• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

2.3 Manejo do pastejo

O manejo do pastejo tem a finalidade de manter área foliar para a fotossíntese e a de colher tecido foliar produzido, evitando perdas de forragem por senescência e morte de tecidos (PARSONS, 1988). Assim, a interação entre a frequência e a intensidade da desfolha afeta o grau de remoção desses tecidos, com consequências sobre o crescimento subsequente.

O manejo do pastejo deve ser baseado no conhecimento das características da propriedade (do solo, clima, infra-estrutura, mão-de-obra), na capacidade de investimento do empresário rural e no objetivo da atividade no que diz respeito à produção animal (LUPINACCI, 2002).

2.3.1 Oferta de forragem

A oferta de forragem é a quantidade diária de forragem por 100 kg de PV animal e o nível afeta diretamente o consumo (WALES et al., 1999), como indiretamente, pois afeta as características estruturais do pasto (BORTOLO et al., 2001). O ajuste da oferta de forragem faz-se necessário para otimizar a utilização do pasto, possibilitando a máxima colheita de material verde ou o mínimo de perdas por senescência, procurando assim o ponto de equilíbrio entre os componentes do ecossistema e a sustentabilidade.

Segundo MARASCHIN (1996), a grande vantagem da utilização da oferta de forragem é relacionar a planta e o animal, permitindo o controle da oferta de matéria seca para cada animal no nível desejado e que toma por base a capacidade de consumo em função do peso corporal.

Na avaliação dos efeitos das ofertas de forragem de 4, 8, 12 e 16 % de PV animal, GOMES et al. (1998) verificaram que a maior utilização do pasto, promovida pela maior intensidade de pastejo, reduziu significativamente a taxa de acúmulo e a massa de forragem. Os autores concluíram que o acúmulo de MS do pasto pode ser favorecido pela redução do nível de utilização da pastagem. Em condições normais de uso das pastagens os animais são forçados a realizar o pastejo até níveis baixos de massa de forragem ou altura residual, com a finalidade de maximizar a quantidade de forragem colhida por hectare, ou devido à baixa oferta de forragem durante períodos de déficit. Como consequência, a oferta de forragem é geralmente restrita e o consumo de forragem é diminuído. Por outro lado, em alturas de pastejo mais elevadas, onde o pastejo é baseado na preservação do meristema apical, as proporções de material senescente e material morto no pasto são elevadas, aumentando o desperdício (CORSI et al., 1994).

A oferta de foragem de 12% resultou em maior percentual de material morto, estreita relação lâmina foliar:colmo, pasto mais alto, predominância de lâminas foliares verdes no topo do pasto e intensa invasão de Brachiaria decumbens, quando comparado a oferta de forragem de 9%, em pasto da cultivar Mott (SILVA et al., 1994). Em pastagem da mesma gramínea, a digestibilidade da matéria orgânica e o percentual de lâminas foliares verdes variaram inversamente com o nível de oferta de forragem; já a massa residual, a proporção de colmo e de material morto da forragem, aumentou com o nível de oferta de forragem (ALMEIDA et al., 2000).

Em estudo com a cultivar Mulato em duas ofertas de forragem (4 e 8%) durante o mês de abril, BARROS et al. (2007) encontraram altura média de 13,3 e 19,7 cm, nas ofertas de 4 e 8%, respectivamente. Os autores relataram que nesse mesmo período a produtividade de MS foi de 1.228,1 e 2.189,1 kg.ha-1, nas ofertas de 4 e 8%, respectivamente, e a oferta de 8% resultou em

maior ganho de peso dos caprinos por hectare que a oferta de 4% de forragem, mas a menor oferta de forragem não limitou o ganho de peso dos caprinos nas condições estudadas.

Já BRAGA et al. (2006), estudando a cultivar Marandu em quatro ofertas de forragem (5, 10, 15 e 20% do PV animal) e período de descanso fixo de 28 dias, relataram que inicialmente o aumento da oferta de forragem resultou em aumento linear da taxa diária de acúmulo de forragem (47, 66, 78 e 98 kg.ha-1, nas ofertas de 5, 10, 15 e 20%, respectivamente). Porém, os autores observaram, nas rebrotações posteriores, diminuição na taxa diária de acúmulo de forragem nas ofertas mais elevadas, e foi associada ao aumento da altura do pasto e da massa de forragem, como conseqüência da diminuição da intensidade de pastejo. Os autores concluíram que as ofertas de forragem generosas com intuito de elevar o desempenho animal, trouxeram consequências negativas sobre o acúmulo de forragem em pastagens da cultivar Marandu.

2.3.2 Período de ocupação e descanso e pastejo rotativo

O período de ocupação ou período de pastejo é definido como o tempo dentro do qual certa área é pastejada (HODGSON, 1979), devendo ser o mais curto possível a fim de aumentar a eficiência de uso da forragem e prevenir uma segunda desfolha do perfilho, o que comprometeria a recuperação (GOMIDE, 1997). O período de descanso determina a quantidade e a qualidade da MS produzida (BORCHARDT et al., 2007).

O manejo sob pastejo rotativo se caracteriza pela presença do período de rebrota, no qual a condição inicial de pós-pastejo contrasta, em termos de fisiologia (teores e estoque de compostos de reserva, taxa de fotossíntese, respiração e senescência), morfologia e estrutura (índice de área foliar, interceptação luminosa, perfilhamento), com a condição de pré-pastejo. As mudanças na estrutura do pasto são abruptas em certo período de tempo

(rebrota), motivadas pela nova condição de ambiente, principalmente pela variação na disponibilidade de luz (LUPINACCI, 2002).

CURCELLI (2009), estudando a cultivar Xaraés submetida a estratégias de pastejo rotativo (período de descanso fixo de 28 dias, e dois períodos variáveis, com pastejo realizado quando o pasto interceptava 95 e 100% da luz), constatou que o período de descanso fixo de 28 dias resultou em IL próxima a 95%, além de menor IAF pré-pastejo (3,75) e maior IAF pós-pastejo. A altura média das plantas foi de 29,2, 42,0 e 34,9 cm, nos períodos variáveis de 95 e 100% de IL, e período fixo de 28 dias, respectivamente. Mas o autor conclui que o período fixo de descanso não gerou respostas constantes, ora se assemelhavam ao tratamento de 95% e ora o de 100% de IL.

Documentos relacionados