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13 Mais sobre fibras artificiais e sintéticas ver BNDES, Relato Setorial, junho/1995.

sistema em CAD/CAM15 que integra o setor de estilismo e a máquina de corte do tecido. Trataremos deste sistema mais adiante, ao analisar sua utilização na indústria têxtil de Santa Catarina. No caso do não-tecido, nenhuma das fases anteriores é realizada, e o produto sai direto da indústria química para a fase de corte e confecção. Os não-tecidos são muito utilizados para produtos descartáveis como fraldas, absorventes, panos de limpeza e, mais atualmente, até calcinhas descartáveis. Sua utilização para vestuário, contudo, ainda é muito recente e poucas empresas desenvolveram tecnologia suficiente para atingir os padrões de qualidade exigidos pela indústria do vestuário.

A costura é a última fase do processo produtivo têxtil e se constitui na atividade menos automatizada deste processo. Ainda é muito intensivo o uso de força de trabalho na atividade. Com efeito, na costura, diferentemente de outros setores da indústria têxtil, é menor o uso de tecnologia substituta de trabalho humano.

Nas indústrias de tecidos felpudos, especificamente, há uma máquina de tecnologia avançada no setor de confecção que aglutina três áreas, anteriormente separadas: o corte da toalha, a costura lateral e a costura na frente e atrás com a etiqueta. Esta máquina substitui três outras máquinas e mais as costureiras que ali trabalhavam. Numa grande indústria de felpudos visitada, as costureiras estão limitadas, agora, à produção de roupões de banho. Todavia, esta máquina está voltada somente à costura de toalhas. Assim, em seu conjunto, o setor de confecção pode ser considerado ainda bastante intensivo em força de trabalho.

Uma outra etapa do processo produtivo têxtil é a impressão das estampas nos tecidos. A realização dessa atividade pode ser por meio de um sistema de moldura rotativa – com a utilização de quadros, como na serigrafia –, ou sistema de transfer, com a aplicação da estampa em alta temperatura. Ou, ainda, através do setor encarregado dos serviços de bordado. Por fim, o produto têxtil passa pela fase de “terminação”. Aqui, são utilizadas diversas técnicas que têm como função melhorar a resistência do tecido (DIEESE, op. cit.).

15 Computer aided design / computer aided manufacturing, a tradução é desenho com auxílio de computadores e produção industrial com auxílio de computadores. O uso dos dois indica a passagem automática das especificações do projeto para a produção.

QUADRO 1 Cadeia produtiva têxtil

2.2. O setor têxtil nacional

A indústria têxtil foi um dos setores da economia nacional que mais sofreu com a abertura econômica e a sobrevalorização cambial. Segundo dados do BNDES16 houve uma queda de 53% no nível de emprego na indústria têxtil nacional, entre 1989 e 1994. Os técnicos do BNDES afirmam que a introdução de novas tecnologias no período foram as maiores responsáveis por esta retração do emprego.

Entretanto, em que pese o enxugamento de força de trabalho nas grandes empresas do setor devido à introdução de novas tecnologias e inovações organizacionais, o fator essencial do desemprego no setor é o baixo nível de atividade das indústrias, condicionado pela política macroeconômica do país. Além disso, há inúmeras pequenas e

16 BNDES, Investimentos Necessários para a Modernização do Setor Têxtil, s/d. Nylon Poliéster Lycra Polipropileno Fibras Sintéticas Viscose Acetato Fibras Artificiais Algodão Rami / Linho Seda Juta Fibras Naturais Fiação Tecelagem Malharia Acabamento Confecção Não-tecido

médias empresas que não têm acesso às novas tecnologias da mesma forma que as empresas maiores.

Em pesquisa realizada pelo Dieese em 1996 (op. cit., p. 99), o representante de uma indústria têxtil responsabilizou o contexto macroeconômico do país pelo aumento dos níveis de desemprego no setor. Segundo o entrevistado, cerca de 80% dos postos de trabalho perdidos na sua empresa foram decorrentes desse contexto. À reestruturação produtiva, o entrevistado atribuiu cerca de 10% das demissões.

Note-se, entretanto, que a desvalorização do Real, ocorrida em janeiro de 1999, coincidiu com uma retomada dos níveis de crescimento da indústria têxtil no Brasil. Aquele foi o primeiro ano de crescimento do setor após muitos anos de queda.17 Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), as indústrias têxteis nacionais abriram 40 mil novas vagas e cresceram 5% em relação a 1998.

De fato, a abertura econômica e a sobrevalorização do Real trouxeram dificuldades para a indústria nacional, que perdeu em competitividade nas exportações e no mercado interno com a entrada crescente de produtos importados, principalmente dos chamados “Tigres Asiáticos”.18 Em estudo sobre o setor têxtil, Renato Campos, Sílvio Cário e José Antônio Nicolau (2000, p. 29-30), analisam o processo de abertura no setor:

O setor trafegou de uma situação fortemente protegida até o final dos anos 80, para uma exposição elevada à concorrência externa no mercado doméstico. As alíquotas de importação de produtos têxteis-vestuários foram significativamente reduzidas e sem qualquer plano de reestruturação industrial. Esta ocorrência coincidiu com a forte expansão dos países asiáticos no mercado internacional de artefatos têxteis-vestuários e com quadro recessivo no mercado doméstico (...). Somente cerca de cinco anos após o processo de abertura, foram tomadas medidas de caráter emergencial, como a elevação parcial de certas alíquotas de importação para produtos concorrentes, redução da tarifa de importação para alguns bens de capital, crédito fiscal para exportação e linha de financiamento específica para reestruturação setorial.

Em contrapartida, as facilidades para importar aumentaram as possibilidades de importação de equipamentos. Como a quase totalidade das máquinas é produzida fora do país, a sobrevalorização do Real constituiu-se em oportunidade de modernização do parque de bens de capital têxtil. As importações de máquinas têxteis quase duplicaram