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4.2 TRABALHO DE CAMPO

4.5.4 Mapas de uso da terra na bacia do Arroio da Ronda (1980, 1995 e 2004)

Antes de se produzir os mapas de uso da terra foi necessário estabelecer as classes de uso a serem identificadas na área analisada, seguindo as orientações dadas pelo Manual Técnico de Uso da Terra do IBGE (2006) e, em alguns casos, como será exposto adiante quando pertinente, foram feitas algumas adaptações das classes propostas pelo documento mencionado.

Nesse manual consta que, para a construção da nomenclatura das classes de uso e ocupação da terra, deve-se partir do planeta Terra, onde existem porções sólidas (terras) e também partes líquidas (águas). Com isso, identificam-se nas porções terrestres, áreas intensamente antropizadas e áreas naturais. Nas áreas antrópicas podem existir atividades agrícolas ou não agrícolas. Já nas áreas naturais prevalecem as coberturas vegetais, que em muitos casos são originais, como as florestas e os campos (IBGE, 2006).

No tocante ao que se denominou de águas, estas podem estar localizadas nos continentes, como exemplo, rios, represas e lagos, ou ainda ser águas costeiras, como pode-se observar no Organograma 1.

Organograma 1 – Esquema teórico de construção de uma nomenclatura da cobertura terrestre Fonte: IBGE (2006) – Adaptado de Heynann (1994)

Como a bacia do Arroio da Ronda localiza-se na porção centro-leste do Estado do Paraná, tratar-se-á apenas das seguintes nomenclaturas: áreas antrópicas, áreas naturais e águas continentais, utilizando-se a terminologia áreas ocupadas, ao invés de áreas antrópicas.

Dentro de cada um desses níveis hierárquicos o Manual Técnico de Uso da Terra (IBGE, 2006) aponta uma série de classes a serem estabelecidas. No entanto, neste trabalho buscou-se adaptar algumas das classes propostas como pode ser observado no Organograma 2.

Dentro do nível hierárquico áreas ocupadas não-agrícolas, estão contidas as áreas urbanizadas que seria a classe propriamente dita. A classe áreas urbanizadas compreende áreas de uso intensivo, onde estão presentes edificações e sistema viário, predominando as superfícies artificiais não-agrícolas (Figura 2A). Esta classe abrange as metrópoles, as cidades, as vilas, rodovias, serviços e transportes, energia, comunicações, indústrias ou complexos industriais, comerciais ou ainda entidades que podem estar isoladas das áreas urbanas (IBGE, 2006).

Ainda dentro das áreas antrópicas não-agrícolas estão contidas as áreas de mineração (Figura 2H), representadas na área de estudos por portos de extração de areia e antigas pedreiras abandonadas, de onde eram extraídas rochas (diabásio) para o calçamento de ruas em Ponta Grossa. As pedreiras que atualmente se encontram inativas, não aparecem nos mapas em conseqüência da escala adotada.

Organograma 2- Esquema de construção da nomenclatura utilizada no mapeamento do uso da terra na bacia do Arroio da Ronda

Fonte: Modificado de IBGE (2006) Organização: MENEGUZZO, P. M.

No segundo nível hierárquico, que corresponde às áreas agrícolas ocupadas, as classes que se destacam na bacia do Arroio da Ronda são: as lavouras temporárias e os reflorestamentos.

As lavouras temporárias correspondem a culturas de curta ou média duração, cujo ciclo é inferior a um ano, sendo que após a colheita o terreno fica disponível para novo plantio (IBGE, 2006). No presente trabalho, optou-se por denominar as lavouras, como áreas de cultivo, ou simplesmente cultivo. Na figura 2B observa-se o cultivo de aveia a qual representa um plantio temporário bastante comum na região de Ponta Grossa, além de outros produtos como trigo, milho e soja.

A última classe contida no grupo das atividades agrícolas é o reflorestamento. Este é compreendido como “... plantio ou formação de maciços com espécies florestais nativas ou exóticas”. (IBGE, 2006, p. 29) (Figura 2C)

Por fim, a “... vegetação natural compreende um conjunto de estruturas florestal e campestre, abrangendo desde florestas e campos originais (primários) e alterados até formações florestais espontâneas, secundárias, arbustivas, herbáceas e/ou gramíneo lenhosas em diversos estágios sucessionais de desenvolvimento, distribuídos por diferentes ambientes e situações geográficas” (IBGE, 2006, p. 29).

Ainda segundo a instituição supracitada, para as formações arbóreas utiliza-se a terminologia florestal, no entanto adotou-se no presente trabalho a denominação mata, no que se refere a Floresta Ombrófila Mista e também as matas de galeria (Figura 2D).

A classe campestre abrange uma cobertura vegetal que se caracteriza pela ausência de árvores de grande porte, predominando vegetações herbáceas. Em nossa região, corresponde a Estepe Gramínio-Lenhosa (Figura 2E).

Na classe campestre, segundo o IBGE (2006) incluem-se também os campos brejosos e as várzeas, bastante comuns na região dos Campos Gerais, porém, neste trabalho, optou-se por mapear os campos brejosos em uma classe separada, denominando-os de áreas úmidas (Figura 2F).

No caso da classe água, foram identificados apenas os corpos hídricos, sejam eles naturais ou artificiais, como os rios, lagos e tanques, como ilustrados na figura 2G.

LOCALIZAÇÃO: 0583531 – 7224241 (Coord. UTM) LOCALIZAÇÃO: 0582887 – 7220093 (Coord. UTM)

LOCALIZAÇÃO: 0581902 – 7222245 (Coord. UTM) LOCALIZAÇÃO: 0580456 – 7216602 (Coord. UTM)

LOCALIZAÇÃO: 0581686 – 7220099 (Coord. UTM)

LOCALIZAÇÃO: 0581809 – 7220052 (Coord. UTM) LOCALIZAÇÃO: 0584198 – 7221885 (Coord. UTM)

Figura 2– Fotos ilustrativas de cada classe de uso da terra

FONTE: MENEGUZZO, P. M.; MENEGUZZO, I. S. (2008). Figura 2A – Área urbanizada; Figura 2B – Cultivo (aveia); Figura 2C – Reflorestamento; Figura 2D – Mata; Figura 2E – Campo; Figura 2F – Áreas úmidas; Figura 2G – Estação de tratamento de esgoto da SANEPAR; Figura 2H – Área de mineração.

A B D C F E G H

Após definidas as classes de uso da terra contidas na área estudada e que foram mapeadas, elaborou-se as chaves de interpretação baseadas em Loch (1984), com o objetivo de padronizar as informações extraídas das imagens e fotografias aéreas analisadas. Como foram trabalhados com materiais cartográficos de três anos diferentes (1980, 1995 e 2004) construiu-se três chaves de interpretação, pois, existem variações nos elementos a serem observadas em cada um dos documentos cartográficos (Quadro 1, Quadro 2, Quadro 3).

Classe Textura Sombra Padrão Cor Forma Mata Rugosa Presente Desordenado Cinza escuro

a preto Irregular Reflorestamento Lisa Presente Ordenado Cinza escuro

a preto Regular Cultivo Lisa Ausente Ordenado Cinza claro

a cinza médio

Regular

Áreas úmidas Lisa Ausente Desordenado Cinza médio Irregular Área urbanizada Lisa Presente Ordenado Branco a

Cinza Claro Regular Campo Lisa a

Média Ausente Desordenado Cinza médio Irregular Área de

Mineração Lisa Ausente Desordenado Branco Irregular Quadro 1 - Chave de interpretação das classes de uso da terra na bacia do Arroio da Ronda- 1980 Organização: MENEGUZZO, P. M. (2008)

Classe Textura Sombra Padrão Cor Forma Mata Rugosa Presente Desordenado Cinza escuro a

preto Irregular Reflorestamento Lisa Presente Ordenado Cinza médio a

preto Regular Cultivo Lisa Ausente Ordenado Cinza claro a

cinza médio Regular Áreas úmidas Lisa Ausente Desordenado Cinza médio Irregular Área urbanizada Rugosa Presente Ordenado Branco a Cinza

claro Regular Campo Lisa a

Média Ausente Desordenado Cinza claro a cinza médio Irregular Área de

mineração Lisa Ausente Desordenado Branco Irregular

Lagos Lisa Ausente Ordenado Preto Regular

Quadro 2 - Chave de interpretação das classes de uso da terra na bacia do Arroio da Ronda- 1995 Organização: MENEGUZZO, P. M. (2008)

Classe Textura Sombra Padrão Cor Forma Mata Rugosa Presente Desordenado Cinza escuro a

preto Irregular Reflorestamento Lisa Presente Ordenado Cinza escuro a

preto Regular Cultivo Lisa Ausente Ordenado Cinza claro a

cinza médio Regular Áreas úmidas Lisa Ausente Desordenado Cinza médio Irregular Área urbanizada Rugosa Presente Ordenado Branco Regular

Campo Média Ausente Desordenado Cinza médio Irregular

Lagos Lisa Ausente Ordenado Preto Regular

Quadro 3 - Chave de interpretação das classes de uso da terra na bacia do Arroio da Ronda- 2004 Organização: MENEGUZZO, P. M. (2008)

Uma vez executados esses procedimentos, passou-se a extrair dos documentos cartográficos, as informações acerca do uso da terra.

As fotografias aéreas pancromáticas de 1980 e 1995 encontravam-se em meio analógico, sendo feito o processo de fotointerpretação com o auxílio de um estereoscópio, para melhor identificar as classes de uso da terra, usando como referência a chave de interpretação produzida para os respectivos anos. As informações obtidas através da fotointerpretação, foram registradas em overlays. Após esses procedimentos, foi feita a digitalização das classes de uso da terra sobre a base cartográfica produzida, utilizando-se o software Arc View GIS®. A digitalização teve como base a interpretação das classes de uso feitas com o estereoscópio que posteriormente foram digitalizadas diretamente em tela.

Para o ano de 2004 utilizou-se a imagem do satélite IKONOS com resolução espacial de 1 metro. Como a imagem já estava georreferenciada e ortorretificada passou-se diretamente para a interpretação visual feita diretamente em tela, utilizando-se o software Arc View GIS® e a chave de interpretação anteriormente exposta para o referido ano.