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Segundo Tucci (2007), os mapas de inundação podem ser de dois tipos: mapas de planejamento e mapas de alertas. No primeiro caso, são retratadas áreas atingidas por cheias com tempos de retorno pré-determinados, no segundo caso é informado em pontos de controle (esquinas, ruas, postes, réguas etc.) o nível da régua da estação fluviométrica que está associada ao monitoramento de eventos de inundação na localidade. O mapa de inundação com a finalidade de alerta permite o acompanhamento da evolução da

enchente, com base nas observações das réguas linimétricas pela defesa civil e pelos moradores nos diferentes locais da cidade, e quando associados a um sistema de previsão de níveis pode ser utilizado pelas autoridades responsáveis como ferramenta para o planejamento de ações que visem a minimização dos danos ocasionados pelo evento. Ainda segundo Tucci (2007) para elaboração desses mapas são necessários os seguintes dados:

a) Nivelamento da seção de réguas a um zero absoluto (geralmente utilizado o DATUM altimétrico brasileiro oficial);

b) Levantamento topográfico da região afetada referenciado ao mesmo datum adotado para a seção de réguas linimétricas;

c) Estudo de recorrência de níveis para uma seção linimétrica na proximidade da região afetada;

d) Coleta de níveis de enchentes, ou marcas ao longo da região afeada que permita a definição da linha de água;

e) Seções batimétricas ao longo do rio no perímetro urbano;

f) Cadastramento das obstruções ao escoamento ao longo do trecho urbano;

Quando a declividade da linha de água ao longo da cidade é muito pequena e não existem arroios significativos no perímetro urbano, bem como obstruções e estrangulamentos no canal principal, os itens d, e e f são desnecessários, hipótese admitida nesse trabalho para os municípios de São Sebastião do Montenegro, que contam com um perímetro urbano de área reduzida, estando situados na região mais a jusante da bacia, com relevo predominantemente suave e cotas baixas, apresentam inundações de caráter gradual. É importante ressaltar que as seções de réguas utilizadas para esse trabalho se localizam próximas as áreas urbanas, estando a seção de São Sebastião do Caí localizada dentro do perímetro urbano e a de Montenegro a aproximadamente 1500 m do cais do porto no centro do perímetro urbano do município.

Para obtenção dos dados requeridos no item b, corriqueiramente tem-se aplicado a utilização de dados obtidos por sensoriamento remoto, manipulados por técnicas de geoprocessamento, amplamente utilizadas, em ambientes SIG, entre as formas de obtenção podemos destacar aerolevantamentos, imagens orbitais multiespectrais e de radar, na ausência dessas informações levantamentos topográficos, realizados por companhias de saneamento, podem ser utilizados como base para obtenção dos mapas, desde que apresentem escalas minimamente compatíveis com o mapeamento a ser realizado. É importante destacar que modelos digitais de terreno (MDT’s) obtidos através

de imagens de aerolevantamentos costumam ter uma resolução e precisão superiores aos gerados a partir de imagens de satélite ou radar, para elaboração de mapas de inundação a combinação de ambas as fontes se mostra promissora, uma vez que MDT’s podem ser gerados a partir de dados de aerolevantamentos com aviões ou drones, utilizando ortofotos ou dados de laser, manchas de inundação geradas a partir desses modelos podem ser validadas com imagens de satélite obtidas durante os eventos críticos.

4. METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido em quatro etapas: desenvolvimento de um modelo de previsão fluviométrica, capaz de prever inundações em diferentes limiares de tempo para os municípios de São Sebastião do Caí - RS e Montenegro - RS; elaboração de mapas de inundação com intervalos de 0,5m, para o perímetro urbano dos dois municípios supracitados; levantamento dos danos causados para cada limiar de inundação e estimativa dos prejuízos associados; e, por último a integração das três etapas superiores apresentando um modelo de boletim informativo a ser enviado à defesa civil e demais autoridades em caso de ocorrência de eventos críticos, contendo cenários futuros para as duas localidades, de modo que a informação possa subsidiar a tomada de decisão.

O modelo de previsão fluviométrica, foi desenvolvido com a aplicação da técnica de redes neurais artificias, tendo como entradas básicas dados de chuva e de nível gerados por sete estações telemétricas de monitoramento hidrológico, distribuídas na bacia do rio Caí, com uma discretização de 15 min. O modelo foi estruturado de forma que possa fornecer previsões com períodos de antecedência de 4, 6, 8, 12, 18, 24h e 30h.

O mapeamento dos limiares de inundação teve como foco, apenas, o perímetro urbano desses municípios e delimitou áreas inundáveis em intervalos de nível de 0,5m, tendo sido desenvolvido um modelo digital de terreno (MDT) a partir de ortofotos obtidas de um aerolevantamento, esse MDT foi associado as seções linimétricas presentes na região afetada após realização de um levantamento geodésico para compatibilização do Datum vertical.

A estimativa de prejuízos econômicos, associados a cada limiar de inundação, foi realizada a partir da definição de um imóvel padrão e sua extrapolação, através da combinação da grade estatística do IBGE e setores censitários, levando em consideração os danos passiveis de ocorrer a esse imóvel em relação à profundidade de submersão a

Desenvolvimento do modelo de previsão fluvial Elaboração de mapas de inundação Determinação das estimativas de prejuízo associados a cada mapa Integração dos produtos gerados na forma de boletim informativo . RNA's Dados pluviomét ricos (mm) Dados fluviomét ricos (cm) . Imagens de satélite Levantam ento geodésic o MNT . mapas de inundação setores censitários Grade estatística

Figura 8: Fluxograma de processo.

que é exposto, e utilizando como fator ponderador o nível socioeconômico das unidades familiares atingidas.

Como resultado é apresentado um modelo de boletim informativo que integra as informações geradas nas etapas anteriores de forma sintética, para envio à defesa civil e demais autoridades envolvidas no gerenciamento de situações de risco, de forma que o material possa ser utilizado para subsidiar o processo de tomada de decisão. O diagrama, apresentado, a seguir representa o fluxo dos processos realizados.

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