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VOCÊ SABE O QUE É DESENHO PARTICIPATIVO?

Esse manifesto é resultado da minha

pesquisa de tcc no curso de arquitetura e urbanismo na ufu (universidade federal de

Uberlândia).

Estudando sobre o processo de prototipagem e criação de produtos, é impossível se propor um objeto e obter sua

solução ideal numa primeira tentativa, aí

entra o desenho participativo, porque tudo que agente elabora vem baseado nas nossas

experiências pessoais, então uma questão

que é vista como problema pra uma parcela

enorme de indivíduos que usariam aquele

objeto, não necessariamente é ruim praquem tá propondo, o que geraumasolução ruim pra situação.

Aí éque entra o desenho participativo, incluindo osusuários finais do objeto em sua concepção, ajudando a identificar problemas

no projeto e também sugerindo soluções. E essa é a proposta deste manifesto! A partir daqui exponho a pesquisa feita para o

trabalho e os resultados colhidos até aqui. Querparticipar? No link da contra capa tem o questionário pra você deixarsuas sugestões!

tipologia viária criada na holanda nos anos 60. Nelas não há separação entre carros

e pedestres, nem desnível entre a rua e a

calçada, não existe sinalização verticale, ainda

assim, a redução de acidentes chega a 40%. Essas ruas mais seguras se tornam cheias de vida e isso gera um fenômeno

chamado amabilidade urbana, que altera a perspectiva da sociedade sobre um

determinado espaço - tornando espaço e

tempoem lugar e ocasião, e transformando-os em parte da memória coletiva dos indivíduos. Então , pra tentar recuperar esse

espaço comunitário que vem se perdendo, é preciso entender como o usuário percebe

o espaço e depois trabalhar essa mudança.

No livro "cidade para as pessoas” do

jan gehl se discute justamente como nossos

sentidos alteram a percepção do espaço. Gehl

faz o comparativo de como a distância afeta

essa forma de perceber o lugar: de longe se

vê o plano com mais informações, porém

elas são muito superficiais, e, quanto mais se aproxima, mais rico em detalhes fica o objeto . A mesma coisa acontece com relação

mal mantido ou se estiver chovendo. A partir disso, é possível ver como o usuário interfere no espaço e vice-versa .

Mas então, como criar uma situação que crie

esse laçoda amabilidade urbana das pessoas

para que esses espaços sejam mais usados?

Para tentar recuperar esse espaço

comunitário que vem se perdendo, é preciso entender como o usuário percebe o espaço e depois trabalhar essa mudança.

No livro "eventos temporários, marcas permanentes” , adriana sansão fontes fala sobre como as festas de rua, apropriações espontâneas e instalações de arte podem servir como gatilhos para a criação desses

laços, já que são momentos que irão fazer parte da memória coletiva do lugar

Com isso, vem a proposta de criar

um objeto que permita a criação de espaços

de sombra, lugares pra sentar e separação

entre carros e pedestres (principais pontos na

melhoria da qualidadedos espaços). Esseobjeto

viria a ser instalado em eventos temporários,

tentandocriarmomentosdeamabilidadeurbana.

A questão então é como pensar um objeto que posso cumprir essas funções em

que possa servir pra esse intuito.

Mas criar uma estrutura faz com que

o objeto fique preso dentro dessa estrutura, então tento criarum módulo de poste queseja

colocado na cidade e permita o crescimento indefinido dessas tramas.

O poste então se divide em duaspartes: a haste de 4m de altura e o capitel (peça de encaixe nas extremidades, que funciona como travamento para as cordas).

Mas ele sozinho nãose mantém de pé, de

forma que é preciso se pensar umafundação, e já que ela é necessária, por que não imaginar

um uso secundário como banco?

Daí a ideia de usar o monobloco, igual aqueles de trânsito, que se enchem de água para

ficarem imóveis,mas quando vaziossão fáceis e rápidos detransportar. Seguindo um desenho circular, esses blocos juntos em trio, formam

um banco que envolve ospostes e possibilitam

nesse conjunto osusos de cobertura, assentos e separação dos carros e pedestres, além de permitir o crescimento orgânico para os possíveis diferentes usos.

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A PESQUISA COMPLETA ESTÁ DISPONÍVEL EM: https://bit.ly/2KCXwaH

No livro “morte e vida de grandes cidades”, a jornalista jane jacobs cria o

termo “balé da calçada" que se refere à complexidade do uso das calçadas, que traz consigo uma sucessão permanente de acontecimentos, tornando a rua um

lugar sempre interessante e cheio de vida. Mas é importante dizer que esse livro

foi escrito na década de 1960, época da rua reconquistadado pós-guerra, onde o contato

dos moradores podia ser estabelecido como uma sala de estar comunitária.

Com o passar dos anos, essa

característica de espaço coletivo vem se perdendo e hertzberger*,* no seu

livro “lições de arquitetura”, aponta alguns fatores para essa mudança:

o aumento do tráfego motorizado e a importância dada a ele; - a diminuição de pessoas por casa;

- melhoria na qualidade das casas. Ele ainda fala sobre a importância de criar condições mais convidativas pra vida na rua, e usa de exemplo as woonerfs, uma

à velocidade: quanto mais rápido, mais

informações você absorve, mas nenhuma

delas é rica em detalhes, já que o tempo

processando aquilo é menor. E quanto mais lento, mais densa é a experiência, apesar

do número menor de acontecimentos .

Então , volta- se a situação decomo o crescente número de automóveisé prejudicial pra vida urbana. Mas o que acontece é que, quanto mais espaço para os carros, mais

carros se tem, e levanta-se o questionamento

se o inverso também é verdade.

Gehl mostra casos de algumas cidades que optaram pelo incentivo do não uso dos carroseforambemsucedidas nessa transição,

onde políticas públicas melhoraram a vida urbana tirando aprioridade dos carros nesses

espaços públicos, outroaspecto que interfere na percepção dos espaços é a segurança. Jane jacobsno seu livro fala sobre os olhos da

cidade, afirmando que quanto mais pessoas

estiverem nas ruas, mais seguro é estar ali. E por último a qualidade física dos

espaços: é possível fazer um comparativo com a chuva: as atividades necessárias acontecem de toda forma (você não deixa

de ir para o trabalho por estar chovendo), mas as atividades opcionais e sociais

sofrem grandes perdas se o espaço estiver

diferentestipos de eventose diferentestipos de espaço.

A principio surge a propostada criação

deumacobertura com tecidos, mascomocada lugar tem um formato, a reutilização desses

tecidos criaria uma colcha de retalhos, que precisaria ser adaptada pra cada situação,

gerando muito desperdício.

Daí o processo criativo segue olhado pra teiade aranha, que cresce indefinidamente

a partir da trama emoldurada em alguns fios

que se ancoram nas superfícies. Com isso a ideia vai sendo trabalhadaem criar trançados

para montar a estrutura de coberturas e de assentos. Estudando um pouco sobre a forma

detrabalhar cordas,o crochê surge comouma boa solução, seu desenho pode ter diversos

formatos, pode crescer infinitamente e na

hora de sedesmontar a corda volta ao estado original, evitando o desperdício.

O problema então vai pra como amarrar isso no espaço, já que os postes e sinalização vertical das cidades não são

feitos pra suportar tanto peso, de forma que é

necessário criaruma estrutura independente

Com essa proposta montada, são reali­ zadas quatro oficinas para se trabalhar o projeto, tentando apontar problemas não identificados ini­ cialmente, novas informações, e maneiras dife­ rentes de solucionar os espaços. No verso desse manifesto, estão algumas das respostas catalo­ gadas durente essas oficinas. Nelas é possível ob­ servar diferentes soluções para os blocos, poste e cobertura. Para todos os detalhes, acesse o link:

https://bit.ly/2KCXwaH

Além do conteúdo completo da pesquisa,

também está disponível esse manifesto na versãodigital e umquestionário, ondeas suas

sugestões podemajudar esse projeto a avan­ çar ainda mais! Identificou algum ponto mal resolvido? Como esse objeto pode ser im­ plementado nas ruas?Alguma sugestão que não consta aqui? Respondelá no questionário e divulgue também! Quanto mais pessoas ti­

verem contato com a proposta, mais pessoas

I

Cobertura de crochê:

Feita com o trançado do crochê, a corda usada não precisa ser cortada, e é facilmente desmontada. 0 crochê é orgânico quanto a sua forma, se adaptando facilmente para diferentes situações.

Ipeça para encaixe; ! único ■’

separação do bloco

Peça para encaixe único

Ao invés de se adotar o encaixe macho-fêmea da peça original, a peça avulsa de encaixe e o redesenho do banco para aceitá-la permite que o banco possa ser usado também com as peças encaixadas de forma invertida.

Separação do bloco:

A divisão entre assento e encosto facilita no transporte e estocagem. Além disso, permite novas possibilidades de empilhar, criando novas aplicações.

;pino enroscável; ; p/ cobertura ; ; poste ;

iretrátil e não-i" : ..-cilíndrico..;

Poste retrátil e não-cilíndrico

Um poste de 4m de altura traz consigo dificuldade em relação a transporte e armazenamento. Uma boa resposta encontrada para o problema é o sistema retrátil como o de guarda sóis, dividindo o poste em dois e criando uma trava para a conexão;

Outra questão é que o poste cilíndrico tem espaço para rotação, e um formato não-cilíndrico (aqui, como exemplo, hexagonal) impede que isso aconteça.

Pino enroscável p/ cobertura

Com um pino enroscável, com a cabeça de diâmetro maior (o que trava a cobertura que é amarrada no próprio pino) a peça susbtitui o capitel de forma mais barata e eficiente.

Iluminação LED independente Cobertura de sacolas plásticas:|

Para que a instalação possa acontecer em espaços sem infra estrutura de iluminação, é proposto um sistema de LEDs imbutido e indepentende, alimentado por um painel solar, como em equipamentos em estradas (ex: radares e contadores de veículos).

Sistema de roldanas:

Pela altura do módulo, a instalação e manutenção da cobertura precisaria ser feita com equipamentos externos (escadas e cestos aéreos), mas um sistema de roldanas, substutindo os travamentos anteriores, permitiría um controle da altura sem que fosse necessário sair do chão, facilitanto na instalação e permitindo que a altura seja ajustável.

A criação de panos de sacolas plásticas soldadas a ferro propõe não somente a cobertura do material, mas reduzindo consideravelmente o peso, é possível sugerir o uso de outros equipamentos urbanos (como postes, sinalização vertical, etc) e também nas edificações urbanas nas proximidades da instalação como pontos de fixação.

Essa proposta também abre margem para a instalação da cobertura sem a necessidade dos bancos, ou usando-os somente onde forem necessários, o que possibilita que a instalação aumente a variedade de espaços que consegue se adaptar.

Capitel:

COBERTURAS

Peça de travamento da cobertura e base da haste metálica (o nome faz referência às colunas gregas.

Haste Metálica:

Com 4m de altura, é estabilizada pelo travamento com o módulo de monoblocos.

; fundação para ; ^instalação periódica;

Uso permanente: Fundação para instalação periódica Cobertura de sombrites: Cobertura de fitas:

0 módulo de 3 peças ocas que, quando preenchidas de água totalizam 750L. São usados como fundação para os postes e cobertura e também como bancos, aumentando a oferta de luga­ res para sentar durante os eventos.

Com a proposta de uma solução permanente, que permitisse a instalação temporária de coberturas, é proposto um desenho similar ao banco, porém em concreto, e com uso de canteiro para plantas. Nesse desenho também é sugerido uma cobertura fixa, feita com estrutura metálica, que permita o crescimento de trepadeiras para sombra.

Como na sugestão ao lado, pensando na instalação ocasional de coberturas, para eventos que periodicamente acontecerem no lugar (ex: feiras livres, avenidas que se fecham para os carros aos domingos), é proposta uma fundação feita nas calçadas, que aceitaria os postes, de forma que não seria obrigatório o uso do banco (já que o peso como fundação, e função primária dos blocos, não seria mais necessário), facilitando na montagem, desmontagem e reduzindo o espaço de armazenamento.

A primeira proposta de substituição do crochê, surge como uma solução para diminuir o tempo de montagem (o trançado do crochê é muito demorado) e o peso da cobertura (além de demorado, o crochê consome muita corda em seu trançado, o que torna a cobertura pesada). Com triângulos de sombrite (material plástico que filtra a passagem de luz, muito usado em coberturas de estacionamentos de supermercados) de 1x1m, conectados através de ilhóses é possível continuar permitindo o crescimento indefinido da cobertura, agilizando o processo de montagem da instalação.

Durante as oficinas, é dado o exemplo de uma instalação feita no carnaval de Olinda em 2019, feita com fitas coloridas, que criavam a cobertura. Essas fitas eram presas com linha de pesca, e somavam um peso baixíssimo para a instalação, o que permite que também seja ancorada em elementos existentes no espaço. Além disso, o uso de fitas permite, pela distribuição das linhas e cores, que a cobertura forme desenhos, e seja plataforma de exposição de arte.

72 LIVROS, TESES E PERIÓDICOS

BARONE, Ana Cláudia Castilho. Team 10: arquite- tura como crítica. São Paulo: FAPESP, 2002. 200 p. CALVINO, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 150 p.

FONTES, Adriana Sansão. Intervenções temporá- rias, marcas permanentes: apropriações, arte e festa na cidade contemporânea. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. 392 p.

GEHL, Jan. Cidade para pessoas. Tradução Anita De Marco. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. 245 p.

HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. Tradução Carlos Eduardo Lima Machado. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 267 p. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Tradução e revisão Carlos S. Mendes Rosa; Maria Estela Heider Cavalheiro. 3. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. 499 p.

LOWDERMILK, Travis. Design centrado no usuário. Tradução Lúcia Ayako Kinoshita. São Paulo: Nova- tec Editora, 2013. 182 p.

MORAES, Ana Maria. SANTA ROSA, José Guilher- me. Design Participativo, técnicas para inclusão de usuários no processo de ergodesing de interfaces. Rio de Janeiro: Rio Book’s, 2012. 172 p.

ROSENTHAL, Mark. Understanding installation art: from Duchamp to Holzer. Munique: Prestel, 2003. 95 p.

SILVA, Marcos Solon Kretli da. Redescobrindo a arquitetura do Archigram. Disponível em: < http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitex- tos/04.048/585 > Acessado em: 04 out.2018. NBR 16331 - Segurança no trânsito - Barreira plás- tica de canalização SITES DA INTERNET <http://www.saopaulolab.cc/hackaton-paulista> Acessado em 14 set. 2018. <https://opensource.org/history> Acessado em 18 nov. 2018. <https://pracalivrebh.wordpress.com/category/ praia-da-estacao/> Acessado em 02 out. 2018. <https://www.em.com.br/app/noticia/ge- rais/2017/01/07/interna_gerais,837837/praia-da- -estacao-lota-neste-sabado-de-verao-em-bh. shtml> Acessado em 02 out. 2018.

<http://www.brisbaneinsects.com/brisbane_we- avers/SpiderWeb.htm> Acessado em 26 set. 2018. <https://www.archdaily.com.br/br/766586/pavi- lhao-do-brasil-expo-milao-2015-studio-arthur- -casas-plus-atelier-marko-brajovic> Acessado em 05 out. 2018.

<https://www.archdaily.com/39223/woods-of- -net-tezuka-architects/> Acessado em 05 out. 2018.

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