• Nenhum resultado encontrado

5. Programação da oferta de alimentos (leitura de cocho)

5.1 Maior o consumo maior o ganho?

Considerando correto o conceito que uma quantidade de energia constante é necessária para a exigência básica de manutenção do animal, tudo que estiver sendo ingerido acima disto, deverá ser depositado como massa corporal e gordura. Baseado neste princípio, a lógica nos leva a crer que quanto maior o consumo maior, maior ganho. De fato, o “princípio da ingestão máxima” é verdadeiro, mas segue a lei dos rendimentos decrescentes, ou seja menos que proporcional ao alimento ingerido. Após certo patamar dito ótimo, o maior consumo traduz maior ganho, entretanto relativamente menor do que o consumido, isto devido a própria limitação biológica do animal em aproveitar o excesso de alimento disponível. Trabalhos avaliando efeito da restrição alimentar de 10 a 20% sobre o GPD e eficiência alimentar realizados no OARCD Beef Center (Ohio State University), para bovinos com previsão de abates de 517 kg com dietas altamente energéticas (>85% de concentrado na IMS), encontraram diferença de GPD de 90 gramas para os animais alimentados a vontade frente a cada restrição de 10% de consumo, entretanto economia de 50 a 125 kg de MS para os animais restritos, ou seja o consumo ótimo nos leva a ganhos maiores mas a restrição nos levou a eficiência máxima. Isto deve ser levado em consideração

principalmente quando o custo dos alimentos estão em alta e alternativas são solicitadas.

A opção do princípio da restrição alimentar ou do máximo consumo deve levar em consideração o tipo de dieta formulada: alta energia vrs. baixa energia.

Dietas com alta energia levam a limitação de consumo por mecanismo químico, ou seja uma satisfação energética das exigências requeridas. Uma vez que a obtenção de consumos ótimos não é problema para este tipo de dieta, a restrição alimentar poder ser uma ferramenta poderosa para maximização da resposta biológica, Fred Owens (1994) sugere que em uma dieta altamente energéticas talvez fosse interessante realizar um menor número de tratos (ou 1 só), a fim de não incentivarmos a máxima ingestão. Por sua vez dietas de baixa energia (proporção de volumosos acima de 55%), atinge a limitação de consumo por mecanismos físicos, através da distensão ruminal (preenchimento). Desta forma dietas desta natureza dificultam a obtenção de consumos ótimos e um programa de restrição pode comprometer totalmente o GPD pretendido, afetando desta forma a eficiência alimentar.

Interessante que para seleção de animais, no caso de dietas ricas em concentrados, podemos selecionar os animais com o critério de alta taxa de ganho e eficiência, mas no caso das dietas com menor concentração energética (dietas com volumosos em boa quantidade), devemos selecionar os animais com base na maior ingestão possível. Isto é mais verdade quanto pior forem os volumosos utilizados no segundo caso.

Algumas das razões para que a eficiência alimentar seja aumentada em um esquema de ingestão limitada, de dietas alta energia, são:

 aumento geral da digestibilidade: com menor ingestão, a taxa de passagem é menor e a digestibilidade usualmente aumenta. Em altas ingestões de alimentos, particularmente com poucos grãos processados (ex: milho laminado), há grandes excreções de grão no esterco;

 diminuição da seleção dos alimentos misturados (dieta total): com isto a tendência é que todos os bocados tenham a mesma característica nutricional e podem ser mastigados minuciosamente antes da ingestão, fatores que aumentariam a eficiência ruminal;

 diminuição dos requerimentos de mantença devido a diminuição do tamanho de órgãos que demandam muita energia , como fígado e trato digestivo

De forma geral, os princípios devem ser adequados para a realidade de cada planejamento nutricional, levando-se em conta tipo de dieta formulada e consumo dos nutrientes formulados, e expectativa de lucro esperado, dados as variáveis de mercado (preço de venda e insumos).

5.2 Número de tratos diários?

A princípio, para esta resposta duas perguntas devem ser respondidas: - Tipo e quantidade de equipamentos?

- tipo de dieta, alto volumoso ou alto concentrado?

Na prática, a logística e estabilidade do alimento são os fatores que realmente ditam quantos tratos devemos fornecer

Dietas tipo alto concentrado, traduzem uma quantidade reduzida de alimentos para consumo, geralmente não superior a 3% (MO) do PV, e via de regra de baixa fermentação por possuir pouca umidade, facilitando as operações para sua distribuição. Neste caso a distribuição do alimento poderia ser feito até uma vez ao dia, entretanto observa-se, por questões logísticas que duas a três vezes ao dia são as consideradas mais adequadas.

Dietas tipo alto volumoso representam uma quantidade de alimento muito alta a ser fornecida, geralmente 5% (MO) do PV, por este fato tendem a ter maior umidade e consequentemente maior facilidade de fermentação, o uso de silagens com teores de matéria seca menores do que 30% é um atenuante pois o potencial de instabilidade no cocho é aumentado assim como de uma fermentação tipo butírica, recomendando-se um maior número de tratos por dia. Na literatura indica-se ao menos dois tratos diários entretanto encontra-se facilmente cinco tratos diários, muitos decorrentes das limitações operacionais.

Animais confinados com acesso irrestrito ao cocho vão tender a ter os picos de ingestão próximos ao inicio do dia e perto do por do sol, horários estes muito próximos ao encontrado no ambiente natural quando a pasto.

Apesar de existir a tendência de os animais irem ao cocho por um estímulo externo (caminhão de trato, limpeza de cocho...), os animais geralmente ficam condicionados a ingerir alimentos em determinadas horas do dia. Isto significa que o trato deve ser sempre passado nos mesmos horários e esta regularidade de fornecimento é fator imperativo para altas performances de GPD. Algumas regras definem como o tempo de 1:30h com o máximo entre o início e o término de um determinado horário de trato, estabelecendo assim um critério para evitar queda de consumo para os últimos lotes tratados evitando uma maior ansiedade e fornecimento da dieta em horários indesejados. Tratos irregulares ,tendem a promover um consumo muito rápido do alimento ocasionando acidose sub-clínica e variações de GPD dentro do próprio lote (maior número de refugos). Tratos entre 11:00h e 13:00h, que corresponde ao horário mais quente do dia, também são desaconselhados pois a estas horas o animal procura evitar o consumo que trará conquência no aumento da temperatura corporal pelos processos de fermentação da ingesta.

Documentos relacionados