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Maconha e Cocaína

No documento Farmacologia Aplicada à Dependência (páginas 131-135)

Neste capítulo descrevemos a farmacoterapêutica de duas substâncias que não têm lugar na terapêutica, mas são consumidas em grandes quantidades: a Maconha e a Cocaína. Agora vamos conhecer quais são as intervenções farmacológicas para o tratamento da dependência dessas substâncias.

19.1. Farmacoterapia da Dependência de

Maconha

Até recentemente, pouca pesquisa vinha sendo focalizada no tratamento do abuso ou da dependência de maconha; muito embora as desordens rela- cionadas a essa droga tenham recebido crescente atenção e interesse. Dois fatores principais podem ter contribuído para a falta de pesquisas clínicas focalizadas neste transtorno. Primeiro, havia uma convicção comum que o abuso de maconha raramente acontecia como um problema primário, sen- do observado somente na presença simultânea de álcool ou abuso de outra droga. Segundo, muitos acreditavam que o uso de maconha não produzia uma verdadeira síndrome de dependência, consequentemente o tratamento para auxiliar a abandonar o uso da droga nunca havia sido planejado. O manejo medicamentoso para usuários de maconha permanece focado nos estados de intoxicação aguda por essa droga, nas psicoses induzidas por maconha e na busca por comorbidades psiquiátricas associadas ao uso dessa droga, como por exemplo, depressão, ansiedade, transtorno de déficit de atenção e esquizofrenia.

Alguns estudos sugerem a utilização de medicamentos antidepressivos, outras linhas de evidência sugerem que a maconha possa ter efeitos an- tidepressivos. Assim, muitos pacientes podem usar maconha como “auto- medicação” de seus sintomas depressivos. Outras pesquisas, no entanto, sugerem que alguns pacientes usuários de maconha desenvolvem sintomas depressivos ao longo do uso pesado e prolongado dessa droga. Portanto, sendo benéfico o uso de antidepressivos.

Os ansiolíticos também estão sendo estudados quando o uso da maconha está relacionado a transtornos mentais, como esquizofrenia e ansiedade.

Outra intervenção farmacológica provável de receber atenção futura é o uso de um antagonista canabinóide que bloqueia os efeitos da maconha. O Ri- monabanto, antagonista de receptores CB1, bloqueia os efeitos agudos da maconha quando fumada, porém ainda não há consenso sobre sua utiliza- ção no tratamento da dependência.

19.2. Farmacoterapia da Dependência de

Cocaína

O maior problema do tratamento da dependência de cocaína não é a desin- toxicação, mas ajudar o paciente a evitar a recaída e voltar ao consumo da droga. Numerosas medicações foram testadas em testes clínicos controlados por placebos em dependentes de cocaína, porém ainda não se encontrou um medicamento que melhore os resultados da terapia comportamental. Para boa parte das admissões nas salas de emergência, o diagnóstico psiqui- átrico é sintomático. Em primeiro, a abordagem está voltada para a compli- cação psiquiátrica que trouxe o indivíduo à atenção médica. Em segundo, a questão temporal: há escassez de tempo e a necessidade de uma histó- ria mais elaborada, raramente ocorre nesse ambiente. Por último, o quadro apresentado é muitas vezes mascarado ou potencializado pela presença do consumo de drogas ou pela síndrome de abstinência dessas.

Desse modo, medicar os sintomas que nos apresentam, dar suporte clínico e tranquilizar o paciente com abordagens voltadas para a realidade que de- monstrem segurança profissional são as melhores condutas.

Para conhecer mais sobre o tratamento farmacológico da dependência da maconha, acesse: http://www.abpbrasil. org.br/departamentos/ coordenadores/coordenador/ noticias/?dep=6&not=86 Figura 19.1: Cocaína Fonte:http://blogdomeireles.com.br

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Aula 19 - Farmacoterapia da dependência de Maconha e Cocaína

Quadros de inquietação de natureza ansiosa responde bem à administração de benzodiazepínicos por via oral. Um comprimido de diazepam 10mg ou clordiazepóxido 25mg pode ser eficaz. Casos de extrema agitação podem requerer a administração de benzodiazepínicos mais sedativos pela via in- tramuscular (midazolam 15mg). A presença de sintomas psicóticos (delírios paranóides, alucinações) pode desaparecer espontaneamente após algumas horas (ao final da ação da cocaína). Agitações extremas, decorrentes desses sintomas, podem necessitar de sedação.

Os benzodiazepínicos intramusculares (midazolam 15mg) são os mais in- dicados. O haloperidol 5mg (antipsicótico - utilizado para o tratamento da esquizofrenia) pode ser utilizado nessas ocasiões.

Modelos animais sugerem que um aumento na inibição GABAérgica pode redu- zir a reinstalação da autoadministração de cocaína. Estes achados instigaram ao estudo clinico controlado do Topiramato (utilizado no tratamento da epilepsia), o qual demonstrou que diminui a taxa de recaída em dependentes de álcool, levando a estudos em dependentes conjuntos de álcool e cocaína.

O Baclofeno, um agonista GABAB, reduz a recaída em dependentes de co- caína e continua sendo atualmente estudado. Uma abordagem diferente foi obtida utilizando modafinil, uma medicação que aumenta o estado de alerta e é aprovada para a utilização na narcolepsia. Essa medicação reduz a eu- foria produzida pela cocaína e alivia os sintomas de abstinência da cocaína. Também foi demonstrada sua eficácia na redução da recaída e continua sob investigações.

Resumo

O uso abusivo de maconha não tem tratamento específico. Os usuários de grandes quantidades podem ter depressão associada e, por essa razão po- dem responder aos agentes antidepressivos. Alguns estudos mostram que o antagonista do receptor CB1 Rimonabanto bloqueia os efeitos agudos da maconha, porém ainda não há consenso sobre sua utilização no tratamento da dependência. Tem sido difícil encontrar uma substância que melhore con- sistentemente a dependência da cocaína. Estudos sugerem que um aumento na inibição GABAérgica pode reduzir a reinstalação da auto-administração de cocaína. Portanto, drogas como o Topiramato e Baclofeno seriam úteis. Medicamentos benzodiazepínicos e antipsicóticos também podem ser úteis como intervenções farmacológicas nos casos de abuso de cocaína.

Muito interessante esse link: A dependência da cocaína em foco.

http://cienciahoje.uol.com.br/ colunas/bilhoes-de-neuronios/a- dependencia-de-cocaina-em-foco

Figura 19.1: Cocaína Fonte:http://blogdomeireles.com.br

Atividades de Aprendizagem

Leia a reportagem que conta a luta de algumas celebridades no combate ao vício da Cocaína: http://veja.abril.com.br/191108/p_084.shtml

Sabemos que ambos os tratamentos farmacológicos para a dependência da maconha e da cocaína não estão bem definidos. Faça uma busca na literatu- ra sobre novas abordagens terapêuticas que estão sendo estudadas.

Anotações

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Aula 20 - Farmacoterapia da

dependência de Opióides,

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