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6.5.1 Obtenção

A rede de drenagem e as bacias hidrográficas foram confeccionadas a partir da interpretação de fotografias aéreas da USAF, em escala de 1:60.000, obtidas no ano de 1964.

A rede de drenagem resultante é composta pelos canais de fluxo perene ou permanente e os de fluxo temporário, que dão vazão somente às águas pluviais de escoamento superficial.

De posse da rede de drenagem, procedeu-se à sua subdivisão, onde o limite das bacias foi traçado sobre uma linha imaginária que une os pontos topográficos mais elevados dos espigões. Essa subdivisão obedeceu prioritariamente às bacias de terceira ordem, com base na hierarquia fluvial proposta por STRAHLER (1952). A aplicação desta técnica possibilitou a

utilização da área de algumas dessas bacias (em km2) para o cálculo do rendimento específico, conforme explicitado a seguir.

De posse deste mapa, foi desenvolvido estudo comparativo entre valores de fenômenos hidrológicos (especificamente o rendimento específico médio mensal: constribuições unitárias mínimas com 10 anos de recorrência (em l/s.km2), desenvolvidos pela COPASA (1993), de carácter regional, e os obtidos na área estudada, através de leituras de vazões em alguns cursos d’água que representam o total de água fluvial escoada em determinada bacia de terceira ordem, e que posteriormente também foram transformados para a unidade de l/s.km2.

A COPASA (1993), baseada em dados hidrológicos de todo o estado de Minas Gerais, obtidos durante o período de 1939 a 1989, apresentou os estados característicos dos fenômenos hidrológicos através de rendimentos específicos ou contribuições unitárias, expressas em l/s.km2. Esses estados característicos foram representados para a média de longo termo e também para os extremos, máximos e mínimos, sendo estes dois últimos de duração mensal e recorrência decendial. Foram determinados a partir das séries hidrométricas mensais, com o emprego de técnicas de regionalização e de análise estatística. A Tabela 18 apresenta os valores médios obtidos pela COPASA (1993), para a área estudada.

Tabela 18 - Valores médios de rendimento específico para a área estudada, obtidos através de dados hidrológicos de 50 anos (COPASA, 1993)

Tipo Rendimento específico (l/s.km2) Rendimento específico médio mensal:

contribuições unitárias mínimas com 10 anos de recorrência

3 a 4

Rendimento específico médio mensal: contribuições unitárias máximas com 10 anos de recorrência

35 a 42

Rendimento específico médio de

As medidas de vazões efetuadas em alguns cursos d’água foram realizadas pelo método do flutuador, durante o pico do período de estiagem (meses de agosto e setembro dos anos de 1999 e 2000), conforme procedimentos descritos pela ELETROBRAS-DNAEE (1985). O objetivo deste procedimento foi medir o volume de água que escoa na unidade de tempo, usando um flutuador, no período considerado mais seco do ano.

As leituras de vazões foram executadas preferencialmente nos vales comuns, que concentram o volume de água no fundo do canal, e os pontos foram escolhidos de maneira aleatória. Nos canais de drenagem com campos hidromórficos, devido à água não estar concentrada em um único canal e sim dissipada em várias porções do vale ocupado pela Vereda, nem sempre é possível efetuar medidas de vazões. Somente em alguns canais de drenagem ocupados por Veredas foi possivel realizar tais leituras. O ANEXO 06 apresenta o mapa da rede de drenagem, bacias de terceira ordem e balizamento de dados hidrológicos regionais e locais.

6.5.2 Resultados obtidos

A análise da rede de drenagem fotointerpretada possibilitou a distinção de três situações de densidade de canais, caracterizadas como de alta, média e baixa densidade. A relação do número de canais (temporários, efêmeros e perenes) de uma bacia hidrográfica foi determinada pela distância medida perpendicularmente aos canais (quilômetro linear). Bacias com índices iguais ou inferiores a 0,5 canais/km foram consideradas de baixa densidade; superiores a 0,5 e inferiores a 1,2 canais/km, de média densidade; e maiores que 1,2 canais/km, de alta densidade.

A situação de alta densidade de drenagem ocorre nos vales dos rios Araguari, Uberabinha e das Pedras e na região mais escarpada de landforms moderadamente dissecada (unidade B), mais ao sul da área estudada.

A condição de baixa densidade desenvolve-se preferencialmente nas porções mais elevadas das áreas pouco dissecadas de landforms (unidade C).

Já a condição de média densidade ocorre preferencialmente nas porções topográficamente inferiores das áreas pouco e medianamente dissecadas de landforms (respectivamente, unidades C e B).

Os canais de fluxo temporário desenvolvem-se com freqüência em duas situações. A primeira, sobre os materiais inconsolidados residuais e retrabalhados do Grupo Araxá, no vale do rio Araguari e no baixo curso do rio Uberabinha. A segunda, nas escarpas formadas pela maior resistência dos arenitos da Formação Marília.

As leituras de vazões de canais de drenagem em bacias de terceira ordem, posteriormente transformadas em rendimento específico (l/s.km2) e apresentadas no mapa do ANEXO 06, quando comparadas com o rendimento específico médio mensal - contribuições unitárias mínimas com 10 anos de recorrência efetuadas pela COPASA (1993), apresentados na TABELA 18 - de maneira geral mostraram boa correlação. Entretanto, esses resultados obtidos devem ser interpretados apenas como um indicativo para aferição, pois para determinadas situações específicas podem ocorrer valores discrepantes em relação aos valores médios obtidos. O valor mais discrepante ocorreu na bacia do rio Bonito, por causa de uma nascente d’água com vazão excepcionalmente alta em relação às que comumente ocorrem.

6.5.3 Análise dos resultados

As áreas de domínio das condições de baixa densidade de drenagem estão associadas aos locais com baixa declividade.

As condições de alta densidade de drenagem estão relacionadas aos locais com presença de substrato rochoso resistente e pouco permeável (conglomerados com cimentação carbonática da Formação Marília e basaltos da Formação Serra Geral). A maior resistência produz superfícies topográficas com elevada declividade (escarpas) e a sua baixa permeabilidade provoca, em alguns locais das encostas, exsudação de água, que favorece o

desenvolvimento de grande número de canais de drenagem, especialmente os de 1º ordem.

De maneira geral, as porções com baixa densidade de drenagem apresentam bacias de 3a ordem mais extensas, enquanto nas porções com elevada densidade de drenagem essas bacias apresentam menor extensão.

Conforme relatado no capítulo 2.3 deste trabalho, o dimensionamento de reservatórios sempre é dificultado pelo caráter estocástico dos futuros deflúvios superficiais. Entretanto, através da boa correlação observada entre os rendimentos específicos locais (obtida com as leituras de vazão de alguns córregos) e os valores regionais apresentados pela COPASA (1993), em nível indicativo e por causa da consistência dos dados de 50 anos, é extremamente interessante a utilização dos valores de rendimento médio de longo termo divulgado por esse orgão para o dimensionamento de reservatórios, pelo menos para a área estudada.

7 - CARTAS DERIVADAS INTERPRETATIVAS 7.1 Generalidades

Neste trabalho, à exceção da carta de declividade, foi empregado o sistema de superposição controlada, utilizando os mapas básicos para a obtenção das cartas derivadas e interpretativas.