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Equação 16 – Determinação do coeficiente Alfa de Cronbach

3.11 M ÉTODO E LECTRE

O método Electre (Elimination Et Choix Traduisant la Réalité) constitui-se na essência da chamada escola européia (ou francesa) do apoio multicritério à tomada de decisão.

Segundo Gomes, Araya e Carignano (2004, p. 94) a Teoria da Decisão Clássica está fundamentada no axioma de comparabilidade completa e transitividade entre as alternativas; dessa forma, ela fornece basicamente duas situações de preferência: a indiferença, quando duas alternativas são equivalentes, ou a preferência forte (estrita) quando existem razões claras e indiscutíveis que justifiquem a preferência significativa de uma das alternativas, em detrimento da outra.

O método Electre incrementou o modelo de preferências para oferecer uma representação mais realista que a utilizada na Teoria Clássica de Decisão, criando o Sistema Fundamental de Relações de Preferências e esta é uma das principais características introduzidas por esse método.

Gomes, Araya e Carignano (Ibid., p. 94) argumentam que além das duas situações de preferências já citadas, foram introduzidas as situações: preferência fraca, quando existem razões claras e indiscutíveis que não impliquem em preferência forte (estrita) a favor de nenhuma das alternativas, e nem indiferença entre elas; incomparabilidade, quando não existem razões claras e indiscutíveis que justifiquem uma das três situações de preferências precedentes.

Dessa forma, no método Electre os princípios da Teoria da Decisão Clássica cedem lugar ao da comparabilidade parcial, que define as situações entre as alternativas de decisão como uma das quatro situações descritas no Sistema fundamental de Relações de Preferências.

O Axioma da Comparabilidade Parcial irá se valer da combinação de duas ou três, das quatro situações fundamentais para definir as relações entre duas alternativas. A utilização dessas combinações tem o objetivo de traduzir o que ocorre na prática com os agentes de decisão, que em diversos momentos podem não estar aptos a definir utilizando apenas uma das situações fundamentais. Gomes, Araya e Carignano (2004, p. 98) exemplificam cinco possíveis combinações (Quadro 10):

Quadro 10 – Combinação de preferências de decisão

FONTE: Adaptado de GOMES, ARAYA e CARIGNANO (2004, p. 98)

Existem várias versões do método Electre e todas seguem o mesmo conceito teórico central de relações de superação4

Quadro 11 – Versões do Método Electre

, porém cada um desses métodos busca resolver uma problemática diferente.

FONTE: Adaptado de GOMES, ARAYA e CARIGNANO (2004, p. 99)5

4Segundo Mello (2005, p. 318) “diz-se que A supera B se existe uma relação de preferência fraca

de A para B em um número pré-definido de critérios.”

5 Entende-se como pseudocritério quando a cada critério são associados limites de indiferença e

de preferência que determinam as diferenças a serem alcançadas, para classificar a relação entre duas alternativas em uma das relações fundamentais (GOMES, ARAYA e CARIGNANO, 2004).

SITUAÇÃO Preferência (sentido amplo) Presunção de Preferênca Preferência Relativa Não-preferência SITUAÇÃO DE PREFERÊNCIAS COMBINADAS DEFINIÇÃO Superação preferência forte e preferência fraca preferênca fraca e indiferença preferência forte e incomparabilidade indiferença e incompatibilidade preferência forte, preferência fraca e indiferença

Existem razões claras e positivas que justificam a preferência fraca a favor de uma (bem definida) das duas alternativas.

Existem razões claras e positivas que justificam a preferência fraca a favor de uma (bem definida) das duas alternativas ou uma indiferença entre elas, sem que haja uma separação significativa entre as duas situações.

Neste caso, ou existem razões claras e positivas que justificam a preferência forte a favor de uma (bem definida) das duas alternativas, ou verifica-se a incomparabilidade de ambas, sem que nenhuma separação significativa seja estabelecida entre elas. Ausência de razões claras e positivas para justificar uma preferência forte ou fraca a favor de qualquer uma das duas alternativas.

Existem razões claras e positivas que justificam seja uma preferência, seja uma presunção de preferência a favor de uma (bem identificada) das duas alternativas, mas sem que haja nenhuma separação significativa entre elas. VERSÃO I II III IV IS TRI TIPO DE

PROBLEMA CRITÉRIOTIPO DE UTILIZAPESOS Seleção Ordenação Ordenação Ordenação Seleção Classificação Simples Simples Pseudo Pseudo Pseudo Pseudo * Sim Sim Sim Não Sim Sim

Moreira (2007, p. 28) salienta que o método Electre, em todas as suas versões, a exceção da IV, considera os pesos como uma medida da importância que cada critério tem para o decisor, uma vez que as avaliações de cada alternativa não se reúnem em uma avaliação global. Os pesos são utilizados com a finalidade de construir índices de concordância e de discordância.

A concordância ocorre quando um subconjunto significativo dos critérios considera uma alternativa i preferível à j; já a discordância ocorre quando não há critérios em que a intensidade da preferência da alternativa j em relação a i ultrapasse um limite inaceitável. Esses conceitos estabelecem limites para a validação, ou não, de uma hipótese.

“O método Electre IV é o único que não se utiliza de pesos, pois funciona como uma sequência de relações de superação agrupadas.” (GOMES et al, 2004, p. 99)

Cada uma das versões do método Electre tem uma finalidade distinta, portanto a escolha da versão depende do tipo de problema que se deseja resolver. Sem a intenção de esgotar o assunto, apresenta-se um breve resumo de cada versão.

Para Mello (2005, p. 318) as versões Electre I e IS dividem o conjunto de alternativas em dois subconjuntos: alternativas não dominadas e alternativas dominadas. A versão Electre I usa o conceito de critério verdadeiro, segundo o qual há uma concordância plena de que uma alternativa i é pelo menos tão boa quanto uma outra alternativa j se o desempenho de j for inferior ao de i. O Electre IS usa o conceito de pseudocritério, segundo o qual há uma concordância plena de que uma alternativa i é pelo menos tão boa quanto uma outra alternativa j mesmo que o desempenho de i seja um pouco menor (dentro de um limite aceitável) do que o de j, ou seja, o pseudocritério considera a possibilidade de hesitação ou incerteza de um decisor ao afirmar que uma alternativa é pelo menos tão boa quanto uma outra.

Já as versões Electre II, III e IV ordenam as alternativas presentes no conjunto de alternativas viáveis. O Electre II usa o conceito de critério verdadeiro

para estabelecer as relações de subordinação, porém usa uma estrutura de relaxamento para obter a ordenação das alternativas. Nesta estrutura de relaxamento considera-se a construção de dois grafos: grafo forte e grafo fraco. O Electre III e IV utilizam o conceito de pseudo-critério para estabelecer uma relação de credibilidade, a partir do qual ordenam as alternativas através de um processo de filtragem. O Electre IV é utilizado em problemas de ordenação quando não se pode, ou não se deseja, atribuir pesos aos critérios.

Por outro lado a versão Electre TRI procura resolver problemas de classificação ordenada. Neste tipo de problema busca-se classificar alternativas presentes no conjunto de alternativas viáveis em classes que mantêm uma relação de preferência entre si. Este método usa o conceito de pseudocritério para estabelecer as relações de subordinação.