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2. MAPEAMENTO E MENSURAÇÃO DOS IMPACTOS DA EXPLORAÇÃO SELETIVA

2.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.4.3. Mapeamento de clareiras

Conforme apresentado na Figura 2.10 (a), a métrica CHM apresenta com riqueza de detalhes o dossel florestal, sendo possível a identificação da quantidade, altura e formato da copa de cada uma das árvores emergentes. Os tons da imagem CHM representam em cores mais claras, valores de maior altura em relação ao terreno e, as células em cores mais escuras, o próprio terreno ou pontos próximos. Na figura 2.10 (b) foi sobreposta a camada de clareiras (polígonos vermelhos), consideradas como regiões com menos de 10 metros de altura e mais de 10 metros quadrados de área, extraídas da própria métrica de CHM.

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Figura 2.10. Identificação de clareiras em uma área submetida a exploração de madeira

via Manejo Florestal Sustentável. A métrica CHM (a) apresenta a altura de cada célula em relação ao terreno, dessa maneira, é possível identificar as células com menos de 10 metros

de altura e com área contígua superior a 10 metros quadrados, consideradas clareiras, representadas por polígonos em vermelho (b). Área 06, Flona de Saracá-Taquera/PA. Na média, estas clareiras ocupam 7,8% ±1,4% da área total explorada (Tabela 2.8), mas nem toda clareira identificada pode ser considerada como resultado da exploração da área, uma boa parte delas ocorre naturalmente, assim como visto por Hunter et al. (2015), ao avaliarem as clareiras naturais presentes em área de floresta primária na Floresta Nacional do Tapajós/PA e na Reserva Ducke/AM, utilizando dados LiDAR, encontraram valores de 4,8% e 2%, respectivamente, como percentual das áreas ocupadas por clareiras naturais. Não é possível determinar a exata quantidade de clareiras originadas por conta da exploração florestal sem considerar uma cobertura LiDAR multitemporal, antes e depois da exploração, ainda assim é possível identificar, a partir dos dados levantados apenas após a exploração, que as áreas manejadas apresentam dossel bastante fechado, com mais de 90% de cobertura.

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Tabela 2.8. Estimativa dos impactos no dossel florestal resultantes da abertura de clareiras

identificadas nas áreas de interesse, exploradas via manejo florestal sustentável.

Código da área Flona Clareiras após a exploração 01 JAM 8,9% 02 JAM 7,2% 03 JAM 7,0% 04 JAM 6,0% 05 JAM 5,5% 06 FST 8,1% 07 FST 6,8% 08 FST 9,8% 09 JAM 10,6% 10 JAM 6,5% 11 JAC 8,0% 12 FST 9,5% 13 FST 7,6% 14 FST 7,1% 15 JAM 8,3% 16 JAM 6,7% 17 JAC 6,2% 18 JAC 9,0% 19 JAC 7,3% 20 FST 10,1% 21 FST 7,4% Média ± Desvio Padrão 7,8% ± 1,4%

Dentre as 21 áreas de interesse, cinco delas tiveram o mapeamento LiDAR realizado tanto antes como logo após a sua exploração, duas destas áreas estão localizadas na Flona de Saracá-Taquera/PA e três na Flona do Jamari/RO. Para estas áreas, foi realizada a mensuração da quantidade de clareiras naturais (antes da exploração) e comparado seu resultado com a quantidade de clareiras após a exploração (Tabela 2.9). O padrão de clareiras antes e após uma exploração florestal pode ser observado na Figura 2.11.

A área ocupada por clareiras naturais nas parcelas avaliadas (Tabela 2.9) foi, em média, de 3,7% ± 1,3%. Dessa maneira, a média de abertura de clareiras em função da exploração

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florestal seletiva de madeira é da ordem de 4,9% ± 0,9%. Matricardi et al. (2013), utilizando imagens dos satélites Landsat TM e ETM+, mensuraram a alteração no dossel florestal em 5,0% ± 0,4% para áreas recém manejadas na Amazônia brasileira, a técnica utilizada pelos autores, denominada Modified Soil Adjusted Vegetation Index aerosol free (MSAVIaf), é dependente da quantidade de solo exposto na região florestal, ou seja, das áreas de clareiras na floresta, o que ajuda a explicar a similaridade dos resultados mesmo considerando técnicas e sensores tão diferentes ao deste estudo.

Tabela 2.9. Resultado da mensuração da área de clareiras decorrentes do manejo florestal

sustentável.

Código área Flona Clareiras antes da exploração (A) Clareiras após a exploração (B) Clareiras decorrentes da exploração (B-A) 09 JAM 5,7% 10,6% 5,0% 14 FST 2,1% 7,1% 5,0% 15 JAM 3,3% 8,3% 4,9% 16 JAM 3,2% 6,7% 3,5% 20 FST 4,1% 10,1% 6,0% Média ± Desvio Padrão 3,7% ± 1,3% 8,6% ± 1,7% 4,9% ± 0,9%

O limite estabelecido pelo SFB, em seus contratos de concessão, para abertura de clareiras, é de 10% do total da área manejada, ou seja, as áreas avaliadas estão dentro dos limites de impactos estabelecidos pelo SFB. A área 16 foi a que apresentou a menor quantidade de clareiras decorrentes do manejo, sendo também a parcela que recebeu menor intensidade de exploração, 12,2 m3/hectare. Em contrapartida a área 20, que apresentou o maior valor de clareiras decorrentes do manejo, foi a que registrou a maior intensidade de exploração, 19,1 m3/hectare. Foi identificada forte correlação entre a área de clareiras decorrentes da exploração e o volume de madeira explorado por hectare (Figura 2.12 a). O mesmo não foi verificado comparando as clareiras com a quantidade de árvores exploradas por hectare (Figura 2.12 b).

A localização geográfica de cada uma das árvores abatidas nas florestas sob concessão federal é uma informação disponível no Serviço Florestal Brasileiro, mas mensurar a área afetada por sua queda não havia sido feito até o momento. O mapeamento das clareiras em campo demandaria a mobilização de uma equipe de técnicos bastante grande, visto que

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mais de 20 mil árvores são derrubadas a cada ano, e este número cresce de acordo com o aumento das áreas sob concessão. Dentro das cinco áreas de interesse deste estudo onde foi possível quantificar a quantidade de clareiras decorrentes da exploração, foram derrubadas 1.454 árvores. Para estas áreas, foi encontrada uma média de 186,6 ± 33,5 m2/árvore e 27,9 ± 2,6 m2/m3 explorado. Asner et al. (2004), ao mensurarem em campo a abertura de clareiras em quatro áreas objeto de Exploração de Impacto Reduzido, encontraram o valor de 175 ± 42 m2/árvore, bem próximo ao encontrado neste estudo. Explorações de madeira que não utilizaram técnicas de impacto reduzido, também avaliadas por Asner et al. (2004), apresentaram abertura de clareiras muito superior, da ordem de 328 ± 143 m2/árvore.

Figura 2.11. Identificação de clareiras em uma área de floresta antes (a) e após (b) a

exploração de madeira via Manejo Florestal Sustentável. Área 20, Flona de Saracá- Taquera/PA.

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Figura 2.12. Correlação entre a área de clareiras decorrentes da exploração florestal e a

IEX=Intensidade de Exploração, (a) relação entre área de clareiras e volume, em metro cúbico, explorado por hectare; (b) relação entre área de clareiras e a quantidade de árvores

exploradas por hectare.

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