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MACAU COMO UMA PLATAFORMA

CAPÍTULO II. EM BUSCA DO INVESTIMENTO

3. INVESTIMENTOS EM MACAU

3.2 MACAU COMO PLATAFORMA DE SERVIÇ OS DE COOPERAÇ Ã O

3.2.1 MACAU COMO UMA PLATAFORMA

Além dos benefícios obtidos com jogos e indústria do turismo, há muito tempo que Macau desempenha um papel único como plataforma de serviços de cooperação comercial e económica entre a China e os países de língua portuguesa.

Após a transferência da administração portuguesa para a China, Macau manteve o seu papel de ponte entre o Oriente e o Ocidente, inspirada na colonização portuguesa há 500 anos. O pragmatismo do governo central chinês, usando as especificidades lusófonas desta Região Administrativa Especial apoiou a criação do “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa” revivendo o estatuto da língua e cultura portuguesas no seu próprio território. A identidade multicultural de Macau, moldada pela chegada dos portugueses em meados do século XVI, inspirou o enclave chinês a incorporar o ideal de uma ponte entre o Oriente e o Ocidente. Depois de 500 anos, o território retrocedeu para o continente, mas manteve suas especificidades lusófonas, um instrumento para os interesses chineses no exterior. Macau, foi oficialmente designada como plataforma entre a China e o mundo lusófono. Não se trata de uma colónia formal, mas sim um caso de soberania compartilhada, particularmente perceptível durante os incidentes da Revolução Cultural, o "território sob administração portuguesa"39, não foi incluído no processo de descolonização, mas sim seguindo a lógica da retrocessão através de um processo de negociação. A acta das conversas sobre a questão de Macau assinada em 1979, quando

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Portugal e China retomaram relações diplomáticas, afirmou que o território sob administração portuguesa seria "entregue à China, na altura certa, decidido pelos governos dos dois países através de um processo de negociação", que aconteceria após as negociações sino-britânicas em Hong Kong, resultando na assinatura da Declaração Conjunta de Macau, em 1987 e que declarou a transferência da administração portuguesa para a República Popular da China, em 1999.

A Declaração Conjunta e a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau entraram em vigor quando foi entregue à China, definindo que, durante cinquenta anos, Macau "gozará de um alto grau de autonomia, excepto em assuntos estrangeiros e de defesa que são da responsabilidade do Governo Popular Central". No entanto, a autonomia em relação às relações externas é tratada de forma híbrida nos dois documentos que assumem que a Região Administrativa Especial de Macau pode, por si só, usar o nome "Macau, China" manter e desenvolver relações, concluir e implementar acordos com Estados regiões e organizações internacionais ou regionais relevantes nos campos apropriados como a economia, comércio, finanças, transporte, comunicações, turismo, cultura, ciência e tecnologia e desporto40. Devido a laços históricos, Macau tem estado estreitamente ligado ao comércio e economia dos países de língua portuguesa, uma vez que Macau usa o português como uma das duas línguas oficiais e tem um sistema legal semelhante aos países de língua portuguesa juntamente com os laços há muito estabelecidos, proporcionando acesso dos países de língua portuguesa no mercado de Macau. Como resultado, Macau serve como uma “porta de entrada” para o mercado Chinês, permitindo que as empresas dos países de língua portuguesa estejam melhor preparadas para marketing e “design” de produto no mercado Chinês.

Assim, Macau assumiu o seu papel e na criação de plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa. Em última análise, o plano, agora sob consulta pública, indica que Macau procura activamente integrar o desenvolvimento da China e reforçar o seu papel no desenvolvimento económico e no processo de abertura da China ao exterior. Com respeito ao 13º Plano Quinquenal da China, Macau promoverá a criação e o desenvolvimento de indústrias associadas ao turismo, convenções e exposições, comércio, finanças, medicina tradicional chinesa e outros

40 Fonte – “Declaração conjunta de Macau, 1987, anexo I, Cap. VIII; e a lei básica de Macau, 1993, Cap. VII -

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emergentes, com o objectivo de ajudar as empresas locais a diversificar e aumentar sua competitividade. O plano considera que a construção de "Uma Plataforma" é um dos factores para o desenvolvimento da economia de Macau e um componente-chave da estratégia para alcançar o nível desejado de diversificação económica. O governo de Macau criou a “Comissão para o Desenvolvimento da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os países de língua portuguesa”, cuja missão é estudar e elaborar medidas e políticas necessárias para promover a construção dessa plataforma.

Como “Uma Plataforma”, Macau pretende tornar-se prestadora de serviços de intermediação profissional nas áreas linguística, financeira, legal e contabilística, em iniciativas que envolvem China continental e os países de língua portuguesa. Essas iniciativas abrangem intercâmbios humanísticos e culturais, comércio e investimento, indústria e cooperação regional. O objectivo final é promover a cooperação com base no benefício mútuo e alcançar um desenvolvimento conjunto que envolva a China continental, Macau e os países de língua portuguesa. Nos próximos cinco anos41, o governo estabelecerá um programa de treinamento em língua portuguesa para profissionais e incentivará mais pessoas a obter a certificação em português. Também atrairá recursos e implementará políticas preferenciais para capacitar pessoal bilíngue em chinês e português nas áreas linguística, financeira e jurídica, a fim de cumprir o papel de "Uma Plataforma".

O plano, “Uma Plataforma”, inclui três dimensões principais: a primeira será a “cooperação entre as empresas de Macau, China continental e os países de língua portuguesa no desenvolvimento conjunto de várias formas de cooperação nas áreas de comércio, logística, investimento, agricultura, pesca, exploração de recursos naturais, construção de infra-estruturas, saúde e telecomunicações”; a segunda é relativamente à “formação de recursos humanos para os países de língua portuguesa, particularmente nas áreas de língua, comércio, turismo, finanças e gestão empresarial e administrativa” e; na terceira é no âmbito de “criação de oportunidades de estágio nos países de língua oficial portuguesa aos

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Cf. “Plano de Cinco anos no Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM (2016 - 2020)” […] “Desenvolvimento futuro de Macau passa pelo seu posicionamento na construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer (doravante designado por “Um Centro”), que se encontra já integrado no “12.º Plano Quinquenal Nacional” e no “13.º Plano Quinquenal Nacional”. Assente na construção de “Um Centro”, o pleno impulsionamento do desenvolvimento futuro da RAEM representa uma opção indiscutível para a concretização da diversificação adequada da economia e para o aumento do bem-estar da população, e assume um importante significado estratégico e conjuntural na implementação do grandioso princípio de “um País, dois sistemas” e para a manutenção da estabilidade económica e da harmonia social de Macau.” […]

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formandos e profissionais de Macau com o objectivo de promover a formação e a melhoria do conhecimento da língua portuguesa”42.

O papel de Macau como plataforma de serviços entre a China e os países de língua portuguesa foi estabelecido pela primeira vez em Outubro de 2003, com a formação do “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) ”43

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