• Nenhum resultado encontrado

4.1 HISTÓRICO/TENDÊNCIAS RACIAIS DO REBANHO/ NÚMERO DE

4.1.5. Manejo alimentar bezerras

O grupo de maior produção (grupo 03) se diferencia dos demais quanto ao método de fornecer alimentação láctea aos bezerros, pois não possui nenhuma unidade que realiza aleitamento natural, distinguindo também por todos os produtores do grupo fornecerem como volumoso, silagem. O grupo intermediário (grupo 02) diferiu dos demais grupos, por não possuir nenhum produtor que forneça alimentação láctea as bezerras utilizando balde, e por não ter nenhum produtor que forneça sucedâneo, e ainda por fornecer concentrado em idade mais elevada em relação aos demais grupos. O grupo 01 foi o único grupo que deixa disponível o volumoso aos bezerros desde o nascimento (Tabela 8).

43

Tabela 8 – Alimentação liquida e solida das bezerras em cada grupo.

GRUPO 01 GRUPO 02 GRUPO 03 Total Variável/Modalidade % Forma de aleitamento Artificial 50 67 100 70 Natural 50 33 - 30

Aleitamento natural método

Um teto + residual 100 100 - 100

Residual ordenha - - -

Bezerro fica com a vaca após a ordenha Sim 50 - - 33 Não 50 100 - 67 Aleitamento artificial fornecimento Mamadeira 50 100 33 57 Mamadeira e Balde 50 - 67 43 Tipo de liquido Leite 50 100 67 71 Leite + sucedâneo 50 - 33 29

Quantidade fornecida por dia

4 litros 100 50 33 57

Mais de 4 litros - 50 67 43

Fornece leite com mastites

Sim 75 67 67 70

Não 25 33 33 30

Fornece concentrado

Sim 50 67 67 60

Não 50 33 33 40

Começa a fornecer concentrado

Logo que nasce 100 - 100 67

De 30 a 60 dias - 100 - 33

Fornece volumoso

Sempre 50 100 67 70

Inverno 50 - 33 30

Idade de fornecimento

Logo que nasce 75 - - 30

30 a 60 dias 25 100 100 70

Tipo de volumoso

Silagem 50 67 100 70

Rolão de milho 50 - - 20

Mistura, mandioca, milho - 33 - 10

Feno - - -

Fornece mistura mineral

Sempre 75 67 33 50

44

Nunca - - 34 10

Fonte: elaborado pelo autor, 2018.

Os três grupos estão com suas unidades dentro das recomendações de acordo com o indicado no fornecimento de alimentação láctea no aleitamento artificial, onde as quantidades de leite fornecidas, estão inclusive acima daquela recomendada para o desaleitamento precoce (43% > 4 Litros animal por dia). No aleitamento natural, também a prática utilizada pelas unidades está dentro das recomendações quanto a forma de fornecimento do leite utilizando um teto mais o residual da ordenha, no entanto, todas as unidades fornecem leite apenas uma vez ao dia aos animais. Destas ultimas (três unidades) apenas uma poderia fornecer a quantidade diária de leite recomendada, visto que, o bezerro fica com a vaca em torno de seis horas após ser realizado a ordenha.

A maioria dos produtores (70%) relataram utilizar leite de vacas em tratamento de mastites para alimentar os bezerros, prática desaconselhada por vários autores (BITTAR, 2016a; COELHO, 2009; LUCCI, 1989). Este produto contem resíduos de antibióticos, elevada carga bacteriana, e composição nutricional variada, resultando em perdas econômicas, devido aos bezerros terem menor desempenho, normalmente, pelo leite mastitoso causar desordens intestinais como diarreia, tendo como resultado, aumento dos gastos com medicamentos e mão de obra para o tratamento dos animais doentes (BITTAR, 2016a). Lucci (1989) adverte que a diarreia é a maior causa de perda de bezerros neonatos. Portanto, de certa forma, podemos relacionar essa prática com a ocorrência de problemas sanitários nos bezerros.

Em torno de 60% das unidades estudadas realiza o fornecimento de concentrado no período adequado aos animais. Entretanto, no grupo 02 o fornecimento é realizado com idade mais elevada, atrasando assim o crescimento dos animais, e adiantando o desenvolvimento funcional do rúmen, principal fator para execução de um desaleitamento dos animais sem perdas de desempenho (BITTAR, 2016a). Porém os bezerros do grupo 02 deveriam ter melhores resultados no desempenho dos animais do que aqueles produtores que não o fazem. Entretanto, deve-se salientar que neste estudo de caso, os produtores que não fornecem concentrado as bezerras, representaram uma parcela bem significativa das unidades entrevistadas (40%), sendo eles em sua maioria, do grupo 01 (50% do total de produtores deste grupo).

De acordo com Campos et al. (2012) os animais começam a ingerir pastagem somente a partir dos 20 a 30 dias de idade, sendo antes deste período considerados como não ruminantes, começando a consumir quantidades significativas para o seu

45

desenvolvimento a partir dos dois meses quando são desaleitadas nos sistemas de desaleitamento precoce. Segundo estes autores, antes desta fase os animais têm atendidas suas necessidades nutricionais através do consumo concentrado e da dieta láctea. Nas unidades entrevistadas, foi verificado que o desaleitamento é realizado em idades acima de quatro meses, sendo desta forma necessário terem acesso de pastagem de qualidade para pastejo, ou realizar suplementação de volumoso, pois nesta idade os animais já consumiriam quantidade significativa de forragem.

Todavia pelas condições de pastagens encontrado na maioria das unidades (70% das unidades classificado como ruim e regular) a suplementação deveria ser realizada aos animais constantemente para garantir o seu crescimento. Outras circunstâncias encontradas também justificariam esta prática, o caso de os animais não serem divididos em lotes por idade ou tamanho, o que de qualquer forma, justificaria os animais terem acesso a volumoso sempre para atender a demanda nutricional dos animais em idade mais próxima do desaleitamento, e desta forma, também estimularia desenvolvimento da musculatura e de tamanho do rúmen, e estimular o consumo de alimento volumoso pelos animais mais novos. De todos os grupos, o grupo intermediário (grupo 02) apresentou melhores resultados, pois seus produtores fornecem volumoso sempre aos animais, em contraponto aos demais grupos (grupos 01 e 02) que dividem seus produtores dentro destes grupos entre fornecer volumoso sempre e no período de inverno.

No entanto, em relação ao tipo de volumoso ofertado aos animais, o grupo de maior produção (grupo 03) apresentaria resultados menos satisfatórios, uma vez que o único tipo de volumoso fornecido é a silagem. Segundo Oliveira et al. (2005) antes dos três meses de idade alimentos contendo ureia ou fermentados como silagem, não é recomendado que seja fornecido aos animais, devido ao rúmen não possuir flora microbiana o suficientemente desenvolvida para assimilar este tipo de alimentos. Campos e Lizieire (2000) não recomendam que seja fornecido alimentos fermentados aos animais devido ao baixo consumo, o que não contribui para o desenvolvimento do rúmen e o crescimento dos animais.

Como já relatado por Santos et al. (2002), o feno é o melhor volumoso a ser ofertado as bezerras, todavia, nenhum produtor entrevistado realiza o fornecimento de feno. A produção de feno no assentamento, teria grande potencial para utilização na suplementação de volumoso para as bezerras, assim como na suplementação dos animais em produção no período de entressafra das forragens. Embora não tenha sido o objetivo do trabalho, nota-se que no assentamento poucos produtores conhecem o feno, e é menor

46

ainda a porcentagem de produtores que sabem como é elaborado o produto, o que contribui para que não exista maquinas e materiais para isto.

O que é uma lastima, pois, as condições edafoclimáticas da região proporcionam sobras de produção de forragem no período de verão que não são bem aproveitadas pelo pastejo, já no período de inverno há redução do crescimento das forragens, gerando a necessidade para os produtores de realizarem plantio de forragens de inverno na área de lavoura, ou elaboração de silagem para suplementar os animais. Desta forma, não aproveitando os excedentes de forragem do período primavera-verão que poderiam ser transformadas em feno e utilizadas neste período.

De acordo com Jobim (2012 apud JOBIM E BUMBIERIS JUNIOR, 2016) o processo de fenação é bem simples e consiste basicamente “na conservação do valor nutritivo da forragem através da rápida desidratação, uma vez que a atividade respiratória das plantas assim como dos microorganismos é paralisada”.

Documentos relacionados