4.7. Métodos
4.7.4. Exame macroscópico
A peça cirúrgica (mama), foi fixada em solução de formol a 10%, após ser cortada ao longo do seu menor eixo (poupando o CAM) para melhor penetração do
fixador. Dois dias depois, iniciou-se a análise macroscópica e a seleção dos cortes para o exame microscópico.
O exame anatomopatológico e a seleção dos cortes para o exame histológico foram realizados de acordo com o roteiro proposto pela Sociedade Brasileira de Patologia no seu Manual de Padronização de Laudos Histopatológicos (2005), com modificação apenas no exame do CAM, que foi feito mais detalhadamente que o proposto para a rotina dos laudos anatomopatológicos, conforme relatado adiante.
O exame foi realizado em conjunto pela autora e patologista co-orientador. A peça da mastectomia, depois de lavada em água corrente, foi pesada em uma balança, aferindo-se o peso em gramas (g). A seguir, foi colocada na mesa de dissecção para aferição das seguintes medidas, em centímetros, através de régua com gradação até 40 centímetros (cm):
mama (três dimensões);
conteúdo linfático axilar (três dimensões);
elipse de pele (2 dimensões);
mamilo (2 dimensões: diâmetro x altura);
aréola (maior diâmetro);
Ainda nesta fase observacional, foi descrita a presença ou não de cicatriz cirúrgica, sua dimensão e seu formato, se recente ou antiga, e sua distância em relação ao mamilo.
Em seguida, a peça foi orientada pela cauda axilar para definir o local do tumor (em quadrantes), ou da cavidade correspondente à tumorectomia prévia, bem como sua relação com a aréola e o mamilo. Foi então avaliada pela face posterior (base) e realizadas secções ao longo do menor eixo da peça, em intervalos de 1 cm, poupando o complexo aréolo-mamilar.
Identificou-se o tumor, ou a cavidade da tumorectomia, registrando-se a sua localização, quanto ao quadrante, as suas medidas, sua consistência, coloração e seus contornos. Aferiu-se a distância, do tumor, ou da cavidade da tumorectomia, à
aréola, ao mamilo e às margens lateral, medial, anterior (pele), posterior (base), superior e inferior.
O restante do parênquima mamário foi minuciosamente examinado, a fim de detectar ou não outras lesões tumorais.
Com tinta nanquim, marcou-se o limite profundo (base), o qual foi incluído separadamente para análise microscópica. A pele acima do tumor também foi incluída isoladamente do restante da peça, a fim de detectar extensão neoplásica para a mesma.
O complexo aréolo-mamilar foi seccionado separadamente e incluiu todo o tecido glandular mamário retroareolar, até a base da mama, com margens lateral, medial, superior e inferior equivalentes a toda a circunferência da aréola até 0,5 cm a partir do seu contorno.
Os cortes do CAM foram feitos perpendiculares e paralelos, a partir da porção distal do mamilo e estendendo-se a 2 cm de profundidade do tecido retroareolar, com o intuito de incluir os ductos coletores, seios lactíferos e ductos segmentares retroareoalres. A partir daí, os cortes passaram a ser transversais até a base da mama. O intervalo entre as secções foi de cerca de 2 milímetros (mm) (Ilustrações 6 e 7).
O conteúdo linfático axilar foi dissecado, separando-se os linfonodos por níveis I, II e III, registrando-se o número em cada nível e a medida daqueles com maiores dimensões.
Ilustração 6. Desenho esquemático demonstrando os cortes longitudinais do CAM
Ilustração 7. Desenho esquemático demonstrando os cortes transversais (em azul) do CAM 2 cm CAM MAMA 2 mm 0,5 cm CAM MAMA
4.7.5. Seleção dos fragmentos teciduais para o exame microscópico
Os fragmentos teciduais selecionados para a microscopia foram assim realizados:
tumor: de toda sua dimensão, o mais inteiro possível; de sua relação com a pele, com a base e com a margem mais próxima. Quando o tumor estava próximo à aréola ou mamilo, foram incluídos cortes mostrando a relação entre eles;
cavidade da biópsia: suas paredes e relação com pele, base e margem mais próxima. Quando a cavidade estava próxima à aréola ou mamilo, foram incluídos cortes mostrando a relação entre eles;
parênquima não tumoral: corte de tecido glandular mamário longe do tumor ou cavidade;
CAM: cortes perpendiculares e paralelos a cada 2 mm, a partir da porção distal do mamilo até uma distância de 0,5 cm do contorno da aréola, incluindo o tecido retroareolar, até 2 cm de profundidade; a partir daí, cortes transversais até a base da mama, excluindo as áreas formadas apenas por tecido adiposo, priorizando aquelas com componente de estroma fibroso (Ilustrações 6 e 7). Para garantir a eficácia da técnica cirúrgica faz-se necessário pelo menos 1 cm de tecido sadio no espaço subareolar (WIJAYANAYAGAM et al. 2008). Assim, nosso protocolo incluiu 2 cm de profundidade.
linfonodos axilares: uma secção de cada linfonodo, exceto quando os linfonodos eram menores ou iguais a 0,3 cm, os quais foram incluídos por completo.
4.7.6. Processamento do material
Os fragmentos teciduais foram colocados em cassetes (ou cápsulas) e imersos em solução de formol a 10% por, no mínimo, 4 horas. Em seguida, foram lavados em água corrente durante 20 minutos para retirar o excesso de formol.
Posteriormente, foram escorridos e colocados em histotécnico para passagem em soluções seqüenciais, com permanência de 1 hora em cada uma delas. As soluções foram: álcool a 80%, álcool a 90%, álcool a 95% , álcool absoluto (100%), xilol e parafina líquida.
Após o procedimento, os cassetes foram separados, e os seus fragmentos retirados e colocados na barra de Lancarther para secagem mais rápida. A seguir, foram incluídos em parafina líquida a 65ºC, que após secarem formaram os blocos de parafina. Estes foram colocados em geladeira durante 10 minutos, a fim de ficarem mais firmes e facilitar a microtomia.
Os fragmentos teciduais incluídos em parafina foram cortados em micrótomo com 5 micra de espessura, e, em seguida, foram montados em lâminas histológicas albuminizadas.