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7. MANUAL TÉCNICO DA CAPRINOCULTURA

7.3 Manejo sanitário

Quando os animais não são cuidadosamente vistoriados todos os dias, ou quando suas necessidades básicas não são atendidas, observam- se altas taxas de mortalidade e de morbidade. A prevenção da saúde do rebanho é responsável por minimizar os riscos, aumentar o lucro da exploração e por possibilitar a tomada de decisões para o que deve ser feito nos casos em que, apesar da prevenção, o rebanho necessite de tratamento. Animais saudáveis, além de garantirem a produção, não representam gastos adicionais com medicamentos e serviços veterinários. Também não significam riscos para a saúde humana nem para os outros animais. A prevenção é mais barata que o tratamento; alguns fatores devem ser levados em consideração:

1. Nutrição

2. Higienização das instalações e das pastagens.

3. A não-introdução de animais recentemente adquiridos ao rebanho (passar por quarentena).

4. Calendário de vacinação. 5. Calendário de vermifugação

Medidas higiênicas

• Limpar os chiqueiros e apriscos por meio de varreduras. • Lavar os bebedouros diariamente.

• Limpar os comedouros diariamente, não deixando alimentos velhos e estragados.

• Desinfetar as instalações com creolina ou vassoura de fogo, semanalmente.

Medidas de isolamento

• Os animais adquiridos de outras propriedades ou regiões deverão, inicialmente, ficar isolados do rebanho por pelo menos 30 dias.

• Os animais que se apresentam doentes também devem ficar separados do rebanho até a sua completa recuperação.

• Recomenda-se o sacrifício para animais portadores de zoonoses, como a brucelose e o carbúnculo hemático.

Vacinação

As vacinas são utilizadas para evitar doenças existentes na região ou que já ocorreram no rebanho. De acordo com orientação do veterinário, as seguintes vacinas podem ser recomendadas:

Vacina contra febre aftosa – deverá ser aplicada de seis em seis meses a partir do quarto mês de vida e de acordo com o calendário estabelecido em cada Estado.

Vacina antirrábica (raiva) – deverá ser efetuada anualmente, a partir de quatro meses de idade, e apenas em rebanho com histórico da doença ou de região onde o aparecimento desta é freqüente.

Vacina contra carbúnculo sintomático, enterotoxemia e botulismo – apenas em regiões ou situações de risco.

Vacina contra ectima contagioso, ceratoconjuntivite infecciosa, pododermatite infecciosa e leptospirose – poderão ser recomendadas esporadicamente, quando ocorrem surtos no rebanho.

Endoparasitas

Os endoparasitas, de forma geral, são um dos maiores problemas para a saúde dos caprinos e ovinos, repercutindo diretamente na capacidade produtiva dessas espécies, sendo responsáveis pelas maiores perdas do rebanho. As perdas econômicas causadas pelos vermes são imensas, sendo observadas na redução da taxa de crescimento, no comprometimento do desempenho reprodutivo e na redução do potencial para produção de leite e carne. Os principais fatores que favorecem a maior ou menor sensibilidade dos ovinos e caprinos são os que se seguem.

Idade

Animais jovens sofrem muito com a verminose, principalmente quando começam a ingerir alimentos sólidos; em caso de alta lotação de pastagens e pouca higienização das instalações, esses animais diminuem o crescimento e, em muitos casos, morrem.

Estado nutricional

Animais malnutridos podem apresentar sinais de verminose e morrer por causa de um grau de infestação de vermes que, em animais bem nutridos, poderia passar despercebido.

Estresse

Contribui para a resistência dos animais, o que pode torná-los mais suscetíveis à verminose. Portanto, é importante estar preparado quando os animais são submetidos a atividades estressantes, como, por exemplo, transportes, feiras de comercialização, exposições, manejos, etc.

Estado fisiológico

O final da gestação é caracterizado pelo aumento da necessidade de nutrientes por parte da fêmea, principalmente de forma qualitativa. Isso se deve ao fato de que boa parte dos nutrientes é canalizada para a(s) cria(s), favorecendo assim a sensibilidade da matriz à verminose, devido ao baixo aporte nutricional. O estresse provocado pelo parto também é outro fator que contribui para o aumento na postura de ovos de parasitas. Já com relação aos jovens, o desmame leva a uma condição de estresse, tornando esses animais também mais sensíveis à verminose. Ainda, se houver o agravante de manejo sanitário inadequado, tem-se o aumento da mortalidade.

A melhor forma de se ter o controle da carga parasitaria é através da coleta de fezes, para posterior análise laboratorial. No caso, isso deve acontecer antes da aplicação e 21 dias após. Observa-se que, quanto maior for a pressão anti-helmíntica, mais rápida se estabelecerá a resistência verminótica. Assim, não é recomendada a aplicação mensal de vermífugos no rebanho.

Deve-se ainda destacar que não é só a aplicação do vermífugo que é responsável pelo controle de vermes no rebanho. Vários outros fatores contribuem para o sucesso da desverminação, dentre os quais podem-se citar os mecanismos a seguir.

Dose do vermífugo

A subdosagem deve ser evitada; por isso, quando as pistolas dosificadoras são utilizadas, deve-se verificar se estão sendo dosadas corretamente. Quando não há como pesar os animais, deve-se estimar a dose com base no animal mais pesado da categoria e utilizá-la para os demais. Nunca aplicar doses abaixo das recomendadas, pois podem favorecer a resistência dos parasitas.

Manejo na desverminação

Aplicar corretamente o vermífugo e certificar-se de que todos os animais foram desverminados.

Hora da aplicação do vermífugo

Quando no manejo de uma propriedade os animais são recolhidos durante a noite, a desverminação deve ser realizada no fim da tarde, para que os animais permaneçam por, no mínimo, oito horas presos, diminuindo a contaminação das pastagens.

Contato com as fezes

Deve-se evitar o contato dos animais com as fezes. Estas devem ser recolhidas para a esterqueira no mesmo dia da vermifugação.

Aquisição dos animais

Animais adquiridos de outras propriedades ou região devem ser avaliados através dos exames de fezes. Caso esta prática laboratorial não seja possível, devem-se isolar os animais, deixá-los descansar e desverminá-los, antes de serem colocados junto com os demais animais e nas pastagens.

Pastagens

Atenção especial deve ser dada aos animais quando forem colocados em novas pastagens que estavam sem animais por um longo período. Coletas de fezes e desverminações são recomendadas antes de os animais entrarem nos piquetes, para evitar a contaminação.

Observação dos animais: Sempre que os animais forem manejados para pesagem, casqueamento ou qualquer outro manejo, devem ser observados cuidadosamente com relação ao comportamento, à consistência das fezes, à qualidade do pelo e à coloração das mucosas.

A Embrapa Caprinos recomenda o seguinte esquema de vermifugação (Figura 25):

1ª Vermifugação – vermifugar todo o rebanho no primeiro mês do período seco ou quando as pastagens estiverem secas (final de junho ou julho). 2ª Vermifugação – vermifugar 60 dias após a primeira vermifugação (final de agosto ou setembro).

3ª Vermifugação – vermifugar no penúltimo mês do período seco (final de novembro).

Figura 25 - Controle de vermifugação. Fonte: adaptado de Silva et al.(2001).

Ectoparasitas

As ectoparasitoses são afecções parasitárias da pele, causadas por ácaros ou insetos. As principais ectoparasitoses que acometem caprinos e ovinos são a pediculose (piolho ) – Figura 26., a sarna (Figura 27) bem como as miíases (bicheiras).

Figura 27 - Tipos de sarna.

Recomendações:

Separar os animais com piolhos e sarnas.

Banhar os animais com produtos carrapaticidas, sarnicidas, utilizando um pulverizador costal.

Repetir o banho 7 a 10 dias após o primeiro banho.

Banhar os animais recém-comprados antes de incorporá-los ao rebanho.

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