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8.2 Pecuária

8.2.2 Instalações e equipamentos

8.2.3.1 Maneio geral do rebanho

Uma das questões mais importantes na exploração de caprinos prende-se com a utilização da mão de obra, dependente das condições e tipo de instalações e equipamentos, do sistema de exploração, da orientação produtiva, entre outros.

Nos quadros seguintes (quadros 36 e 37) representam-se valores comparativos entre a realidade das diferentes explorações, refletindo de uma forma sintetizada a ocupação da mão- de-obra ao longo do ano, nas diferentes operações ligadas ao maneio geral do rebanho.

A A é a unidade em que se verifica menor utilização de mão de obra, restringindo-se às operações ligadas à ordenha, tratamento de cabritos e ao maneio geral do rebanho, que passa pelo fornecimento de alimentos e água, controlo de animais, tratamentos sanitários e limpeza de instalações, entre outros. Regista-se o facto desta ser a única exploração considerada intensiva, já que os animais permanecem a tempo inteiro nas instalações, tendo unicamente acesso ao parque descoberto, contíguo às instalações para algum exercício.

Na B o tempo dedicado à ordenha, ao maneio do rebanho e as distâncias percorridas no pastoreio variam pouco ao longo do ano, verificando-se maiores diferenças em períodos específicos como o tratamento dos cabritos. Nas C e D existem diferenças significativas ao longo do ano, com destaque para o tempo e as distâncias percorridas com o rebanho durante o pastoreio.

Em termos gerais verifica-se que nas C e D o tempo dispendido com as diferentes operações ligados ao maneio do rebanho é maior, especialmente nos períodos de maior intensidade ao nível do pastoreio, relativamente à B, em que o tempo de pastoreio é menor e menos variável ao longo do ano. Na A, pelas razões atrás explicadas, o tempo dispendido com o rebanho é menor, embora o produtor esteja a considerar a possibilidade de alterar o sistema de exploração, com a introdução de pastagens em regadio e a possibilidade de explorar áreas com pastagens naturais e matos disponíveis na proximidade da exploração.

Quadro 36. Tempo dispendido com o maneio do rebanho

Exploração Operação J F M A M J J A S O N D Ordenha manhã 1h 1h 1h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h Ordenha tarde Maneio 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h Tratamento cabritos 2h 1h Tempo de pastoreio (distância) Ordenha manhã 50m 50m 50m 50m 50m 50m 50m 50m 50m 50m Ordenha tarde 50m 50m 50m 50m 50m 50m 50m 50m Maneio 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h Tratamento cabritos 4h 1h Tempo de pastoreio 2h30m 2h30m 3h 3h 2h30m 2h30m 2h30m 2h30m 2h30m 2h30m 2h30m 2h30m (distância) 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km Ordenha manhã 2h 2h 2h 2h 2h 2h 2h Ordenha tarde Maneio 1h 1h 1h 1h 1h 1h 1h 1h 1h 1h 1h 1h Tratamento cabritos 1h 30 m 30 m Tempo de pastoreio 4h 4h 5h 7h 8h 9h 9h 9h 7h 5h30m 4h 4h (distância) 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km 2 km Ordenha manhã 1h 1h30m 2h 2h 2h 1h30m 30m Ordenha tarde Maneio 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h 1 h Tratamento cabritos 1 h 15m 15m Tempo de pastoreio 5h30m 6h 6h30m 7h 7h 8h 8h 9h 8h 5h30m 5h30m 5h30m (distância) 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km 6 km A B C D

Quanto à ordenha, na exploração A, embora seja aquela onde se verifica um maior nível de intensificação, apenas é realizada uma ordenha/dia, explicado pelo facto da mão de obra existente ser também necessária na fruticultura, o que condiciona a sua utilização nos caprinos. No entanto, regista-se o facto do produtor estar a ponderar alterar esta situação, com vista a maximizar o potencial leiteiro dos seus animais. O período da ordenha decorre de junho a fevereiro, e os tempos de ordenha variáveis (1h-2h/ordenha), dependendo do número de animais ordenhados.

Na B são efetuadas 2 ordenhas diárias (50 min./ordenha), durante 8 meses e 1 ordenha diária em 2 meses, antes da secagem dos animais, com duração média de 50 min. por ordenha (124 animais). Nas C e D é apenas realizada 1 ordenha diária, com duração média de 2 h (128 animais) e de 1h30min (131 animais), respetivamente.

Evidencia-se o menor tempo registado na B, traduzido pelo sistema de ordenha utilizado, explicado no capítulo anterior.

Quanto ao pastoreio, verificamos diferenças no tempo e distância percorrida pelos rebanhos. Na B, o tempo e distância percorrido pelo rebanho no pastoreio é menor e menos variável, registando-se uma duração de 2h30m a 3h no pastoreio e uma distância de 1 km diário ao longo do ano.

Nas C e D, as variações ao longo do ano, são função da oferta alimentar e dos percursos utilizados, como da estação do ano, com períodos que variam entre as 4 e as 9 horas, no primeiro caso, e entre as 5h30m e as 9 horas, na segunda exploração. As distâncias diárias percorridas pelos rebanhos são também distintas, com registos de 2 e 6 km, nas C e D, respetivamente.

Esta situação traduz os diferentes sistemas de exploração utilizados, evidenciando a importância do pastoreio na gestão alimentar dos rebanhos nos sistemas mais extensivos, como é o caso das C e D.

Por outro lado, o tempo utilizado com outras operações como o tratamento do efetivo, limpeza e manutenção de instalações e equipamentos e demais operações ligadas à atividade pecuária é superior nas A e B (2 h), relativamente às C e D (1 h).

Quanto ao tratamento dos cabritos, igualmente foram registados tempos superiores na B (1 h a 4h), relativamente às A (2 h), C (30 min. a 1h) e D (15 min. a 1h), sendo no entanto variável em função da quantidade e idade dos animais. Regista-se o facto dos cabritos serem comercializados entre os 1,5 meses (A e B) e os 2 meses (C e D), antes do tempo normal de desmame (cabritos de leite).

No quadro 37 representa-se de uma forma sintetizada o tempo médio diário que os produtores dedicam ao rebanho ao longo do ano. Podemos verificar que, para todos os casos, existem variações em função do período do ano.

Quadro 37. Tempo diário médio dedicado ao rebanho ao longo do ano

Exploração J F M A M J J A S O N D

A 3h 3h 3h 4h 3h 4h 4h 4h 4h 4h 4h 4h

B 5h30m 5h30m 5h 5h 10h 7h 6h 6h 6h 6h 6h 6h

C 7h 7h 8h 10h 11h 12h 12h 10h 8h 7h30m 5h30m 5h30m D 7h30m 8h30m 9h30m 10h 10h 10h30m 9h30m 10h 9h 7h30m 6h45m 6h45m

Na A os tempos variam entre as 3h e as 4h, sendo na maior parte do ano (8 meses) cerca de 4 horas, coincidindo com as operações gerais de maneio e maior número de animais ordenhados.

Na B os tempos variam entre as 5h (março e abril), período em que não há ordenhas, e as 10 h de maio, com o início das parições, na primeira fase de tratamento dos cabritos. Entre julho e dezembro (6 meses) o tempo ocupado com os caprinos é de cerca de 6 h diárias.

Na C os tempos variam entre as 5h30m (novembro e dezembro) e as 12 h (junho e julho). Refira-se que, excetuando novembro e dezembro, nos restantes meses a ocupação diária é sempre igual ou superior às 7 horas diárias.

Na D verificamos variações entre 6h45min (novembro e dezembro) e as 10h30min, em junho, sendo em 10 meses superiores às 7 h diárias.

Figura 28. Saída do rebanho para o pastoreio (D) Figura 29. Pastoreio de cabras algarvias (C)

Foram determinados tempos médios diários de ocupação com os rebanhos de 3,6 h (A), 6,3 h (B), 8,4 h (C) e 8,7 h (D). Refira-se ainda o peso que tem o tempo de pastoreio, que corresponde em média a valores diários de 2,6 h (B), 6,3 h (C) e 6,8 h (D), correspondendo em valores percentuais a 41%, 74,3% e 77,7%, respetivamente, dos tempos totais ocupados com os rebanhos.

Destaca-se ainda o facto desta atividade ser diária, não havendo interrupções devido a feriados, fins-de-semana ou férias.