOBBROCK, 2007). Essa é uma questão crucial para novos métodos, pois se um método é mais lento do que o anterior ele provavelmente não será utilizado.

A precisão é outra característica importante para analisar a relação dos novos métodos de entrada. Quanto mais preciso é um método menor é a incidência de erros durante a sua utili- zação. Porém, de acordo com Wobbrock (2007) a velocidade de entrada de texto e a precisão do método possuem uma relação direta. Assim, não é vantagem um método ter uma performance de entrada de texto alta e apresentar uma quantidade muito grande de erros.

Para aferir a performance de entrada de dados, o esforço de digitação e a taxa de erros dos teclados virtuais foram pesquisadas seis métricas. Essas métricas são: palavras por minuto (PPM ou WPM), caracteres por minuto (CPM), gestos por caractere (GPC), teclas por caractere (KSPC), taxa de erro total (TER) e minimum string distance (MSD).

3.4.1

Palavras por Minuto

Talvez o método mais utilizado para aferir a performance de digitação é o número de palavras por minuto (WOBBROCK, 2007). 21 trabalhos pesquisados nesta tese apresentaram a performance de digitação utilizando esta medida.

O WPM ou PPM é calculado dividindo o total de símbolos transcritos pelo tempo ne- cessário para escrevê-los em segundos, multiplicado por 60, que é a quantidade de segundos em um minuto, dividido pelo tamanho médio da string (NICOLAU et al., 2013). Esse tamanho é considerado cinco caracteres (YAMADA, 1980). Essa média considera o tempo entre a entrada do primeiro caractere até o último caractere da sentença. A Equação (3.8) mostra o cálculo da WPM.

W PM= |T | − 1

S × 60 × 1

5 (3.8)

em que: T é o número de caracteres transcritos e S é o tempo em segundos decorridos entre a entrada do primeiro caractere até a inserção do último termo do texto.

Na Equação (3.8) o literal transcrito pode conter letras, números, pontuação, espaços e qualquer tipo de caractere que possa ser impresso (WOBBROCK, 2007). Porém, esse texto não

deve possuir backspace ou delete, que são caracteres não imprimíveis. O “-1” no numerador diminui o tamanho do texto em 1 caractere, pois a contagem do tempo começa a partir da entrada do primeiro caractere. Um exemplo de medição utilizando o WPM é descrito abaixo.

A aferição da performance de digitação pode ser realizada de duas maneiras distintas. A primeira é pela reescrita de um texto previamente definido e a segunda maneira é pela escrita de um texto idealizado pelo usuário. A primeira maneira é mais confiável do que a segunda (WOBBROCK, 2007). Isso acontece porque a segunda maneira requer uma demanda cognitiva em relação ao usuário e pode ocorrer uma lentidão durante o processo de digitação. Esse atraso pode influenciar no resultado da aferição.

Assim, é necessário primeiro definir um texto para ser transcrito. É importante que o literal a ser transcrito contenha o maior número de letras do alfabeto, fazendo com que o usuário passe por todas as teclas do teclado virtual. Os pangramas são frases que utilizam todas as letras do alfabeto com o mínimo de palavras possíveis. Um pangrama famoso na língua inglesa é “the quick brown fox jumps over the lazy dog”. Essa frase é utilizada como o texto a ser redigitado com o objetivo de medir a performance de digitação dos métodos de entrada de texto.

Em português pode-se utilizar o pangrama “Um pequeno jabuti xereta viu dez cegonhas felizes”. Assim que o usuário inserir o caractere “u” o tempo S começa a ser contabilizado. Se ele conseguir inserir todo o texto de 46 caracteres em 50 segundos, o valor WPM do método de entrada será igual a 10,8 palavras por minuto. A Figura 3.24 mostra a utilização da Equação (3.8).

Figura 3.24 – Exemplo de utilização da medição WPM

3.4.2

Caracteres por Minuto

A medida de caracteres por minuto afere o número de caracteres digitados por minuto. (BHATTACHARYA; LAHA, 2012; WOBBROCK, 2007) utilizaram a mesma forma de cálculo da WPM suprimindo apenas a divisão da quantidade de caracteres por cinco. Alguns pesquisa- dores preferem reportar a performance de entrada em CPM (WOBBROCK, 2007). Na Equação

(3.9) T e S são os mesmos números utilizados na Equação (3.8).

CPM= |T | − 1

S × 60 (3.9)

As métricas WPM e CPM não consideram os erros inseridos pelos usuários durante a entrada de texto (WOBBROCK, 2007). (BHATTACHARYA; BASU; SAMANTA, 2008) mos- traram a importância de considerar esses erros para aferir a performance de digitação de um te- clado virtual. Pois, muitos softwares de entrada de dados podem possuir uma boa performance de comunicação, porém esses mesmos sistemas podem apresentar um alto índice de erro. Por exemplo, sistemas de reconhecimento de fala podem escrever rapidamente, mas podem apre- sentar vários problemas durante o processo de escrita.

Assim, é necessário a utilização de métricas que aferem os erros inseridos pelos usuá- rios. As medidas teclas por caractere e gestos por caractere consideram esses tipos de erros.

3.4.3

Teclas por Caractere

A métrica KSPC (MACKENZIE, 2002) propõe uma relação entre o número de carac- teres transcritos e a quantidade de teclas pressionadas para produzir o texto. Essa medida afere a quantidade de erros. Seu cálculo considera o número de vezes que a tecla de apagar foi pres- sionada, além das outras teclas necessárias para produzir o texto. Minimizar os KSPC significa diminuir o esforço do usuário para digitar um texto (WOBBROCK, 2007).

KSPC= |IS| − 1

T (3.10)

em que: IS é o total de caracteres selecionados e T representa o total de caracteres transcritos.

Na Equação (3.10), diferente do termo T na medida WPM, IS inclui os caracteres não impressos como backspace e delete.

Como exemplo, pode-se considerar o texto “Um pequeno jabuti xereta viu dez cegonhas felizes”. A Figura 3.25 mostra a utilização da métrica KSPC. Nessa figura, o usuário digita o pangrama em 50 segundos realizando algumas correções. As correções realizadas pelo usuário estão assinaladas pelo caractere “«” e os caracteres errados estão na cor vermelha. Resolvendo esse exemplo dessa figura, o resultado do KSPC é de 1,08.

Figura 3.25 – Exemplo da utilização da métrica KSPS

3.4.4

Gestos por Caractere

Uma extensão do KSPC é a métrica gestos por caractere (GPC) (WOBBROCK, 2007). Essa medida considera a quantidade de ações ou gestos necessários para a entrada de um texto. O gesto é considerado como uma ação atômica de interação entre o sistema de entrada de dados e o usuário. Ao utilizar a GPC é necessário informar o que é exatamente um gesto para o sistema. Por exemplo, um gesto pode ser uma piscada de olho, um sopro, um sinal emitido pelo cérebro. A finalidade dessa medida é capturar a precisão do sistema em relação ao seu mecanismo de comunicação (WOBBROCK, 2007). A Equação (3.11) mostra o cálculo da GPC.

GPC= |IS∅| − 1

T (3.11)

em que: IS∅ é o total de gestos executados durante a digitação do texto e S representa o total de caracteres transcritos.