IV. Resultados e Discussão
7. Maneio geral
Principais problemas sanitários do efetivo
Quanto aos principais problemas sanitários do efetivo, destaca-se claramente a peeira, com cerca de 49% dos inquiridos a apontarem esta doença como a mais vulgar na sua exploração. O segundo problema mais apontado é a existência de mamites (40%). Estes problemas podem ser analisados com maior detalhe no quadro seguinte (Quadro 23).
Quadro 23 - Principais problemas sanitários do efetivo.
Problemas sanitários Frequência Proporção (%)
Peeira 22 48,9
Mamites 18 40,0
Parasitoses 3 6,7
Toxémia de gestação 1 2,2
Sarna 1 2,2
A região da BB não é particularmente húmida na maior parte do ano. Ainda assim, a peeira afeta grandemente as suas explorações. Um incorreto ou inexistente método de prevenção ou uma fraca higiene dos locais onde os animais se encontram ou passam a maior parte do tempo podem ser os principais promotores desta doença.
Quanto às mamites, uma má higienização na ordenha ou problemas de sobre ou sub-ordenha aparentam ser os principais causadores desta doença.
Assim, os produtores devem apostar na prevenção destas enfermidades, pois podem resultar em prejuízos avultados para as explorações, devido à redução da produção por parte dos animais afetados. Esta prevenção pode passar por uma higienização mais frequente dos locais onde estão os animais e/ou da sala de ordenha.
Principais operações de maneio realizadas na exploração
Cerca de 51% dos inquiridos afirmam que a principal operação de maneio que efetuam na exploração é o corte de caudas (50,8%), seguido do corte de unhas (33,9%). Esta questão encontra-se descrita com maior detalhe no quadro seguinte (Quadro 24).
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Quadro 24 - Principais operações de maneio realizadas na exploração.
Operações de maneio Frequência Proporção (%)
Corte de caudas 30 50,8
Corte de unhas 20 33,9
Pesagem de jovens 7 11,9
Avaliação da CC 2 3,4
Os produtores que realizam o corte de unhas afirmam que apenas o fazem quando é necessário, ou por o animal apresentar sinais de desconforto, ou quando se apercebem de unhas mal conformadas.
Quanto à prática de avaliação da CC, os inquiridos que responderam afirmativamente, não executavam esta operação com regularidade específica.
A avaliação da CC é fundamental para se aferir corretamente sobre o estado nutricional dos animais e disponibilizar-lhes a melhor alimentação possível. Assim, esta técnica deveria ser implementada em todas as explorações. No entanto, não é executada na maioria das explorações e as que afirmam recorrer a esta prática parecem não executá- la ou aplicá-la corretamente.
A pesagem dos animais é raramente executada e apenas aplicada aos jovens no ato da sua comercialização. Porém, os animais adultos deveriam ser pesados periodicamente, de modo a poder fazer-se o cálculo mais rigoroso das suas necessidades nutricionais e, no caso dos jovens, monitorizar o seu crescimento.
O corte de unhas é essencial para prevenir a peeira, principal doença nestas explorações, justificando a sua prática sempre que necessário.
O corte de caudas é a operação de maneio mais realizada, talvez pela sua facilidade de execução e pelos seus benefícios em ovinos leiteiros, em particular a maior facilidade de acesso ao úbere e higiene na ordenha.
As operações de maneio, no geral, ainda são bastante insuficientes, pelo que se deve informar os produtores sobre os seus benefícios.
Taxa de substituição
A taxa de substituição média praticada nas explorações é de 10%, sendo o mínimo de 4 e o máximo de 20%. O valor médio é bastante baixo, uma vez que o valor ideal seria
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cerca de 20%. Uma baixa taxa de substituição implica um progresso genético mais lento e a existência de um maior número de animais improdutivos na exploração. Esta situação sugere que grande parte dos produtores não avalia objetivamente os benefícios e os prejuízos de possuírem animais em fim de vida produtiva na exploração.
Principais causas de refugo das ovelhas
As principais causas de refugo indicadas pelos produtores são a diminuição da produção e a idade avançada dos animais. O quadro abaixo (Quadro 25) apresenta as principais causas de refugo das ovelhas descritas pelos inquiridos.
Quadro 25 - Principais causas de refugo das ovelhas.
Causas Frequência Proporção (%)
Diminuição da produção 20 40,8 Idade 14 28,6 Mamites 7 14,3 Problemas reprodutivos 4 8,2 Unhas 2 4,1 Não refuga 2 4,1
A principal causa de refugo, diminuição da produção, indica que os produtores têm alguma noção da produção mínima que cada animal deve ter, para compensar ser mantido na exploração. A idade dos animais claramente relacionado com o anterior, embora possa não ser tão objetivo dada a variabilidade produtiva dos animais.
Os produtores que não refugam afirmam que preferem que as ovelhas morram ao parto a refugá-las, uma vez que lhes permite pelo menos ficar com os borregos. Esta situação mostra um desrespeito pelo bem-estar animal, bem como uma menor eficiência da gestão da exploração, pois estes animais em fim de vida produtiva, normalmente, não compensam ser mantidos na exploração.
Utilização de manga e pedilúvio na exploração
Aproximadamente 66% dos produtores questionados afirmam que não possuem manga na sua exploração e cerca de 84% dos inquiridos declaram que possuem pedilúvio.
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No entanto, dos produtores que responderam afirmativamente a estas questões, alguns não utilizam estes equipamentos ou o seu modo de utilização pode não ser o mais correto (por exemplo quanto à utilização de pedilúvios).
A utilização da manga numa exploração é algo fundamental, uma vez que permite executar diversas operações de maneio, como verificação de dentes, úberes ou unhas, devendo os animais ser habituados a ir regularmente à manga para se evitar stress excessivo quando estes necessitam ser manipulados. Este equipamento pode ser um enorme auxílio na deteção precoce de animais com problemas sanitários (sendo tratados mais rapidamente) e de animais a refugar.
Visto que a peeira é a doença mais registada nas explorações, o uso do pedilúvio torna-se fulcral, como forma de prevenção e de tratamento desta doença. A sua correta utilização também é essencial para a eficácia dos tratamentos.